Entrámos em 2010, debaixo do espectro de uma recessão que devido à sua extensão e causas, deixaram Portugal e os restantes países com fraco poder de produção na comunidade, condicionados e subjugados às regras do mercado internacional e interesses da banca.
Deu para perceber que os dirigentes partidários tentam focalizar e usar a atenção dos Portugueses como isca, num jogo de intriga e desconfiança, apoiados por uma imprensa com laivos e tendências burguesas, escondendo o que realmente preocupa as famílias, onde a falta de escrúpulos dos governantes, acaba por preencher os tablóides nacionais, quando o desemprego e os desequilíbrios sociais são na realidade o que deveria preocupar e ocupar o interesse para as grandes decisões deste país.
Sub-repticiamente vai-se preparando o terreno para um processo eleitoral que se avizinha, a Presidência da República, preparando o caminho aos interesses de grupos económicos privilegiados, num processo de despolitização de massas, onde as peças são estrategicamente colocadas num tabuleiro de interesses instalados, numa prática política maléfica de meros chavões desprovidos de qualquer conteúdo, não passando de uma farsa bem montada, quando deveria ser, acima de tudo, uma consciente e livre escolha popular.
No meio de tudo isto, é de lamentar a predisposição como a auto-denominada militância partidária, em exércitos de mercenários de opinião, apoiada por franjas controladas da comunicação social, nos tentam enfiar pela goela abaixo os seus candidatos, de uma forma preocupante, sem escrúpulos, denotando um total desprezo e desinteresse pela verdadeira função de informar, esclarecendo e explicando o que é ser bom ou o que será ter uma prática política reprovável, abordando as questões fulcrais que levam e conduzem aos desvios, de forma criminosa, para o cada vez maior agravamento da dívida pública.
Sempre que a situação de forma cíclica se descontrola nas finanças do Estado e caem a níveis perigosos, as lideranças políticas começam a ser contestadas, sem qualquer alternativa credível à vista e, aos poucos, numa falsa envolvência emocional patriótica, eis que se lançam numa propaganda eleitoral, que acabará influenciando as escolhas do povo, por este ou aquele candidato, na maior das vezes sem jamais entenderem o porquê dessa escolha, que ao fim e ao cabo esses exércitos propagandistas lhes conseguiram impingir, mas que nada ou pouco contribuirão para uma mudança nas estruturas políticas, que se exige, e se tornam cada vez mais necessárias, esgotado que está o modelo actualmente vigente, esquecendo todas as promessas entretanto formuladas, mas que antecipadamente sabiam muito bem não terem intenção de cumprir.
Na base da constituição de qualquer governo, deverá estar prioritariamente o seu projecto de política económica. Esse projecto deverá estar vocacionado e provido de soluções capazes de responder às verdadeiras necessidades vitais de quem os elege, o povo, direccionando os seus objectivos na resolução dos estrangulamentos que impedem o verdadeiro desenvolvimento social e económico do país. Esta deveria ser a informação e o esclarecimento que esses exércitos militantes deveriam transmitir, reportando esse conhecimento e fazendo entender às grandes massas, que nada entendem de economia. Contrariamente, continuar a esconder essa realidade, mantendo na ignorância se possível as populações e, criando-lhes por isso mesmo um sentimento de inferioridade.
É altura mais que propícia para que os políticos se assumam e reflictam de forma consciente, abdicando de algumas mordomias e privilégios, dedicando um pouco do seu tempo fora dos corredores do poder, proporcionando aos seus eleitores e dando-lhes a oportunidade de se educarem politicamente, fornecendo toda a informação necessária e indispensável para o esclarecimento e conhecimento dos seus eleitores com a realidade que é o labirinto da economia e a relação que a mesma terá com a vida a proporcionar às populações.
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