O Mundo vive actualmente uma das suas piores sequências de crise, envolto numa teia denominada por globalização, que invade fronteiras, altera os costumes das populações, cria dinâmicas de mercado especulativo e dificulta o controlo do Estado.
A implementação das tecnologias de informação, facilitam e proporcionam em fracções de segundo transacções comerciais entre países, obrigando a um repensar de novas estratégias, quase sempre ineficazes face à ganância do lucro a todo o custo, levando com isso a diversas formas de pressão das potências desenvolvidas sobre os países mais pobres e, subsequentemente menos apetrechados para resistirem a esta avalanche neoliberal, provocando um crescendo de pobreza, o qual se reflecte negativamente nas populações atingidas com graves consequências sociais, numa deficiente educação, cuidados de saúde e o aumento da criminalidade.
Sempre que aumenta a desigualdade social nas populações, o poder e discernimento do Estado vai ficando cada vez mais debilitado, perdendo as suas capacidades e funções reguladoras, ficando subjugado economicamente aos empréstimos e condições das instituições financeiras e dos países mais ricos, empenhados na manutenção desse status, as quais, invariavelmente dão origem ao passo seguinte que é a dominação política.
As ajudas através de empréstimos vêm sempre sujeitas a diversas imposições económicas e políticas, provocando o enfraquecimento do Estado enquanto nação soberana, conduzindo, se nada em contrário for feito, a uma perda da sua própria identidade e soberania.
Este tipo de pensamento e procedimento neoliberal, faculta e favorece o reforço dos sistemas capitalistas de governação, através de uma liberalização económica que se faz sentir de forma negativa, principalmente nos países periféricos e que conduz a um desnivelamento do poder económico das populações, produzindo um cada vez maior distanciamento entre as camadas sociais, fazendo despontar aquilo a que se convenciona chamar de cidadãos de primeira e cidadãos de segunda.
Esta forma de capitalização volátil e a polivalência das empresas multinacionais, favorecem a uma instabilidade no mercado de trabalho, facilitando o patronato com leis de despedimento, onde pela ineficácia de uma regulação e respeito pelos direitos dos trabalhadores, propiciam o aparecimento cada vez mais notado de uma franja de miseráveis, os quais sem as condições mínimas de sobrevivência, enveredam pelo caminho da criminalidade.
Debilitado economicamente o Estado, atingindo o desemprego percentagens elevadíssimas da população activa, diminuído o investimento na área social e na segurança, não consegue o país fazer frente a essa onda de crimes que afectam a sociedade, resignando-se as populações como se de um desígnio e fatalidade se tratasse.
Apercebemo-nos que o Estado já não é sequer responsável pelo seu próprio destino, subjugando-se incondicionalmente e dependendo de dinâmicas que extravasam o seu reduzido poder de decisão.
É difícil não sentir estas alterações, muito menos fechar os olhos a esta falta de ideias e esperança, demonstrada pela ineficácia de medidas eficazes para a recuperação da nossa soberania e respeito, enquanto nação, neste período fragmentado e dividido da nossa existência.
Podemos mostrar alguma resignação, contudo nada nos impede de continuar a sonhar, porque a vida nem sempre é construída de facilidades, mas que, nem por isso, podemos deixar de ser dignos e continuar a lutar contra os espinhos e obstáculos, na esperança de viver sem eles nos anos que se aproximam.
Dessa forma, então eu penso, que o ano que se aproxima nos traga coragem para lidar com as dificuldades e nos ajude a lutar pela mudança.
Que venha o Ano Novo.
João Carlos Soares
Barreiro, 30 de Dezembro de 2011
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