Passados quatro décadas do 25 de Abril, dia da liberdade,
igualdade e esperança para um povo amordaçado e espoliado dos seus direitos, eis
que nos confrontamos com uma imensa legião de saudosistas, forças retrógradas e
reacionárias que se colam a partidos e, uma vez no poder, atentam contra os
valores da democracia, pondo em causa e desrespeitando os princípios consignados
na Constituição.
Torna-se
difícil para estas forças, tolerar o direito à igualdade e ascensão da classe
trabalhadora, direitos conquistados com muita luta e humildade ao longo destes
anos de democracia. É natural que essa minoria cruel e, por vezes, desumana, não
suporte a partilha dos seus privilégios, nem a eliminação do fosso entre a
maioria dos social e economicamente desfavorecidos, e a minoria da classe
parasita e materialista, que se sente superior, mas que não passa de uma
burguesia podre, revanchista ao serviço dos interesses dos grandes grupos
económicos.
Vivemos
momentos difíceis e complicados, onde o vale-tudo parece ter tomado conta desta
escumalha no poder, onde a mentira, a corrupção, o ódio e a vingança, prevalecem
em detrimento dos valores da justiça, igualdade, ética e respeitabilidade.
Subestimámos
a hipocrisia e competência destas forças, impacientes para voltar a repor um
estado de subserviência, política, económica e social, através de políticos, testa-de-ferro
dos grandes grupos económicos, gente com uma ambição desmedida, atores serviçais
e intelectualóides frustrados, subservientes numa burguesia fútil e medíocre.
É cada
vez mais necessário, a atenção das populações, fazendo apelo ao patriotismo de
cada cidadão, para o golpe traiçoeiro da direita fascizante e saudosista
portuguesa, reagindo às agressões, preconceitos e jogo sujo desta elite
burguesa e putrefacta.
O povo está
cansado de tanta mentira, esbulho e humilhações, impostas por uma ditadura
encapotada num regime democrático, à sombra de um governo, uma maioria parlamentar
e um presidente, que fazem da Constituição folha morta.
Autárquicas
à porta, e é um ver se te avias, na demarcação de posições, no que aos
candidatos e programas diz respeito, como se os conceitos e valores, dos representantes
partidários e candidatos autárquicos do arco da governação, enquanto poder
central, não fossem uma e uma coisa só, onde defendem posições que prejudicam
os mais desfavorecidos, e depois na ambição de obter o apoio da população, se
apresentam como paladinos dos direitos e regalias desses cidadãos, contrariando
tudo quanto os seus correligionários, no poder, decidem em prejuízo dos mesmos.
É contra
este tipo de hipocrisia que os eleitores se têm que preocupar, não embarcando
em falsos discursos propagandísticos e de ocasião, que escondem a arrogância e
o desrespeito com que serão confrontados com as promessas no dia-a-dia, passada
que foi a encenação durante o processo eleitoral, num total desrespeito pela
confiança depositada pelos eleitores, nos programas eleitorais sufragados.
O
discernimento e a realidade do país deverão ser fator fundamental para uma escolha
coerente, fazendo-se uma avaliação da capacidade de execução dos programas eleitorais,
na proporcionalidade direta com as promessas apresentadas pelos candidatos.
Aliás, o
bom senso diz que, os políticos que tenham alguma massa cinzenta na cabeça deverão
começar a lembrar-se que, o desempenho de cargos públicos, não pode ficar
apenas por colher votos, por via de espectativas, promessas e demagogias
baratas.
É
preciso dizer basta, porque chegou a altura do povo português acordar para o
facto de que estamos a viver de promessas vazias e demagogia barata, sem falar
que estamos a ser obrigados a pagar as dívidas contraídas pelo maior esquema de
fraude e corrupção jamais visto em Portugal, levados a cabo à sombra dos cargos
públicos, sem que os responsáveis, conhecidos publicamente, sejam punidos pelos
seus atos.
A
recente lei aprovada na Assembleia da República pelos mesmos do costume, PS,
PSD e CDS, que protege os interesses dos cargos públicos, é bem a prova da
matreirice de uma classe política comprometida e conivente com todo o tipo de
falcatruas, que assim deixam de poder ser controladas pelos órgãos competentes,
e chegar ao conhecimento público, ilibando legalmente os malfeitores, porque a
sua vida económica deixa de poder ser fiscalizada, provando que a corrupção e a
impunidade são em Portugal uma triste realidade.
Como disse
Karl Kraus um dia; “O segredo do demagogo é o de se fazer passar por tão estúpido quanto a
sua plateia, para que esta imagine ser tão esperta quanto ele”
João
Carlos Soares
Barreiro,
02 de Setembro de 2013
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