Pretende-se neste Blog, escrever sem qualquer tipo de condicionantes, desde que os conteúdos não possam vir a ferir a susceptibilidade de cada um e de todos em geral.
terça-feira, dezembro 03, 2013
sexta-feira, novembro 15, 2013
Esta democracia em que vivemos, é uma farsa
Hoje,
dia 14 de Novembro de 2013, na abertura dos noticiários, em todos os canais de
televisão, foram os portugueses surpreendidos, por uma notícia, que de tão
empolada que foi, com a presença e discursos de diversos ministros, até parecia
que tinham chegado ao fim, todos os problemas e privações dos cidadãos, desta
parcela da Europa, à beira-mar plantado, ou então a notícia divulgada, teria
como objecto um outro país, porque por cá a realidade é lamentavelmente muito
diferente.
Que
maior disparate, que enorme mentira, num regime que pretende manter as
aparências, mas não consegue disfarçar a democracia de mentira em que estamos
atolados.
Assistimos
estupefactos aos dislates destes aprendizes de feiticeiro, excelentes alunos de
uma escola que domina a europa, a caminho de uma ditadura, na sombra de um
modelo implementado e que rege hoje as sociedades democráticas, mas que não são
mais que democracias de fachada, que estão reféns e obrigadas a obedecer ao
sistema financeiro, criando cada vez mais desigualdades entre os cidadãos, que
levarão definitivamente ao colapso social, subjugados ao poder absoluto do
capitalismo, ele próprio ameaçando desmoronar-se encima das cabeças dos seus
fomentadores.
Com
tanta mentira e falta de rigor, há que tomar medidas urgentes para por termo a
esta pouca vergonha. É preciso declarar, de uma vez por todas, guerra contra
aqueles que se têm servido da democracia para enriquecer, onde os lobbies
secretos decidem sobre o destino de milhões de pessoas, independentemente da
vontade expressa e sufragada nas urnas.
Os
cidadãos sem filiação partidária, militantes e simpatizantes das estruturas
progressistas deste país, têm que resolver entre si as diferenças, procurando
capitalizar o que os une, acabar com os rancores do passado e, encetar uma
jornada de luta e contestação, até que vejam a sua dignidade reposta, respeitada
e garantida.
Se
não nos opusermos a esta casta de poderosos instalados no poder, que beneficiam
de uma completa impunidade, e cobertura do Presidente da República, seremos, no
futuro, acusados de pactuar com aqueles que ditam as leis e desrespeitam os
mais elementares deveres do Estado perante os seus cidadãos, como uma autêntica
máfia, que acabará por destruir o sonho de gerações que ambicionaram e lutaram
toda a sua vida para serem livres e deixar um país com futuro para os seus
descendentes.
Há
que restaurar a democracia, desmascarar a oligarquia instalada, expondo-a tal
como ela é, pois não passa de um regime nas mãos de poucos, impondo os seus
critérios sem hipótese de serem sequer questionados, que pretende manter os
privilégios de uma elite em detrimento das necessidades sociais básicas da
maioria dos cidadãos.
O
caminho escolhido para a europa, vai deslizando até uma espécie de regime
europeu autoritário, liderado pela Alemanha, cujo único objectivo é levar os
países em dificuldades e economicamente destruídos, a uma situação social
politicamente dramática, pondo termo à democracia, como a entendemos.
Ouvimos
repetidamente, da boca dos governantes, que estamos em democracia e que tudo
está debaixo do seu controle, mas que não passa de uma falácia consentida, pois
sabemos muito bem que estão em perfeita sintonia ideológica com o capitalismo,
e que progressivamente nos irão roubar a liberdade e o poder ao povo.
A
democracia portuguesa está enferma, debilitada pelos desvarios e falcatruas dos
governantes, onde os mercados e o poder financeiro determinam as orientações do
governo nas suas decisões políticas. Vivemos sim, mas numa democracia só para
alguns, uma vez que se puseram de acordo entre si, PSD/CDS e Presidente da
República, impondo as decisões ao arrepio da Constituição Portuguesa, numa
prova de braço de ferro entre o direito dos cidadãos e o poder desmedido dos
mercados financeiros, e não se enxerga por parte do PS, uma atitude
sancionatória e crítica, que convença o eleitorado, demarcando-se das posições
assumidas pelo actual governo com propostas sérias que garantam e reponham a
nossa soberania.
Os
políticos deixaram de tomar decisões na defesa dos cidadãos e interesse
público, desde que essas decisões possam vir a prejudicar os interesses
económicos e os interesses da oligarquia financeira, que assim, manobra e
mantem as rédeas curtas do poder político do Estado, retirando-lhe
efectivamente na prática a soberania popular e do Estado.
O
povo, somos todos nós, quer estejam ou não identificados com as diversas
famílias políticas, pelo que face ao desrespeito do governo, para com o povo
que os elegeu, e sendo o povo o coração da democracia, esta postura representa,
nada mais nem menos do que, uma ruptura profunda e irreversível com o povo e
com os valores de uma verdadeira democracia.
A
nossa obrigação terá que consistir, no seu essencial, em garantir no futuro, as
condições da possibilidade de sonhar e dar aos nossos filhos a capacidade de
também eles poderem sonhar e viver numa sociedade onde o respeito, os valores e
a dignidade dos cidadãos estejam garantidos.
Não
sei se conseguiremos caminhar pacificamente para uma transformação da
sociedade, por forma a reconquistar a democracia perdida, com inteligência,
evitando cairmos na armadilha da violência, para que não tirem partido nem
proveito disso. Para tal, será preciso muita coragem e união, concertação e
atitude patriótica, pondo termo a este país do faz de conta, da farsa e da
derrota da democracia.
João
Carlos Soares
Barreiro,
15 de Novembro de 2013
terça-feira, novembro 12, 2013
Um Exercício para além dos Preconceitos
Olhando
para as manifestações que vão acontecendo no nosso país, mais propriamente, nas
capitais de distrito, com predominância no Porto e em Lisboa, acções de
protesto e desespero, das populações contra as medidas governamentais e
ingerência externa, constatamos uma novidade introduzida após o 19 de Setembro,
que é o aparecimento de movimentos sem qualquer hierarquia ou organização, os
anonymus e os indignados.
Estes
grupos, perfeitamente identificáveis, muitos deles arregimentados pelas redes
sociais, cerram fileiras, mostram força e capacidade mobilizadora, para
enfrentarem as polícias e infligirem danos avultados, quer na propriedade
pública quer na privada, partindo montras e pintando slogans nas fachadas de
alguns edifícios emblemáticos e relacionados, ou com o poder ou com os grupos
ligados ao grande capital, como a banca.
Este
tipo de manifestantes, começaram a gozar de uma certa dimensão no espectro
contestatário português, popularidade e seguidores que, mesmo não sendo
estruturas organizadas, têm já uma grande implantação nas redes sociais, e movimentam-se
no interior das massas, de forma tática e objectiva, como se fossem militantes
de uma qualquer estrutura partidária.
Este
tipo de movimentos, já com algum historial e popularidade na Europa, mas que
assumiram um papel de relevo em Portugal, quando, através do uso de uma máscara
a cobrir os rostos dos manifestantes, fizeram capa de revista e primeiras
páginas, nos meios de comunicação social, e passaram a ser a imagem de marca,
quase uma esfinge do protesto e da contestação dos povos, secundarizando o
papel dos partidos de esquerda, e apresentando-se como uma alternativa ao
combate levado a cabo por esses partidos.
Este
movimento, correlacionado até certa forma, com o também Movimento dos
Indignados, ganhou ainda uma maior expressão junto das camadas mais desfavorecidas
e atingidas com o descalabro económico e social, no nosso país, que
transformaram estes movimentos como baluarte da contestação à globalização e
consequências na soberania do nosso país, relegando o desempenho dos partidos
políticos, para uma situação comprometedora, em democracia.
É
nesse pressuposto que, os dirigentes partidários, têm que de uma vez por todas,
passar a ouvir e estar atentos às alterações que entretanto foram acontecendo
na sociedade portuguesa, abrindo o seu espaço de discussão e ao mesmo tempo, absorvendo
as sensibilidades vivas da população, e deixando que as estruturas partidárias
existentes se sirvam da “antiguidade como um posto”, para afastarem ou
impedirem todos quantos, desiludidos, mas conscientes e coerentes dos valores
que os norteiam, venham a fazer parte dessas mesmas famílias políticas e
contribuir assim com a sua disponibilidade e vontade na luta contra os algozes
representantes do capitalismo.
Se
isso não vier a acontecer, há que temer num futuro próximo, o que já se sente
no presente, em que esses desiludidos e sem esperança no futuro, usam a
abstenção, como argumento de contestação, porque não houve capacidade nem
trabalho de esclarecimento e integração dessas pessoas, pelos partidos verdadeiramente
de esquerda, perdendo-se um enorme potencial, de podermos assistir à
constituição de um governo progressista, verdadeiramente empenhado na defesa
dos interesses e dignidade dos trabalhadores.
Faço
votos para que isso venha a acontecer, que a abertura a um espaço plural,
poderá diminuir o fosso entre a velha e a nova esquerda, abrindo caminho a novas
e estimulantes perspectivas para a luta das populações contra o capital.
Mas
para que isso seja uma realidade, será necessário e indispensável um exercício
de compreensão mútua que vá além dos preconceitos e procure aprender a
respeitar a diferença e a diversidade, vendo nela não uma fraqueza, mas uma
força e reforço do movimento de esquerda, em Portugal.
João
Carlos Soares
segunda-feira, novembro 11, 2013
O Cabo das Tormentas
Lendo
e relendo as afirmações de Krugman, sobre as dívidas europeias, da Grécia,
Portugal e Irlanda, em que fica no ar o espectro da falta de bom senso, como o
mundo e a europa estão a ser governados, parece que só aos nossos governantes,
e restante classe política, com responsabilidades de governação, estas
afirmações não estão a convencer, ou então, sabendo o buraco em que meteram o
país, tal como diz Krugman, ainda estão à espera da fada que irá produzir um
milagre, que nos livre de uma catástrofe social, há muito anunciada.
Dos
países em dificuldades, a Espanha, fugiu à masmorra a que Portugal se submeteu,
tomou as medidas que entendeu serem necessárias, para equilibrar o barco e,
passados dois anos, começam a ver a luz ao fundo do túnel, coisa que nós, muito
dificilmente, poderemos ambicionar ver, se nada acontecer entretanto, que mude e
contrarie as linhas de orientação política em curso, recolocando-nos no caminho
do desenvolvimento e afirmação, de uma nação secular como a nossa.
Aos
espanhóis foram pedidos sacrifícios, esforço combatido pelas populsções, mas
aceite com o princípio da conservação e manutenção da soberania do país, não
permitindo a ingerência de entidades externas, nem da União Europeia, na
procura de soluções para ultrapassarem o desequilíbrio nas suas contas, o que
não aconteceu com Portugal, por culpa dos nossos governantes, que capitularam e
se submeteram, sem apelo nem agravo, às garras dos agiotas capitalistas, os
quais em troca de dinheiro e promessas, destruíram toda uma cadeia de recursos,
deixando-nos ainda mais dependentes do mercado e apoios externos.
Sujeitos
às regras e compromissos celebrados entre o Estado Português e o triunvirato
maldito da troika, sem qualquer resultado à vista, e contrariamente às
afirmações dos nossos governantes, nada aconteceu, nem irá acontecer nenhum
milagre, porque a economia é uma ciência criada pelos homens, onde um mais um,
são dois e não talvez. Querem-nos fazer crer que, manipulando os números da
dívida e desemprego e transferindo o ónus da dívida de uns para outros
credores, a dívida diminuiria, o que não acontece, pois esta manter-se-á
inalterada, e por vezes agravada, porque para pagar os juros desse dinheiro,
nada resta para a peça fundamental na engrenagem do desenvolvimento de qualquer
economia, que é o investimento, resultando daí a tributação nos lucros das
empresas e nos salários da mão-de-obra criada em torno desses investimentos, no
consumo e serviços prestados.
Prova
deste descalabro europeu, porque é disso que se trata, são as alterações no
mercado financeiro, que oscila constantemente, face às crises de confiança
governamental, e não, face aos resultados económicos desses países. É a confiança,
como diz Krugman, que dita os juros e regula as economias, como se na confiança
ou desconfiança dos governantes, residisse a solução para os problemas de cada
país.
Por
aqui se pode aquilatar o ridículo a que se chegou, quando se misturam
sensibilidades com matéria pura, nada que não se veja ou adivinhe, tal como não
será nenhuma surpresa, o facto de que estes três países, nunca irão poder
saldar as suas dívidas. Nesse pressuposto, com as notícias ultimamente
veiculadas ao Ministério da Finanças, parte ou cerca de 50% das verbas do Fundo
da Segurança Social, aquele dinheiro que os contribuintes ao longo da sua
actividade profissional, depositaram à guarda do Estado Português, vai ser
aplicado, na dívida pública portuguesa, sabendo-se já que será a mesma coisa
que meter uma mão na boca do crocodilo, antes de um piscar de olhos, a mão já
se foi, porque com estes protagonistas, o Estado deixou de ser uma pessoa de
bem e sem palavra.
É
triste que esta escumalha, sim porque de escumalha se trata, bandidos,
aldrabões sem qualquer escrúpulo, salvaguardados pelas mordomias que
construíram para usufruto dos próprios e dos seus correligionários, se
banqueteiam perante a miséria e sofreguidão de uma população em desespero,
votada ao abandono, desprovida de meios e sem esperança num futuro de privações
e sem esperança.
A
união dos países europeus, sonho defraudado por políticas premeditadas e sem
nexo, subalternizadas ao poder de uma Alemanha de má memória, onde os
sentimentos de vingança de uma capitulação militar, alimentam políticas de
ambição desmedida, própria de sistemas neoliberais e fascistas, ditam as regras
do mercado, sem respeito pela soberania dos países, numa europa adormecida e em
total dependência económica e financeira, ligados a uma moeda altamente cotada,
desequilibrando por isso a balança entre as matérias importadas e as
exportadas, visto a Alemanha, ser o maior fornecedor de toda a Europa,
resultado do desmantelamento das estruturas produtivas e de transformação
desses países, aquando da sua adesão ao tratado europeu, tornando-as
dependentes crónicas, de produtos e matéria-prima.
Os
governos democraticamente eleitos em cada país deixaram de ser os decisores da
vontade popular, e passaram a ser mandatários e executores de regras e imposições
do Parlamento e Banco Central Europeu, dominado pela Alemanha, que se assume
como o protetorado esclavagista dos restantes países, quase todos do Sul e
antigos aliados na luta contra o domínio da Alemanha sobre a Europa, numa
competição desenfreada com outras potências fora do eixo europeu, Estados
Unidos, Rússia, China e Japão, que tendo dívidas públicas colossais, mostram o
fracasso e a ineficácia do sistema selvagem capitalista, onde os ricos são cada
vez mais ricos e os pobres cada vez mais na miséria.
Não
basta apregoarmos que estamos numa democracia, que escolhemos livremente os
nossos representantes, se o resultado do desempenho desses representantes, não for
coincidente com a defesa dos interesses, valores e condição de vida de quem
neles delegou confiança e do país.
Há que por termo a esta situação, impedindo
que esta economia baseada num mercado controlado e condicionado pela Alemanha, alicerce
ainda mais e implemente as suas raízes, porque estaremos a hipotecar a nossa independência,
o desenvolvimento do país e, que terá como resultado, uma trágica realidade com
exércitos de excluídos entre as camadas da população menos estruturada e
socialmente debilitada, tão comum nos sistemas de exclusão social que caracteriza
o capitalismo nas economias periféricas.
Ninguém
acredite que estas medidas impostas a Portugal, vão criar o milagre português, como
já ouvimos da boca de alguns ministros, pois toda a estratégia envolvida nos
programas de apoio, são gizados e parametrizados com o objectivo de criar uma
sociedade empobrecida, classista e de exclusão, criando-se um sistema de
apartheid social, regredindo aos tempos que antecederam a industrialização,
criando-se uma engrenagem de pobreza, sem emprego, e consequentemente
abundância de mão-de-obra barata, com a consequente liberalização do mercado de
trabalho, sem respeito pelos direitos e regalias dos trabalhadores.
É
preciso hoje, mais do que nunca, fazer-se uma depuração dos conceitos de
democracia, não permitindo a ascensão de determinadas terminologias que caem no
domínio público, como a exclusão social ou os socialmente excluídos, o que por
vezes provoca o desalento e capacidade dos cidadãos lutarem para serem elementos
indispensáveis no processo produtivo, económico e subsequentemente, a chave no
desenvolvimento do país.
Esperemos
não vir a ser uma das pedras do dominó, que agora começa a cair,
pedra-após-pedra, como refere Krugman, com as consequências que todos tememos.
Por essa razão, mais que não fosse, é urgente que os cidadãos tomem consciência
de que, continuando a escolher políticos sem palavra, estamos a ser coniventes
com as posições e decisões por eles tomadas, que no caso presente, tudo indica,
conduzirão o país a uma situação de rotura económica e social, cujo retorno
poderá acarretar para todos nós o “Cabo das Tormentas”, as amarras a uma
possível ditadura.
João
Carlos Soares
Barreiro,
11 de Novembro de 2013
segunda-feira, novembro 04, 2013
O que me vai na alma!
Os partidos políticos
renunciaram praticamente ao idealismo, os políticos mobilizaram-se, com o
intuito de garantirem estímulos sociais e oportunidades financeiras, enquanto a
comunicação social vai intoxicando os cidadãos, com notícias arquitectadas e
manipuladas, como se tudo o que está a acontecer fosse inevitável como o
destino.
A obstinada acção
política de por termo ao idealismo humano, transformou-se na maior ameaça à
sociedade, esvaziou a maioria dos partidos políticos da sua génese e aniquilou todo
ou qualquer sentimento susceptível de encorajar formas de pensamento.
A resignação social e o
estado de estrangulamento colectivo dos cidadãos, como consequência da ausência
do idealismo político, foram uma aposta materialista e desumanizada, ganha por
esta nova ordem mundial, chamada globalização.
Os genuínos ideais
libertados pelo 25 de Abril, com convicção e associados à emoção e
generosidade, alimentaram nos cidadãos, a esperança de um equilíbrio social e
futuro saudáveis, mas que, e face à ausência desses ideais, num país sem rumo,
nos levou ao estado lamentável a que chegámos.
Com a abertura das
portas, aos ideais do 25 de Abril, os direitos e as liberdades dos cidadãos,
reconhecidos e salvaguardados por uma Constituição, que agora pretendem
relegar, permitiram a afirmação dos portugueses no mundo, e o desenvolvimento
cultural e equilíbrio social das famílias, ao longo dos 40 anos de democracia, até
que, perante uma europa subjugada aos interesses e relações comerciais e
empresarias dos grandes grupos económicos, apertou o cerco, condenando,
castrando e subalternizando na sua essência, os sentimentos, os valores e as
prioridades das famílias na sociedade.
Esta globalização selvagem,
facilitada e estimulada, em resultado da ausência do idealismo político, não é
mais que uma ditadura capitalista encapotada, que impede a livre expressão dos
sentimentos e do pensamento, tendo como consequência imediata, a quebra dos
valores e da identidade dos povos.
Falar em patriotismo,
direitos e liberdades individuais, começa a ser hoje quase um crime, numa
sociedade amordaçada por uma globalização a caminho da desumanização, que urge
contrariar a todo o custo, na defesa e preservação da nossa independência e
identidade, que fomos capazes de impor à europa, até aos dias de hoje.
Queremos voltar a ser
uma Nação para todos, e não só para alguns, recuperando e associando o que de
essencial nos une, entusiasma e diferencia, como o humanismo, os valores da
igualdade, o sentimento patriótico a identidade e o orgulho de ser português.
Continuarmos a abdicar
dos nossos ideais, submissos a um regime em agonia, desrespeitador da regras constitucionais,
sobre as quais juraram cumprir, continuando a permitir a provocação destes
carrascos do idealismo, continuando sem rumo e deixando-nos embalar por esta
mentira, contraria uma tradição secular enraizada no povo português, o espírito
da Constituição, o bom senso e as regras elementares da democracia.
Urge por isso, mais que
não seja, recuperar e unificar esse conjunto de valores e sentimentos,
consubstanciado no idealismo, com convicção, esperança e veiculado a alternativas
associadas à sensibilidade de cada um e no respeito pelos direitos essenciais
dos cidadãos em geral.
A premeditação dos
nossos governantes, ao serviço desta nova ordem mundial, levou ao colapso de
uma estrutura económica, já de si deficitária, a troco de uns míseros patacos,
oriundos da nossa entrada na Comunidade Europeia e embolsados pela pandilha
instalada nos gabinetes ministeriais e seus compinchas, num plano por etapas e estrategicamente
montado e consentido, com o objectivo de derrubar os governos nacionais.
Este plano em etapas
deu, aos defensores desta globalização desenfreada, a capacidade de,
silenciosamente e sem visibilidade imediata, alterar as atitudes e o sistema de
valores da sociedade. Essa alteração comportamental de massas facilita, a ideia
de que uma europa a uma só voz poderá, trazer equilíbrio e equidade entre os
diversos países que a constituem.
Nada de mais errado, e
qualquer pessoa razoavelmente inteligente perceberá, que sem autonomia e soberania
nacionais, todas as liberdades e garantias individuais ou colectivas, vertidas
na Constituição, que nos podem proporcionar felicidade e prosperidade, estarão
irremediavelmente hipotecadas.
Como exemplo de
intenções, tenho a perfeita convicção que, as medidas, recentemente divulgadas
pelo Vice-Primeiro Ministro Paulo Portas, são a forma encontrada e articulada com
os elementos responsáveis por esta nova ordem mundial, para controlar o sistema.
As exéquias fúnebres anunciadas
ao sistema de ensino público de qualidade e gratuito, não são mais do que um
meio para atingir um fim, e esse fim é a inversão do processo educacional
iniciado com a revolução de Abril, tal como a privatização e devolução de
hospitais públicos a misericórdias, não é mais do que o anúncio do fim do
Serviço Nacional de Saúde que tanto incomoda e prejudica os grupos económicos, com
interesses na área da saúde, com eles identificados.
Ter uma sociedade
técnica e culturalmente evoluída, é contra os pergaminhos das ditaduras, fazendo
da força do trabalho, um simples algarismo na cadeia de produção, onde o
indivíduo é explorado e a demonização dos defensores dos direitos e regalias
dos trabalhadores, não são permitidas nem respeitadas.
Uma das formas encetadas
por estes lacaios do capital é, convencer-nos que o nosso sistema actual está
falido, não funciona, e que por isso, torna-se necessário reforma-lo. É o que,
como já referi, querem fazer com o ensino público, criando jovens educandos de
primeira e de segunda, onde as capacidades financeiras das famílias, farão
prevalecer, no futuro, a perpetuação das diferenças sociais, onde os que podem,
pagam para se formar, mesmo que não tenham aptidões para tal, e os que não
podem, passam a ser mais um número no servilismo capitalista e nas filas de
espera de um qualquer centro de emprego, ou sujeitar-se a servir sem direito ou
oportunidade de colocar as suas potencialidades intelectuais e de conhecimento
ao serviço do país.
Os escândalos na administração
pública, com a benevolência conhecida da justiça, são outra forma de atingir
esse objectivo, e que vai alimentando uma corja de oportunistas, à custa de uma
população subjugada ao peso dos impostos e redução de salários e pensões.
Em 40 anos de sistema
democrático, quando perante este quadro, continuamos a eleger candidatos que
nunca cumprem as suas promessas eleitorais, nem respeitam os programas
sufragados, percebe-se que algo está errado no processo eleitoral, retirando-se
daqui que, ou a população não sabe ou não quer pensar de forma crítica, permitindo
que debaixo dos pavilhões partidários, se escondam candidatos sem qualquer
compromisso com os princípios e desígnios ideológicos, base de formação desses
partidos.
Quando no mundo da
política, os protagonistas se servem da mentira, as quais são, passado algum
tempo, desmascaradas, e mesmo assim conseguem voltar a enganar os eleitores,
percebe-se que estes novos dirigentes, apostados em destruir o aparelho Estado,
através de crises planeadas, vão hipocritamente concretizando os objectivos a
que se propuseram, enquanto o povo se entrega resignado, de braços caídos, sem
forças para fugir a este genocídio social, para o qual nos estão conduzir.
Depois de todas as
medidas de corte salarial e supressão de direitos aos trabalhadores, o que
assistimos é à globalização de uma pobreza constrangedora das populações nos
países intervencionados, razão pela qual se prevê um futuro deveras sombrio sob
a tutela da Troika, a mando dos grandes magnatas internacionais, aplicando o
remédio errado ao doente para o aniquilar, afastando cada vez mais, a cada dia
que passa, os objectivos do governo dos interesses da Pátria.
A desculpa esfarrapada
utilizada para justificar as medidas tomadas e a tomar, para pagar a dívida
pública, nunca esteve no horizonte nem nas intenções da Troika, porque o que os
credores, seus representados, se quiseram assegurar, era de que o país permaneceria
endividado no futuro, com mais e cada vez maior agravamento da dívida, para
assim a economia do país ser reestruturada, a seu belo prazer e em proveito
próprio, através da tão apregoada reforma do estado.
Continuamos a assistir
a uma autêntica pilhagem dos nossos parcos recursos, com a venda das empresas
estatais mais lucrativas e património indispensável à sustentabilidade do
sistema, consolidando assim uma economia dependente das exportações de produtos
resultantes de mão-de-obra barata, e dos altos impostos cobrados aos cidadãos.
Os portugueses terão
que responder com convicção e denodo, ao ataque desta nova ordem mundial,
através dos ideais da liberdade, solidariedade e patriotismo, que através dos
tempos nos alcandoraram nos anais da História, fazendo jus à memória e glória dos
nossos antepassados.
João Carlos Soares
Barreiro, 04 de
Novembro de 2013
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