Sabemos que existem à nossa
volta, muitas famílias que já passam por enormes dificuldades, convivendo com a
carência de recursos materiais, com desequilíbrios e com a incapacidade de
superar os problema do dia-a-dia, contudo, há aqueles que ainda não conseguem
perceber, ou nada fazem para tentar perceber, as verdadeiras causas da miséria
e da riqueza.
Ao longo dos tempos, pelas
conquistas do homem, fica claro que a natureza colocou à sua disposição
recursos ilimitados de desenvolvimento, prosperidade e fartura. Cabe no entanto,
a cada um de nós, desenvolvermos habilidades que nos conduzam a podermos
usufruir desses mesmos recursos.
Para conseguirmos ter uma
vida equilibrada e sustentável, torna-se obrigatório trabalhar na harmonização
do nosso modo de olhar e acreditar no futuro. Ser-se optimista é viver dentro
das nossas possibilidades e oportunidades, é saber acima de tudo saber usar
esses atributos com inteligência, numa reflexão profunda como encaramos esse
futuro, observando tudo que nos rodeia com a confiança e a atenção necessárias,
perante as situações que se coloquem.
Nesse sentido, a crise actual,
faz-se sentir como um choque, utilizando-se a ideia do desastre económico, para
permitir que os valores defendidos pelo neoliberalismo sejam implementados,
através de mecanismos que vigiam e mantêm sob controlo as democracias
nacionais. Esses mecanismos têm sido aplicados, nos países como Portugal,
Espanha, Grécia e ultimamente o Chipre, e que teve na Irlanda a primeira
vítima, com a aplicação de ferozes programas de ajuste, supervisionados por uma
nova autoridade, composta pelo Fundo Monetário Internacional, a Comissão
Europeia e o Banco Central Europeu, a que dão o nome de Troika, instituições
não democráticas, cujos membros não são eleitos pelo Povo, portanto
instituições à margem dos interesses e representatividade dos cidadãos.
Estas instituições, com o
apoio dos meios de comunicação de massas, que obedecem aos interesses de grupos
de pressão económicos, financeiros e industriais, encarregam-se de criar as
ferramentas de controlo que reduzem as democracias a um simples palco de
representação, onde os actores não são mais que sombras e aparências, num enredo
consentido pelos partidos no governo, onde se constata que as políticas levadas
a cabo nesses países intervencionados, pouca ou nenhuma diferença fazem,
curvando-se servilmente perante os especuladores financeiros e obedecendo de forma
cega às regras impostas, liquidando por completo a soberania nacional desses
países.
Sentimos que não existe
qualquer reacção, no sentido de se colocar um freio à irracionalidade dessas
medidas, impostas pela Chanceler Angela Merkel e ao ataque dos especuladores
internacionais, optando por sacrificar as populações, como se o tormento
infligido a essas comunidades, pudesse acalmar a ganância dos mercados.
Perante este quadro
diabólico, terão os cidadãos capacidade e a possibilidade de reconstruir a
política e regenerar essas democracias? Penso que sim, se o protesto social se
fizer sentir, cada vez com maior acutilância, através de um crescendo de movimentos
sociais reivindicativos, e não se deixando levar por mensagens arquitectadas no
sentido de que a situação, por que estamos a passar, se devem à crise e que
esta crise é um acidente, mas que com as medidas que propõem, as coisas
voltarão rapidamente a ser como eram antes.
Não nos podemos deixar
levar, por esse tipo de explicações, porque a ideia que pretendem passar, não
passa de uma miragem. Temos que ter a consciência de que, se nada fizermos em
contrário, nada será como nos pretendem fazer crer, porque esses ajuste e
sacrifícios pedidos, não são por causa da crise, mas estruturais, pelo que a
continuarmos neste caminho, o protesto social irá crescer, e poderá alcançar
níveis relevantes e de confronto.
Perante este caos, a que conduziram
o sistema político, chegou a hora de se exigir rapidamente a construção de um
novo sistema político, que permita um novo modelo de vida e uma nova e
verdadeira democracia do Povo.
Em
cada país, o povo deve lutar e combater os seus ditadores, canalhas nazis que
sob a capa da União Europeia, com políticas de extrema-direita impostas aos
governos nos seus países, impõem a sua vontade, através de medidas restritivas,
apoiadas pela calada por partidos com responsabilidades sociais, precisamente
pela falta de informação, de cultura e de envolvimento e participação das
pessoas.
Desde
a Segunda Guerra Mundial, que os trabalhadores e as famílias, em geral, não
passavam por tão grandes necessidades, em termos de rendimentos do trabalho e de direitos
sociais, sofrendo cortes tremendos nos salários e pensões, onde o flagelo do
desemprego, sem precedentes, assume valores descomunais e uma carga fiscal desproporcional
aos rendimentos, numa Europa dominada pelos interesses convergentes dos grandes
centros de negócio, dos especuladores financeiros e das políticas neoliberais dos
governos nacionais, perante uma crise neoliberal que é uma guerra contra a
classe trabalhadora e que aposta na destruição total dos serviços públicos.
Neste
momento, face ao drama que percorre praticamente todos os Países da Europa do
Sul, torna-se mais que óbvio a necessidade de se construir uma Nova Europa, uma
Europa que se liberte dos seus esbirros, e se organize nesta guerra sem fronteiras,
de resistência internacional, contra a barbárie anti-social dominada pelo
capital ou por qualquer outra forma de imperialismo.
É preciso
encontrar um modelo alternativo assente no reforço e restabelecimento dos
valores e princípios democráticos e na necessidade de construir uma nova ordem social,
que reponha os direitos sociais e laborais através de toda a Europa.
Verifica-se
de uma forma descarada, a tentativa daqueles que são os principais responsáveis
por esta crise, os sectores dos grandes negócios, os especuladores e os
governos neoliberais, em transferir a factura dos seus desmandos para os que
por ela não são responsáveis, trabalhadores, pensionistas, jovens e desempregados.
Devemos
mobilizar os Portugueses para elevar a luta pela defesa do emprego, salários e
pensões, e acabar de vez com a especulação financeira, exigir que seja exercida
justiça sobre aqueles que se envolveram e estão envolvidos nas grandes
negociatas, que criaram a dívida pública e provocaram a degradação dos nossos recursos
naturais, meios de produção e transformação, e transformaram este país num
autêntico casino.
João Carlos
Soares
Barreiro, 28
de Abril de 2013