segunda-feira, dezembro 19, 2011

As coisas no seu lugar


À excepção da Noruega, assiste-se a uma ascensão da direita na maioria dos países europeus como a Alemanha, Portugal, França, Itália e agora em Espanha, demonstrando uma clara e inequívoca homogeneidade, justamente no sentido da criação de um único sistema mundial para todos os governos, privilegiando o poder dos mercados em relação ao Estado e, em particular, contrários a qualquer tipo de regulação estatal, facultando e encorajando a livre circulação do capital, numa afronta aos direitos dos cidadãos, colocando os interesses privados acima do interesse público.

Enquanto enaltecem o papel estratégico das grandes empresas privadas, as quais qualificam como dinâmicas e economicamente eficientes, por outro lado desqualificam sistematicamente o Estado como ineficiente, burocrático e corrupto.

A direita detesta qualquer tipo de políticas que possam conduzir a uma distribuição de riqueza equitativa e promovam o fortalecimento da educação e saúde pública. Através de uma promiscuidade sistemática na interpretação às regras do código de trabalho, congelam e reduzem os salários, aumentam a carga horária de trabalho, promovendo a precaridade de trabalho, aumentando cada vez mais as diferenças sociais, numa tentativa inequívoca de destruição da classe média.

Numa atitude puramente conservadora, odeiam os movimentos sociais, a sindicalização dos trabalhadores e a politização como forma de acesso à consciência social do que se passa no país e no mundo, e lutam ferozmente contra qualquer tipo de mudança nas relações de poder que afecte os seus interesses.

Não gostam de ser confrontados com os movimentos populares, nem admitem a sua responsabilidade na discriminação, alienação e opressão do capitalismo sobre os povos, nem admitem os erros cometidos que conduziram a política europeia a um beco sem saída.

Iremos por isso mesmo assistir a um período de grande turbulência social, não só através dos movimentos de indignados que já se fazem sentir, mas também das organizações sindicais e outros sectores da sociedade.

Em síntese, a direita é a direita, como tal caberá à esquerda ser esquerda, defender os seus valores de consciência social e unir-se, num combate sem tréguas para fazer vingar a democracia política, a justiça social e a soberania nacional.


João Carlos Soares
Barreiro, 19 de Dezembro de 2011

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