segunda-feira, fevereiro 28, 2011

PROJECTO DE DESENVOLVIMENTO PARA O DESPORTO LOCAL



Quando falamos em colectividades versus desporto, dá-me vontade de perguntar? Será que falamos de uma e a mesma coisa? Quando nos debruçamos sobre o que foi e o que é actualmente o desporto no nosso Concelho, não podemos deixar de lamentar ao ponto de situação a que o mesmo chegou, fruto de formas e métodos de gestão egoístas e estagnadas no tempo, vivendo como referência à sombra de uma história de sucesso, esquecendo-se no entanto que o futuro se constrói com um planeamento rigoroso de meios e recursos que nos tempos que correm começam a escassear, tornando-se indispensável uma racionalização dos mesmos. Olhando para as infra-estruturas desportivas e o panorama associativo do Concelho, salvo raras excepções, apercebemo-nos da nudez de algumas colectividades que têm vindo a sucumbir a um ritmo constrangedor, fruto de um colectivismo sem alma, confrontada com as mais diversas dificuldades e contratempos, resultado de uma desagregação do tecido associativo e algum egoísmo. Está na hora de consignar para o Barreiro um entendimento entre os dirigentes, onde as colectividades através dos seus representantes legais e demais entidades oficiais, discutam e aproximem ideias e conceitos para uma nova forma de planear e gerir o desporto no nosso Concelho. As colectividades e os seus dirigentes têm o dever e a obrigação de se entender, colocando-se ao serviço e não a servir-se do desporto para proveito próprio. Cada colectividade tem a sua identidade própria, a qual não poderá nem deverá ser renegada. Contudo para a concretização do sonho desportivo que a cidade ambiciona, só deverá existir uma identidade possível enquanto cidadãos barreirenses, “O NOSSO ORGULHO ASSOCIATIVO” e esse só será salvaguardado se encararmos o seu futuro com base numa realidade que espera e anseia pela vontade de todos.

João Carlos Soares

PROJECTO GERACIONAL DE EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA


Raro é o dia em que não somos confrontados com notícias onde a envolvência juvenil como protagonistas de situações de risco se tornam, umas vezes como vítimas, outras como agressores, em casos tristes de violência e marginalidade. Isto, quando estes jovens deveriam usufruir nesta fase da sua vida, dos seus ideais em construção, alicerçando valores suportados por uma formação na base de conceitos, onde os deveres e as obrigações, se sobrepusessem ao sonho e à ambição de uma sociedade consumista, são de imediato apanhados pela malha conturbada dessa mesma sociedade, passando sem se aperceberem ao consumo de drogas e álcool, ficando a um passo do mundo do crime.

Perguntamos-nos por vezes, quais a razões que levarão estes jovens a seguir este caminho?

Falta de formação escolar, falta de estrutura familiar e insuficiente educação intelectual e humana com a subsequente falta de valores de cidadania?

Quando falamos em educação, por vezes achamos que a educação dos jovens, é um exclusivo das escolas, como se as escolas tivessem em termos curriculares e na prática, aptidão e competências suficientes para tal, pelo que se imputa quase sempre aos professores a falta de equilíbrio intelectual dos nossos jovens, quando nos esquecemos que a escola complementa-se na rua e na casa de cada um, desempenhando um papel importante na arquitectura social de cada indivíduo, mas, quando a família não existe ou não tem estrutura à altura, poderá funcionar no sentido contrário, contribuindo negativamente na consolidação dos valores pretendidos e conduzindo os jovens à marginalidade.

Quantos jovens conhecem as leis básicas do seu próprio país, a Constituição da República, bem como do espírito que conduziu e orientou na concepção dessas leis e a quem essas leis devem proteger?

Quantos conhecem no seu dia-a-dia o que é uma vida saudável?

Quantos estão aptos para o trabalho?

Quantos têm a convicção nos princípios morais do país ou sequer reconhecem a sua existência?

Quantos estão preparados para enfrentar os perigos do assédio sexual e moral?

Quantos estão preparados para viver na realidade do dia-a-dia da criminalidade, com as suas tentações e assédio?

Quantos estão preparados para o exercício da cidadania?

Quantos estão preparados para aceitar a diversidade de cor, raça, orientação sexual, política de comportamentos, cultural, etc.

Como se pode ainda dizer e afirmar publicamente que a escola da vida não forma nem educa?

Particularizando ainda mais, nós ao fim e ao cabo, chegamos à conclusão que ajudámos a construir um sistema que não educa para a vida real e queremos que os nossos jovens saibam viver em sociedade!

A identificação destas falências no sistema, são factores imprescindíveis de apuramento e discussão para aprofundar as causas e a relação entre a violência, a educação e a criminalidade, pois ninguém é educado para ser criminoso.

Em contrapartida também não nos preocupamos em formar cidadãos na ascensão da palavra, mesmo sabendo-se que todos ou quase todos andaram na escola.

Para uma escola e um sistema educacional equilibrado, torna-se imprescindível e preferível aprofundar uma articulação entre um Projecto de Ensino Temático, as Redes de Apoio Social, Associações de pais, Forças da Ordem como a PSP e a GNR, de forma a criar um sistema de prevenção, impedindo-se assim, no futuro, que os jovens se transformem em agentes do crime e outros vítimas da sua falta de estrutura social.

A socialização na escola e o acompanhamento dos jovens em situação de risco, será a principal senão a única forma de prevenção da criminalidade, numa forma activa, com realismo, presente todos os dias e dotada de meios na sua prossecução.

Para que tal possa vir a ser uma realidade, em primeiro lugar a Sociedade tem que se consciencializar de que a segurança não é somente um problema do Estado mas de todos, quantos se preocupam com a segurança e o bem-estar numa luta sem tréguas contra a violência e a criminalidade instaladas.

Não podemos continuar de mãos atadas à espera de soluções que tardam, de medidas miraculosas de assistencialismo, como se de uma doença contagiosa se tratasse, mas sim percebermos que tanto a violência e a criminalidade associada, quer uma como outra, são a causa efeito das desigualdades de oportunidade, pelo que se torna indispensável a implementação de projectos sociais, programas de assistência e acompanhamento a necessitados, bem como de outros meios que possam estimular as populações na educação, na prática desportiva, lazer, trabalho e cidadania, promovendo assim a inclusão social dos cidadãos mais desfavorecidos, diminuindo as insuficiências nas famílias em dificuldade e, permitindo o equilíbrio social, económico e de oportunidades de todos sem excepção.

Contudo, para mal dos nossos pecados, existem outros factores tais como a corrupção e a pedofilia, que são ultimamente notícia de primeira página, onde os protagonistas, responsáveis e representantes ao mais alto nível da Nação, fazendo parte de classes e extractos sociais que não se enquadram nos parâmetros típicos das famílias em risco ou exclusão, contribuem sem dúvida nenhuma para um exemplo devastador dos valores de consciência, insegurança e desacreditação da sociedade.

Recai nos órgãos de comunicação social um papel de extrema importância na luta por uma sociedade mais justa e igualitária no desenvolvimento e nas práticas de ideias numa sociedade moderna e geracional, publicitando e concorrendo para o esclarecimento das populações e não para o favorecimento de interesses e clientelismo político no momento, mostrando com verdades suportadas em factos, e não com opiniões rebuscadas em comentadores arregimentados que, como única e exclusiva intenção, pretendem manobrar a opinião pública, com disfarces pouco conseguidos.

Acima de qualquer opinião formada ou construída do nada, deverá prevalecer uma análise à segurança pública baseada numa aferição profunda de acções e medidas até agora levadas a efeito, observando-se os critérios na sua implementação, dificuldades, objectivos definidos e concretizados, razões para o sucesso ou insucesso de um Projecto Geracional de Educação para a Cidadania, sustentado por práticas socioeducativas, na procura de potencialidades e limites de estratégias socializadoras definidas para a constituição das formas de pensar e agir de jovens nas camadas populares enquanto cidadãos.
João Carlos Soares