Aproximando-se
um novo ciclo eleitoral, já em Setembro próximo, para este processo Autárquico,
começam a surgir programas e listas de candidatos, uns sobre as bandeiras
partidárias, outros como cidadãos independentes, outros em coligação de
oportunidade e oportunismo, contendo um mar de promessas, muitos deles sem a
mínima perceção e preocupação na forma como os implementarão, respondendo em
função da popularidade que essas propostas lhe possam garantir votos, sem se preocuparem
na forma para o seu cumprimento e aplicação da lei.
Considero que existe uma
desproporção entre a responsabilidade assumida e a garantia de isenção e
coerência, entre as propostas apresentadas ao eleitorado, e a capacidade de
concretização das mesmas, tal a irresponsabilidade de alguns candidatos, que
desconhecendo a realidade da situação, dos órgãos a que se pretendem
candidatar, não percebem que uma coisa são as suas vontades ou decisões, a
outra, os muitos e diversos constrangimentos de execução orçamental com que se
confrontam os gestores na plenitude das suas funções à frente da coisa pública.
Para os eleitores, é
fundamental perceberem que existe alguém que zela ou pretende cuidar com
empenho os recursos públicos disponíveis, no mínimo com algum curriculum ou provas
dadas, contribuindo assim com a experiência adquirida, e que apresente
propostas racionais, viáveis e concretizáveis, resultante das necessidades e
diálogo junto das populações, já que o mandato político decorre de um
escrutínio popular, o qual deverá refletir as propostas de gestão apresentadas
em campanha eleitoral.
Para uma gestão
autárquica séria e eficaz, a participação das populações, são fator
indispensável e fundamental, para acudir com realismo, às necessidades e suas
prioridades de execução.
A eficácia de um
Observatório Social, resultará do acompanhamento em tempo real da execução de
propostas sufragadas durante o processo eleitoral, e do orçamento, apontando e
priorizando as necessidades, sendo composto por técnicos da autarquia e
entidades que representem as diversas camadas da comunidade, responsáveis por
esse acompanhamento, com total independência e de preferência sem participação
partidária. Resultado desta ação, onde a mobilização popular é fundamental,
tornar-se-ia numa referência de compromisso entre eleitos e eleitores, fruto da
transparência e da participação da sociedade.
Para esse compromisso
ter viabilidade, é urgente que a sociedade esteja cada vez mais informada sobre
os assuntos que a preocupam e possam reagir prontamente perante as situações,
dando importância e participando nesse debate. Este tipo, de intervenção
popular, pode ser uma excelente solução e, poderá vir a contribuir para
melhorar a gestão autárquica.
O compromisso de um
futuro autarca, deverá cimentar o caminho da sua gestão, na mobilização de
vontades, dando o exemplo e explicando os resultados obtidos, num discurso
inspirador e autêntico, mas ajustado em práticas e procedimentos que envolvam
toda a equipa, observando o feedback das populações, criando uma relação de
proximidade sedutora com o eleitorado, com o objetivo de servir os cidadãos.
Deve ser arrojado na
concretização desses objetivos, através de um plano estratégico afetivo,
elaborado com a participação de todos e sentido pela sua equipa e técnicos da
autarquia.
Deve garantir um nível
de participação da sua equipa e dos cidadãos eleitores na gestão do dia-a-dia,
criando uma cultura de mudança e de compromisso, desde a formulação dos
objetivos, à elaboração do plano e estratégias, na sua execução.
A garantia do sucesso, a
curto prazo, espelhará a relação existente entre o mandato para que foi eleito,
com os cidadãos e outras entidades, numa aposta inteligente, essencialmente
virada para a transparência da sua atuação e na confiança dos cidadãos, sem
qualquer intenção de promoção pessoal ou política.
Cumpridos os
compromissos na plenitude das suas competências a partir dos resultados obtidos,
não deve temer nem recear definir outras metas, sempre de forma empenhada no
exercício das boas práticas, sabendo que o seu comportamento, responsável,
beneficiará, quer os cidadãos quer toda a sociedade em que se insere.
Este deve ser o cenário
necessário e ideal, para repensar um novo modelo de administração e gestão da
coisa pública, estabelecendo-se formas exigentes de planeamento, prevenção,
transparência e equilíbrio no cumprimento das metas a alcançar, atendendo e
dando resposta dos serviços e políticas públicas, garantindo a sua eficiência
na gestão compartilhada, gestão de pessoas e transparência nas decisões,
melhorando a qualidade das respostas aos cidadãos.
João Carlos Soares
Barreiro, 15 de Agosto de 2013