quinta-feira, agosto 09, 2007

Ser-se politicamente correcto, ou a razão prática das coisas


Olhar e não querer ver, para além de ser uma atitude pouco recomendável, principalmente por parte de pessoas que não tendo responsabilidades directas na gestão de um município, aspiram a essa honrosa distinção, mas que e com as suas posições politicamente correctas, se esquecem da realidade dos factos e escondem a verdade dos acontecimentos.
Torna-se irresponsável esse protagonismo, ainda mais quando, sem olhar a meios, colocam em causa e contestam sem qualquer tipo de fundamentação credível, decisões levadas a cabo após demoradas, preocupadas e descomprometidas medidas, no sentido de se encontrarem soluções que repusessem os interesses dos cidadãos e do concelho acima de qualquer outro interesse, evitando a todo o custo alimentar e sustentar posições oportunistas, fazendo da política um domínio de opções contraditórias, remetendo não somente para opiniões e contributos, mas também para realidades e mundos opostos.
Exactamente pelo que referi, se torna cada vez mais latente aos olhos do cidadão comum, o desequilibro conflictual que cada vez mais se faz sentir na sociedade que temos construído, onde não existe senão uma única realidade que não nos permite outra escolha ou opinião, dependendo do lado em que nos encontramos, ou do partido ou tendência política que representamos.
Na verdade, as opções e consequentemente as decisões assumidas, são sempre criticáveis, contudo as mesmas são susceptíveis de avaliação e critérios a que tenham sido sujeitas, sendo as respostas adaptadas à realidade incontornável de uma gestão corrente, dependente fundamentalmente da realidade do mundo em que vivemos.
Na base da limitação e condicionalismos de qualquer decisão, é quase impossível, em contrapartida, calcular e discernir o equilíbrio certo entre o possível e o impossível, não devendo por isso usar-se como argumento de arremesso político numa tarefa simples de adaptação à dura realidade da vida.
A autoridade da decisão, encontra-se ainda que legitimada, por um lado, pela virtude da escolha dos cidadãos, por outro pela sua capacidade de optar pelas melhores soluções, perante os problemas colocados por esses mesmos cidadãos.
O reconhecimento dessas soluções derivam do conhecimento do estado objectivo das coisas, que é e deve ser assunto do saber especializado e não de escolhas ou decisões populistas.
A progressão de atitudes alicerçadas em movimentos populistas, aumentam os índices de instabilidade cívica que persistem em mobilizar-se, dando provas de uma crescente prova de mediocridade política, quando não da sua corrupção, em contra ponto à paixão democrática que tanto incomoda o capricho daqueles que pretendem transformar a função dos eleitos, simplesmente pelo desejo de que a política nada mais signifique do que uma simples escolha entre eleitos substituíveis..
O populismo, designação cómoda sob a qual se dissimula a contradição exacerbada entre legitimidade popular e legitimidade sábia, dificultam cada vez mais uma governação com realismo, que não se acomoda nem verga a supostas manifestações de democracia.

João Carlos Soares