domingo, dezembro 31, 2006

Boas Festas


Que o Ano de 2007, seja para todos o início de algo em que sempre acreditaram, com paz, amor, saúde e acima de tudo com muita, mas muita compreensão entre os Povos e os Homens de boa vontade.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Aborto, Pedofilia e Eutanásia


Um olhar pela consciência

Quando se fala de crianças, seres que pela sua vulnerabilidade e exposição a uma sociedade estigmatizada, madrasta e predadora, transmite aos mais atentos, a precisa noção de precariedade e desconforto, como os mais altos órgãos responsáveis do Estado deste país se pronunciam e tomam medidas sobre esta matéria.
A sociedade é responsável e o garante, a par do Estado, da função de vigilância e segurança, respeitando a família e seus valores morais. Não significa isto substituir-se à família na sua essência, mas reforçar e fortalecê-la, nessa natural função protectora a crianças e adolescentes.
A liberalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, nos últimos anos, vem ocupando um espaço de debate e contradições, tendo já sido sujeito há alguns anos a referendo, que na altura entendeu dar aos mais cépticos a garantia do impedimento legal, dirimindo entre a esquerda e a direita o poder de uma liderança à custa do valor ao direito ou não à vida.
O direito à existência é matéria que divide corações, questiona a ética, gera polémica aos mais diversos níveis da sociedade, enfim, questiona-se a si próprio sobre a razão de decidir e usar esse direito por qualquer ser vivo.
Vamos ser chamados brevemente, já no próximo mês de fevereiro de 2007, a tomar a decisão mais difícil da nossa vida, que é decidir sobre a opção de escolher a nossa própria razão de existir
O nascimento de uma criança provoca inevitavelmente reacções inequívocas de júbilo, mas ao mesmo tempo atenção, cuidados e muita preocupação. Basta mencionar as constantes notícias sobre denúncias feitas por adolescentes e crianças, dilaceradas pela conspurcada e maquiavélica seita de pedófilos, que tal como vampiros, se alimentam destes inocentes, a coberto de uma justiça morosa e impotente.
O tema pedofilia, arregimenta normalmente um conjunto de opiniões públicas e penaliza inequivocamente os seus autores, exigindo de imediato ao Estado, uma intervenção enérgica sobre esses criminosos. É função do Estado interpretar, fazer julgar e cuidar de todos esses casos identificados.
O poder e a autoridade que o Estado tem para proibir qualquer tipo de incitação à pedofilia, bem como a qualquer outro crime, coloca algumas dúvidas em diversos sectores da sociedade, sobre a sua autoridade e poder de decidir sobre a continuidade ou não da vida, argumentando que decidir ou não pela vida, poderá considerar-se uma outra forma não menos maquiavélica de vampirismo, que para alguns se compara em mediocridade de valores à pedofilia.
A atitude do Estado neste assunto tão delicado como a pedofilia, apresenta-se como um guardião da moral e respeito pela segurança e protecção das crianças, prestigiando-se assim, como o maior responsável pela contenção na propagação da pedofilia, assumindo-se como se de um pai se tratasse acima de todos os outros pais, mantendo uma imagem de perfeição, honestidade, integridade, e pleno de boas intenções.
Mas será que na realidade o Estado se comporta como um pai? O Estado será realmente um pai acima de todos os outros pais?
Em princípio essa será a pretensão da sociedade, ou é induzida a querer.
Ao fim e ao cabo essa é a pretensão de todos nós.
Um Pai não mata nem manda matar!
Como tal, terá que ter uma atenção muito especial, clara, lúcida e ética, como irá conduzir um processo onde a demagogia e a controvérsia, irão assumir níveis de confronto extremados, relegando o nuclear da questão para cenários onde os actores terão muita dificuldade, em contrapor argumentos válidos, perante questões consideradas de suma importância, como a saúde pública, considerando-se que a saúde pública sexual ou reprodutiva, não serão uma questão de livre escolha, porque somente aos assassinos se observa a escolha de matar.
Não podemos admitir, ou melhor, não poderá a sociedade exigir, que ao Estado seja imputado o ónus da decisão. O Estado apresentando-se como o defensor máximo das crianças, não poderia nunca assumir, neste caso, um papel que contrariasse e hipotecasse frontalmente essa imagem e esse dever. Esta é uma decisão, na qual o Estado se confrontará perante o resultado a sufragar, no sentido de aplicar e fazer aplicar uma decisão a que todos nós dirá respeito e responsabilizará.
Liberalizar ou por outras palavras, despenalizar a Interrupção Voluntária de Gravidez, aborto, terá que ter em conta e observar de forma inequívoca, que a interrupção de um direito à vida, só poderá ser tolerada e admitida, cumpridas as condições de acompanhamento e apoio técnico a nível de um planeamento familiar, que este processo implica, não colocando em risco a saúde de quem o pratica, nem tornando o acto como uma prática corrente e subsequente de um mau ou inexistente planeamento familiar, transformando-se como prática comum e imoral.
Quando uma mãe decidir impedir o acesso à vida de um ser que gera dentro de si, será com certeza confrontada e flagelada pela razão da sua própria existência. Se alguém, antes de si, tivesse tido a mesma oportunidade de decidir.
Interromper um processo de vida às dez semanas, colocará no futuro uma outra questão relacionada com a vida, a Eutanásia.
A Eutanásia só por si gera controvérsia e radicaliza dois lados com valores intrinsecamente associados, mas ambos identificando-se como inegáveis defensores da dignidade humana.
Vindo a ser, ou não, legalizada a IVG, irão ser usados argumentos por ambas as partes, na qual os princípios que se colocam perante a existência ou não de um direito de decidir sobre a vida, se sobrepõe à ética e à consciência moral de quem decide.
Não será, pois, nem o poderemos permitir, uma opção de esquerda, centro ou direita, mas sim de um direito e um dever a que nenhum cidadão se deverá escusar.

Joao Carlos Soares