quinta-feira, janeiro 29, 2009

Sustentabilidade moral em democracia


A sustentabilidade moral nos regimes democráticos, assenta nos partidos como garante do sistema, contudo, deverão facilitar e disponibilizar o acesso à informação completa e rigorosa por parte dos cidadãos na actividade política, fundamentada por regras claras e precisas, onde as competências e a transparência dos actos deverão representar e espelhar, objectivamente, os desígnios das instituições na comunidade sem qualquer tipo de dúvidas ou suspeitas.
A hipocrisia e o tráfico de influências, que parecem caracterizar a actividade política nos tempos que correm, não nos apanha desprevenidos nem nos surpreende, tal a forma desiludida e de descrédito como, cada vez mais, os eleitores olham para a actividade político-partidária.
A falta de transparência, as negociatas encapotadas de interesses instalados e a forma como alguns parasitas passam a vida a apregoar aos quatro ventos que estão na política à custa de sacrifícios pessoais, revelam quão subtis são os meios utilizados, permitindo o compadrio e o tráfico de influências no dia a dia da política e dos políticos por nós eleitos, com quem nos identificámos, e em quem acreditámos e depositámos confiança.
Em Portugal, também pela negativa, a forma indigente e enevoada pela opacidade do próprio sistema político-partidário, adaptado ao longo de três décadas, na base de alternância dos dois partidos mais representativos, somente agora e de forma envergonhada, começa a estar disponível para se discutir o tráfico de influências e a transparência nas instituições. Desta forma se tenta evitar o perigo da corrosão na credibilidade sentida das instituições e seus representantes, que se evidencia de forma galopante e sintomática pela descrença popular que se começa a instalar, pautando-se em certa medida, pela ausência nos processos eleitorais.
As notícias com que somos confrontados diariamente pelos OCS, onde a consciência moral dos protagonistas os coloca em permanente risco e sobressalto, mostram a precariedade como foi forjado aquela que viria a ser a espinha dorsal do nosso regime democrático.
Como diz o ditado, ”vamos esperar para ver”, mas pela forma como estamos a assistir ao desenrolar de mais um episódio da nossa democracia, temo que uma vez mais a consciência moral do Estado seja congelada, o que poderá ser um mau sinal para a nossa democracia, à qual muito dificilmente se poderá prever um futuro promissor se o passado não ficar completamente esclarecido e liberto de bodes expiatórios, onde o triunfo de alguns se continuará a fazer à custa e sacrifício dos mais desfavorecidos, o Povo.



Clip TVI - sobre acusações no caso Freeport



João Carlos Soares

1 comentário:

Miriam disse...

Oi Gostei muito! Estou atrás de mais informações sobre o que seria a sustentabilidade moral. Se tiver algum livro ou material para indicar sobre o assunto fico agradecida.

até mais!