quarta-feira, outubro 31, 2012

É preciso acabar com esta indecência!




O estado de ânimo e impotência, que começa a fazer parte do dia-a-dia do normal cidadão, contaminado por esta conjuntura económica e política, imposta e regulada pela TROIKA, cria e vai alimentando um sentimento de raiva e revolta na população, desgastada pelos constantes cortes e imposições, de um Governo ao serviço do capital, prostituindo e corrompendo as bases de um verdadeiro estado democrático, transformando-nos em lacaios ao serviço dos interesses das classes dominantes, e de políticos populistas e demagógicos, cuja única preocupação, é defender as poderosas famílias que os suportam e dos seus próprios interesses. 

O mal-estar, a raiva, revolta e impaciência que começa a instalar-se, de norte a sul do país, são os sentimentos e os estados de ânimo que se alternam e elevam contra a conjuntura económica e política, nos tempos que correm, claramente demonstrado pelas diversas manifestações de repúdio a tais políticas, perante a sensação de desgaste e impotência que nos vai colhendo a todos.

Afastado da memória, de certa classe política no poder e responsáveis deste país, da razão de ter existido em Portugal um 25 de Abril de 1974, faz-nos crer que, afinal de contas, vivemos num regime supostamente democrático, onde os cidadãos são constantemente iludidos, quando chamados a intervir directamente no jogo político, através do seu voto, ou através da militância nos partidos políticos, sufragados à sombra de falsos programas, que não passam de uma completa falácia, transformando um acto, que deveria ser de verdadeira cidadania, numa fantochada populista e demagógica, onde a liberdade é falsa, a participação eficaz não existe, e o regime começa a apresentar uma esquizofrenia própria das ditaduras do antigamente, e está doente. 
  
Vivemos actualmente num regime supostamente democrático, onde se iludem os cidadãos à sombra da possibilidade de poder intervir directamente num jogo político, onde o voto seria a arma do povo, mas que serve simplesmente para validar uma falácia eleitoral, que termina imediatamente após a colocação do voto na urna, sem que os programas e ideias apresentadas, sejam cumpridas e implementadas, nem tenham qualquer valor ou significado no desempenho dos eleitos, para uma verdadeira justiça social, na governação deste País, caindo e deixando de ter qualquer significado, logo que conhecidos os resultados eleitorais. 

Não há dúvida que elegemos os nossos políticos democraticamente, usando a prorrogativa do voto nas urnas, de forma livre e unipessoal, no entanto, começam a crescer cada vez mais na mente de cada um, a dúvida que, quando exercemos o nosso direito de escolha nas urnas, não garantimos que os seus executantes, não se prostituam de imediato ao serviço das classes dominantes e do capital, e esqueçam os programas e as promessas neles contidas, sem que se tenham de explicar de imediato, e com as respectivas consequências, perante aqueles que neles confiaram, alternando as castas no poder, acto eleitoral após acto eleitoral.

Tomam-se medidas sem olhar às necessidades reais do cidadão comum, sejam elas económicas, culturais, de formação, de saúde, de trabalho ou equidade social, não se investindo num futuro mais justo, mais igual e mais humanizado, mas pelo contrário, espoliando-se o pouco que a maioria dos cidadãos tem no presente, desprezando e hipotecando os recursos para as gerações futuras, a troco do enriquecimento de uma elite privilegiada. 

As necessidades reais do cidadão são escandalosamente esquecidas, negando-se de forma constrangedora investimentos para a construção de um futuro mais justo, mais igual e mais humanizado para as famílias, numa autêntica investida de depredação dos recursos para as gerações futuras, numa extorsão confrangedora de direitos à maioria dos cidadãos no presente, privilegiando-se o enriquecimento de uns quantos distintos que alimentam o sistema. 

Perante este quadro pintado a preto e branco, sentimos que nos estão a querer retirar o controlo soberano que deveríamos ter numa democracia representativa, sufocando e retirando a clarividência nas consciências feridas dos cidadãos, angustiados por tanta tirania, que os poderá conduzir a actos irreflectidos sem retorno, e alibi para medidas repressivas e castradoras das liberdades conquistadas a 25 de Abril de 1974.

Discernimento, conhecimento, força, liderança política e capacidade de decidir, perfilam-se como formas de acção para agir diante das dificuldades actuais, recuperando a autoridade e controle soberano do povo, nesta democracia que se defende e exige representativa, cumprindo os programas sufragados, pondo termo à pouca vergonha e indecência de alguns pretensos representantes do povo, que se deixam corromper pelos agiotas financeiros da União Europeia, e que à sombra das nossas dificuldades económicas, nos atolam com novos compromissos e obrigações, que eles se recusam a carregar.

Torna-se necessário e imprescindível recuperar o mando nas nossas mãos, promover a mudança radical, dar início a um novo começo, renascida das consciências feridas dos cidadãos acossados, para finalmente se poder instaurar uma verdadeira democracia política para todos os cidadãos.

João Carlos Soares
Barreiro, 31 de Outubro de 2012