O enraizamento profundo da recessão económica sentido praticamente em quase todas as regiões do planeta, tem vindo a provocar o desemprego em catadupa, o desmantelamento quase à falência dos programas sociais e que, concomitantemente, leva as famílias com menos poder económico ao desespero e empobrecimento sem esperança de retorno.
O comportamento dos países mais poderosos, apostados no domínio dos povos além-fronteiras, condiciona estrategicamente a economia global com objectivos exclusivos de favorecer uma poderosa elite de negócios que implacavelmente minam e eclipsam as decisões e opções dos governos.
O futuro dos mais desprotegidos é discutido e decidido em luxuosos gabinetes de conselhos de administração da alta finança, manobrando e influenciando negócios e transacções financeiras nos principais mercados financeiros.
Os órgãos de comunicação social são manipulados numa complexa teia de enganos e distorções pelas grandes corporações financeiras, mostrando o que as mesmas pretendem e deixam transmitir ao público, escondendo as conspurcadas manobras do sistema económico capitalista e os impactos devastadores sobre a vida das pessoas.
O Mundo gira em torno de poderosos figurantes económicos e políticos num cenário moldado pela corrupção, pela manipulação financeira e pela fraude, conduzindo a seu belo prazer a humanidade a uma grave crise económica e social de que não há memória.
Esse tipo de manipulação, provocou o colapso dos mercados financeiros em 2008, e que agora mais que nunca se fazem sentir, colocando a economia dos países com os nervos em franja e obrigando ao recurso ao resgate bancário e endividamento público como o conhecemos hoje.
Como consequência deste crash financeiro, assistimos ao colapso no mercado de emprego, ao atraso no pagamento de salários e despedimentos em massa, e consequentemente à deterioração dos padrões de vida das populações e o desfalecimento das cadeias de consumo, que pelo efeito dominó fez disparar uma quebra monumental nas despesas com bens e serviços, mergulhando o sistema produtivo na banca rota e forçando ao encerramento e deslocalização de fábricas.
A falta de liquidez bancária, obrigou ao congelamento dos créditos ao investimento, paralisando o investimento de capitais e provocando a quebra no mercado de consumo, com nefastas consequências na desmobilização de recursos materiais e humanos.
Nesta roda-viva, as redes de segurança social herdadas do estado previdência, que poderiam ser a tábua de salvação para os desempregados nestes períodos de contracção económica, fica irremediavelmente também em perigo.
Enquanto a desinformação nos jornais e restantes órgãos informativos nos vai intoxicando, ainda que revelando alguns dados em diversos sectores da economia, escondem o quadro geral do que na realidade se está a passar ao nível nacional e internacional, onde sectores inteiros da economia estão a fechar as portas.
Constata-se que a opinião pública continua a ser usada e enganada quanto às verdadeiras causas e consequências da crise económica em que nos encontramos mergulhados, já não falando nas soluções e opções políticas com que somos brindadas quase todos os dias.
Nesse sentido, fazem-nos crer que tudo funciona numa lógica de mercado, e que as poderosas instituições financeiras, que manipulam estrategicamente os cordéis nos gabinetes das administrações corporativas, nada poderiam fazer, sobre que circunstâncias fossem, ou ter intencionalmente qualquer tipo de influências no decurso dos acontecimentos económicos.
Este tipo de procedimento serve os interesses de uma mão-cheia de bancos e especuladores institucionais, os quais manobram e controlam o Estado e os mercados financeiros sobre a tutela dos interesses corporativos, acumulando cada vez mais riqueza e consolidando, dessa forma, o poder que já vinham usufruindo.
Os acontecimentos chegados a público sobre a espionagem estatal ao serviço de corporações, não são mais do que refinados instrumentos desenvolvidos pelo aparelho financeiro, para a manipulação de informação interna privilegiada, com conhecimento antecipado dos principais actores do mercado, permitindo-lhes manipular o mercado a seu belo prazer, utilizando a especulação e fazendo precipitar qualquer competidor que lhes queira fazer frente, arruinando assim a economia do país em proveito próprio.
É contra este tipo de arquitecturas financeiras e expedientes instalados no sistema financeiro, aglutinadores de riqueza corporativa, que nos temos que acautelar, se quisermos construir uma sociedade económica e financeiramente equilibrada e justa, trazida para um mundo real no qual os indivíduos sejam todos iguais e tenham o mesmo tipo de oportunidades.
João Carlos Soares
Barreiro, 06 de Janeiro de 2012
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