sexta-feira, novembro 15, 2013

Esta democracia em que vivemos, é uma farsa



Hoje, dia 14 de Novembro de 2013, na abertura dos noticiários, em todos os canais de televisão, foram os portugueses surpreendidos, por uma notícia, que de tão empolada que foi, com a presença e discursos de diversos ministros, até parecia que tinham chegado ao fim, todos os problemas e privações dos cidadãos, desta parcela da Europa, à beira-mar plantado, ou então a notícia divulgada, teria como objecto um outro país, porque por cá a realidade é lamentavelmente muito diferente.
Que maior disparate, que enorme mentira, num regime que pretende manter as aparências, mas não consegue disfarçar a democracia de mentira em que estamos atolados.
Assistimos estupefactos aos dislates destes aprendizes de feiticeiro, excelentes alunos de uma escola que domina a europa, a caminho de uma ditadura, na sombra de um modelo implementado e que rege hoje as sociedades democráticas, mas que não são mais que democracias de fachada, que estão reféns e obrigadas a obedecer ao sistema financeiro, criando cada vez mais desigualdades entre os cidadãos, que levarão definitivamente ao colapso social, subjugados ao poder absoluto do capitalismo, ele próprio ameaçando desmoronar-se encima das cabeças dos seus fomentadores.
Com tanta mentira e falta de rigor, há que tomar medidas urgentes para por termo a esta pouca vergonha. É preciso declarar, de uma vez por todas, guerra contra aqueles que se têm servido da democracia para enriquecer, onde os lobbies secretos decidem sobre o destino de milhões de pessoas, independentemente da vontade expressa e sufragada nas urnas.
Os cidadãos sem filiação partidária, militantes e simpatizantes das estruturas progressistas deste país, têm que resolver entre si as diferenças, procurando capitalizar o que os une, acabar com os rancores do passado e, encetar uma jornada de luta e contestação, até que vejam a sua dignidade reposta, respeitada e garantida.
Se não nos opusermos a esta casta de poderosos instalados no poder, que beneficiam de uma completa impunidade, e cobertura do Presidente da República, seremos, no futuro, acusados de pactuar com aqueles que ditam as leis e desrespeitam os mais elementares deveres do Estado perante os seus cidadãos, como uma autêntica máfia, que acabará por destruir o sonho de gerações que ambicionaram e lutaram toda a sua vida para serem livres e deixar um país com futuro para os seus descendentes.
Há que restaurar a democracia, desmascarar a oligarquia instalada, expondo-a tal como ela é, pois não passa de um regime nas mãos de poucos, impondo os seus critérios sem hipótese de serem sequer questionados, que pretende manter os privilégios de uma elite em detrimento das necessidades sociais básicas da maioria dos cidadãos.
O caminho escolhido para a europa, vai deslizando até uma espécie de regime europeu autoritário, liderado pela Alemanha, cujo único objectivo é levar os países em dificuldades e economicamente destruídos, a uma situação social politicamente dramática, pondo termo à democracia, como a entendemos.
Ouvimos repetidamente, da boca dos governantes, que estamos em democracia e que tudo está debaixo do seu controle, mas que não passa de uma falácia consentida, pois sabemos muito bem que estão em perfeita sintonia ideológica com o capitalismo, e que progressivamente nos irão roubar a liberdade e o poder ao povo.   
A democracia portuguesa está enferma, debilitada pelos desvarios e falcatruas dos governantes, onde os mercados e o poder financeiro determinam as orientações do governo nas suas decisões políticas. Vivemos sim, mas numa democracia só para alguns, uma vez que se puseram de acordo entre si, PSD/CDS e Presidente da República, impondo as decisões ao arrepio da Constituição Portuguesa, numa prova de braço de ferro entre o direito dos cidadãos e o poder desmedido dos mercados financeiros, e não se enxerga por parte do PS, uma atitude sancionatória e crítica, que convença o eleitorado, demarcando-se das posições assumidas pelo actual governo com propostas sérias que garantam e reponham a nossa soberania.
Os políticos deixaram de tomar decisões na defesa dos cidadãos e interesse público, desde que essas decisões possam vir a prejudicar os interesses económicos e os interesses da oligarquia financeira, que assim, manobra e mantem as rédeas curtas do poder político do Estado, retirando-lhe efectivamente na prática a soberania popular e do Estado.
O povo, somos todos nós, quer estejam ou não identificados com as diversas famílias políticas, pelo que face ao desrespeito do governo, para com o povo que os elegeu, e sendo o povo o coração da democracia, esta postura representa, nada mais nem menos do que, uma ruptura profunda e irreversível com o povo e com os valores de uma verdadeira democracia.
A nossa obrigação terá que consistir, no seu essencial, em garantir no futuro, as condições da possibilidade de sonhar e dar aos nossos filhos a capacidade de também eles poderem sonhar e viver numa sociedade onde o respeito, os valores e a dignidade dos cidadãos estejam garantidos.  
Não sei se conseguiremos caminhar pacificamente para uma transformação da sociedade, por forma a reconquistar a democracia perdida, com inteligência, evitando cairmos na armadilha da violência, para que não tirem partido nem proveito disso. Para tal, será preciso muita coragem e união, concertação e atitude patriótica, pondo termo a este país do faz de conta, da farsa e da derrota da democracia.
João Carlos Soares
Barreiro, 15 de Novembro de 2013

terça-feira, novembro 12, 2013

Um Exercício para além dos Preconceitos



Olhando para as manifestações que vão acontecendo no nosso país, mais propriamente, nas capitais de distrito, com predominância no Porto e em Lisboa, acções de protesto e desespero, das populações contra as medidas governamentais e ingerência externa, constatamos uma novidade introduzida após o 19 de Setembro, que é o aparecimento de movimentos sem qualquer hierarquia ou organização, os anonymus e os indignados.
Estes grupos, perfeitamente identificáveis, muitos deles arregimentados pelas redes sociais, cerram fileiras, mostram força e capacidade mobilizadora, para enfrentarem as polícias e infligirem danos avultados, quer na propriedade pública quer na privada, partindo montras e pintando slogans nas fachadas de alguns edifícios emblemáticos e relacionados, ou com o poder ou com os grupos ligados ao grande capital, como a banca.
Este tipo de manifestantes, começaram a gozar de uma certa dimensão no espectro contestatário português, popularidade e seguidores que, mesmo não sendo estruturas organizadas, têm já uma grande implantação nas redes sociais, e movimentam-se no interior das massas, de forma tática e objectiva, como se fossem militantes de uma qualquer estrutura partidária.
Este tipo de movimentos, já com algum historial e popularidade na Europa, mas que assumiram um papel de relevo em Portugal, quando, através do uso de uma máscara a cobrir os rostos dos manifestantes, fizeram capa de revista e primeiras páginas, nos meios de comunicação social, e passaram a ser a imagem de marca, quase uma esfinge do protesto e da contestação dos povos, secundarizando o papel dos partidos de esquerda, e apresentando-se como uma alternativa ao combate levado a cabo por esses partidos.
Este movimento, correlacionado até certa forma, com o também Movimento dos Indignados, ganhou ainda uma maior expressão junto das camadas mais desfavorecidas e atingidas com o descalabro económico e social, no nosso país, que transformaram estes movimentos como baluarte da contestação à globalização e consequências na soberania do nosso país, relegando o desempenho dos partidos políticos, para uma situação comprometedora, em democracia.
É nesse pressuposto que, os dirigentes partidários, têm que de uma vez por todas, passar a ouvir e estar atentos às alterações que entretanto foram acontecendo na sociedade portuguesa, abrindo o seu espaço de discussão e ao mesmo tempo, absorvendo as sensibilidades vivas da população, e deixando que as estruturas partidárias existentes se sirvam da “antiguidade como um posto”, para afastarem ou impedirem todos quantos, desiludidos, mas conscientes e coerentes dos valores que os norteiam, venham a fazer parte dessas mesmas famílias políticas e contribuir assim com a sua disponibilidade e vontade na luta contra os algozes representantes do capitalismo.
Se isso não vier a acontecer, há que temer num futuro próximo, o que já se sente no presente, em que esses desiludidos e sem esperança no futuro, usam a abstenção, como argumento de contestação, porque não houve capacidade nem trabalho de esclarecimento e integração dessas pessoas, pelos partidos verdadeiramente de esquerda, perdendo-se um enorme potencial, de podermos assistir à constituição de um governo progressista, verdadeiramente empenhado na defesa dos interesses e dignidade dos trabalhadores.
Faço votos para que isso venha a acontecer, que a abertura a um espaço plural, poderá diminuir o fosso entre a velha e a nova esquerda, abrindo caminho a novas e estimulantes perspectivas para a luta das populações contra o capital.
Mas para que isso seja uma realidade, será necessário e indispensável um exercício de compreensão mútua que vá além dos preconceitos e procure aprender a respeitar a diferença e a diversidade, vendo nela não uma fraqueza, mas uma força e reforço do movimento de esquerda, em Portugal.
João Carlos Soares

segunda-feira, novembro 11, 2013

O Cabo das Tormentas



Lendo e relendo as afirmações de Krugman, sobre as dívidas europeias, da Grécia, Portugal e Irlanda, em que fica no ar o espectro da falta de bom senso, como o mundo e a europa estão a ser governados, parece que só aos nossos governantes, e restante classe política, com responsabilidades de governação, estas afirmações não estão a convencer, ou então, sabendo o buraco em que meteram o país, tal como diz Krugman, ainda estão à espera da fada que irá produzir um milagre, que nos livre de uma catástrofe social, há muito anunciada.
Dos países em dificuldades, a Espanha, fugiu à masmorra a que Portugal se submeteu, tomou as medidas que entendeu serem necessárias, para equilibrar o barco e, passados dois anos, começam a ver a luz ao fundo do túnel, coisa que nós, muito dificilmente, poderemos ambicionar ver, se nada acontecer entretanto, que mude e contrarie as linhas de orientação política em curso, recolocando-nos no caminho do desenvolvimento e afirmação, de uma nação secular como a nossa.
Aos espanhóis foram pedidos sacrifícios, esforço combatido pelas populsções, mas aceite com o princípio da conservação e manutenção da soberania do país, não permitindo a ingerência de entidades externas, nem da União Europeia, na procura de soluções para ultrapassarem o desequilíbrio nas suas contas, o que não aconteceu com Portugal, por culpa dos nossos governantes, que capitularam e se submeteram, sem apelo nem agravo, às garras dos agiotas capitalistas, os quais em troca de dinheiro e promessas, destruíram toda uma cadeia de recursos, deixando-nos ainda mais dependentes do mercado e apoios externos.
Sujeitos às regras e compromissos celebrados entre o Estado Português e o triunvirato maldito da troika, sem qualquer resultado à vista, e contrariamente às afirmações dos nossos governantes, nada aconteceu, nem irá acontecer nenhum milagre, porque a economia é uma ciência criada pelos homens, onde um mais um, são dois e não talvez. Querem-nos fazer crer que, manipulando os números da dívida e desemprego e transferindo o ónus da dívida de uns para outros credores, a dívida diminuiria, o que não acontece, pois esta manter-se-á inalterada, e por vezes agravada, porque para pagar os juros desse dinheiro, nada resta para a peça fundamental na engrenagem do desenvolvimento de qualquer economia, que é o investimento, resultando daí a tributação nos lucros das empresas e nos salários da mão-de-obra criada em torno desses investimentos, no consumo e serviços prestados.
Prova deste descalabro europeu, porque é disso que se trata, são as alterações no mercado financeiro, que oscila constantemente, face às crises de confiança governamental, e não, face aos resultados económicos desses países. É a confiança, como diz Krugman, que dita os juros e regula as economias, como se na confiança ou desconfiança dos governantes, residisse a solução para os problemas de cada país.
Por aqui se pode aquilatar o ridículo a que se chegou, quando se misturam sensibilidades com matéria pura, nada que não se veja ou adivinhe, tal como não será nenhuma surpresa, o facto de que estes três países, nunca irão poder saldar as suas dívidas. Nesse pressuposto, com as notícias ultimamente veiculadas ao Ministério da Finanças, parte ou cerca de 50% das verbas do Fundo da Segurança Social, aquele dinheiro que os contribuintes ao longo da sua actividade profissional, depositaram à guarda do Estado Português, vai ser aplicado, na dívida pública portuguesa, sabendo-se já que será a mesma coisa que meter uma mão na boca do crocodilo, antes de um piscar de olhos, a mão já se foi, porque com estes protagonistas, o Estado deixou de ser uma pessoa de bem e sem palavra.
É triste que esta escumalha, sim porque de escumalha se trata, bandidos, aldrabões sem qualquer escrúpulo, salvaguardados pelas mordomias que construíram para usufruto dos próprios e dos seus correligionários, se banqueteiam perante a miséria e sofreguidão de uma população em desespero, votada ao abandono, desprovida de meios e sem esperança num futuro de privações e sem esperança.
A união dos países europeus, sonho defraudado por políticas premeditadas e sem nexo, subalternizadas ao poder de uma Alemanha de má memória, onde os sentimentos de vingança de uma capitulação militar, alimentam políticas de ambição desmedida, própria de sistemas neoliberais e fascistas, ditam as regras do mercado, sem respeito pela soberania dos países, numa europa adormecida e em total dependência económica e financeira, ligados a uma moeda altamente cotada, desequilibrando por isso a balança entre as matérias importadas e as exportadas, visto a Alemanha, ser o maior fornecedor de toda a Europa, resultado do desmantelamento das estruturas produtivas e de transformação desses países, aquando da sua adesão ao tratado europeu, tornando-as dependentes crónicas, de produtos e matéria-prima.
Os governos democraticamente eleitos em cada país deixaram de ser os decisores da vontade popular, e passaram a ser mandatários e executores de regras e imposições do Parlamento e Banco Central Europeu, dominado pela Alemanha, que se assume como o protetorado esclavagista dos restantes países, quase todos do Sul e antigos aliados na luta contra o domínio da Alemanha sobre a Europa, numa competição desenfreada com outras potências fora do eixo europeu, Estados Unidos, Rússia, China e Japão, que tendo dívidas públicas colossais, mostram o fracasso e a ineficácia do sistema selvagem capitalista, onde os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais na miséria.
Não basta apregoarmos que estamos numa democracia, que escolhemos livremente os nossos representantes, se o resultado do desempenho desses representantes, não for coincidente com a defesa dos interesses, valores e condição de vida de quem neles delegou confiança e do país.
 Há que por termo a esta situação, impedindo que esta economia baseada num mercado controlado e condicionado pela Alemanha, alicerce ainda mais e implemente as suas raízes, porque estaremos a hipotecar a nossa independência, o desenvolvimento do país e, que terá como resultado, uma trágica realidade com exércitos de excluídos entre as camadas da população menos estruturada e socialmente debilitada, tão comum nos sistemas de exclusão social que caracteriza o capitalismo nas economias periféricas.
Ninguém acredite que estas medidas impostas a Portugal, vão criar o milagre português, como já ouvimos da boca de alguns ministros, pois toda a estratégia envolvida nos programas de apoio, são gizados e parametrizados com o objectivo de criar uma sociedade empobrecida, classista e de exclusão, criando-se um sistema de apartheid social, regredindo aos tempos que antecederam a industrialização, criando-se uma engrenagem de pobreza, sem emprego, e consequentemente abundância de mão-de-obra barata, com a consequente liberalização do mercado de trabalho, sem respeito pelos direitos e regalias dos trabalhadores.
É preciso hoje, mais do que nunca, fazer-se uma depuração dos conceitos de democracia, não permitindo a ascensão de determinadas terminologias que caem no domínio público, como a exclusão social ou os socialmente excluídos, o que por vezes provoca o desalento e capacidade dos cidadãos lutarem para serem elementos indispensáveis no processo produtivo, económico e subsequentemente, a chave no desenvolvimento do país.
Esperemos não vir a ser uma das pedras do dominó, que agora começa a cair, pedra-após-pedra, como refere Krugman, com as consequências que todos tememos. Por essa razão, mais que não fosse, é urgente que os cidadãos tomem consciência de que, continuando a escolher políticos sem palavra, estamos a ser coniventes com as posições e decisões por eles tomadas, que no caso presente, tudo indica, conduzirão o país a uma situação de rotura económica e social, cujo retorno poderá acarretar para todos nós o “Cabo das Tormentas”, as amarras a uma possível ditadura.
João Carlos Soares
Barreiro, 11 de Novembro de 2013

segunda-feira, novembro 04, 2013

O que me vai na alma!



Os partidos políticos renunciaram praticamente ao idealismo, os políticos mobilizaram-se, com o intuito de garantirem estímulos sociais e oportunidades financeiras, enquanto a comunicação social vai intoxicando os cidadãos, com notícias arquitectadas e manipuladas, como se tudo o que está a acontecer fosse inevitável como o destino.
A obstinada acção política de por termo ao idealismo humano, transformou-se na maior ameaça à sociedade, esvaziou a maioria dos partidos políticos da sua génese e aniquilou todo ou qualquer sentimento susceptível de encorajar formas de pensamento.
A resignação social e o estado de estrangulamento colectivo dos cidadãos, como consequência da ausência do idealismo político, foram uma aposta materialista e desumanizada, ganha por esta nova ordem mundial, chamada globalização.
Os genuínos ideais libertados pelo 25 de Abril, com convicção e associados à emoção e generosidade, alimentaram nos cidadãos, a esperança de um equilíbrio social e futuro saudáveis, mas que, e face à ausência desses ideais, num país sem rumo, nos levou ao estado lamentável a que chegámos.
Com a abertura das portas, aos ideais do 25 de Abril, os direitos e as liberdades dos cidadãos, reconhecidos e salvaguardados por uma Constituição, que agora pretendem relegar, permitiram a afirmação dos portugueses no mundo, e o desenvolvimento cultural e equilíbrio social das famílias, ao longo dos 40 anos de democracia, até que, perante uma europa subjugada aos interesses e relações comerciais e empresarias dos grandes grupos económicos, apertou o cerco, condenando, castrando e subalternizando na sua essência, os sentimentos, os valores e as prioridades das famílias na sociedade.
Esta globalização selvagem, facilitada e estimulada, em resultado da ausência do idealismo político, não é mais que uma ditadura capitalista encapotada, que impede a livre expressão dos sentimentos e do pensamento, tendo como consequência imediata, a quebra dos valores e da identidade dos povos.
Falar em patriotismo, direitos e liberdades individuais, começa a ser hoje quase um crime, numa sociedade amordaçada por uma globalização a caminho da desumanização, que urge contrariar a todo o custo, na defesa e preservação da nossa independência e identidade, que fomos capazes de impor à europa, até aos dias de hoje.
Queremos voltar a ser uma Nação para todos, e não só para alguns, recuperando e associando o que de essencial nos une, entusiasma e diferencia, como o humanismo, os valores da igualdade, o sentimento patriótico a identidade e o orgulho de ser português.
Continuarmos a abdicar dos nossos ideais, submissos a um regime em agonia, desrespeitador da regras constitucionais, sobre as quais juraram cumprir, continuando a permitir a provocação destes carrascos do idealismo, continuando sem rumo e deixando-nos embalar por esta mentira, contraria uma tradição secular enraizada no povo português, o espírito da Constituição, o bom senso e as regras elementares da democracia.
Urge por isso, mais que não seja, recuperar e unificar esse conjunto de valores e sentimentos, consubstanciado no idealismo, com convicção, esperança e veiculado a alternativas associadas à sensibilidade de cada um e no respeito pelos direitos essenciais dos cidadãos em geral.
A premeditação dos nossos governantes, ao serviço desta nova ordem mundial, levou ao colapso de uma estrutura económica, já de si deficitária, a troco de uns míseros patacos, oriundos da nossa entrada na Comunidade Europeia e embolsados pela pandilha instalada nos gabinetes ministeriais e seus compinchas, num plano por etapas e estrategicamente montado e consentido, com o objectivo de derrubar os governos nacionais.
Este plano em etapas deu, aos defensores desta globalização desenfreada, a capacidade de, silenciosamente e sem visibilidade imediata, alterar as atitudes e o sistema de valores da sociedade. Essa alteração comportamental de massas facilita, a ideia de que uma europa a uma só voz poderá, trazer equilíbrio e equidade entre os diversos países que a constituem.
Nada de mais errado, e qualquer pessoa razoavelmente inteligente perceberá, que sem autonomia e soberania nacionais, todas as liberdades e garantias individuais ou colectivas, vertidas na Constituição, que nos podem proporcionar felicidade e prosperidade, estarão irremediavelmente hipotecadas.
Como exemplo de intenções, tenho a perfeita convicção que, as medidas, recentemente divulgadas pelo Vice-Primeiro Ministro Paulo Portas, são a forma encontrada e articulada com os elementos responsáveis por esta nova ordem mundial, para controlar o sistema.
As exéquias fúnebres anunciadas ao sistema de ensino público de qualidade e gratuito, não são mais do que um meio para atingir um fim, e esse fim é a inversão do processo educacional iniciado com a revolução de Abril, tal como a privatização e devolução de hospitais públicos a misericórdias, não é mais do que o anúncio do fim do Serviço Nacional de Saúde que tanto incomoda e prejudica os grupos económicos, com interesses na área da saúde, com eles identificados.
Ter uma sociedade técnica e culturalmente evoluída, é contra os pergaminhos das ditaduras, fazendo da força do trabalho, um simples algarismo na cadeia de produção, onde o indivíduo é explorado e a demonização dos defensores dos direitos e regalias dos trabalhadores, não são permitidas nem respeitadas.
Uma das formas encetadas por estes lacaios do capital é, convencer-nos que o nosso sistema actual está falido, não funciona, e que por isso, torna-se necessário reforma-lo. É o que, como já referi, querem fazer com o ensino público, criando jovens educandos de primeira e de segunda, onde as capacidades financeiras das famílias, farão prevalecer, no futuro, a perpetuação das diferenças sociais, onde os que podem, pagam para se formar, mesmo que não tenham aptidões para tal, e os que não podem, passam a ser mais um número no servilismo capitalista e nas filas de espera de um qualquer centro de emprego, ou sujeitar-se a servir sem direito ou oportunidade de colocar as suas potencialidades intelectuais e de conhecimento ao serviço do país.
Os escândalos na administração pública, com a benevolência conhecida da justiça, são outra forma de atingir esse objectivo, e que vai alimentando uma corja de oportunistas, à custa de uma população subjugada ao peso dos impostos e redução de salários e pensões.
Em 40 anos de sistema democrático, quando perante este quadro, continuamos a eleger candidatos que nunca cumprem as suas promessas eleitorais, nem respeitam os programas sufragados, percebe-se que algo está errado no processo eleitoral, retirando-se daqui que, ou a população não sabe ou não quer pensar de forma crítica, permitindo que debaixo dos pavilhões partidários, se escondam candidatos sem qualquer compromisso com os princípios e desígnios ideológicos, base de formação desses partidos.
Quando no mundo da política, os protagonistas se servem da mentira, as quais são, passado algum tempo, desmascaradas, e mesmo assim conseguem voltar a enganar os eleitores, percebe-se que estes novos dirigentes, apostados em destruir o aparelho Estado, através de crises planeadas, vão hipocritamente concretizando os objectivos a que se propuseram, enquanto o povo se entrega resignado, de braços caídos, sem forças para fugir a este genocídio social, para o qual nos estão conduzir.
Depois de todas as medidas de corte salarial e supressão de direitos aos trabalhadores, o que assistimos é à globalização de uma pobreza constrangedora das populações nos países intervencionados, razão pela qual se prevê um futuro deveras sombrio sob a tutela da Troika, a mando dos grandes magnatas internacionais, aplicando o remédio errado ao doente para o aniquilar, afastando cada vez mais, a cada dia que passa, os objectivos do governo dos interesses da Pátria.
A desculpa esfarrapada utilizada para justificar as medidas tomadas e a tomar, para pagar a dívida pública, nunca esteve no horizonte nem nas intenções da Troika, porque o que os credores, seus representados, se quiseram assegurar, era de que o país permaneceria endividado no futuro, com mais e cada vez maior agravamento da dívida, para assim a economia do país ser reestruturada, a seu belo prazer e em proveito próprio, através da tão apregoada reforma do estado.
Continuamos a assistir a uma autêntica pilhagem dos nossos parcos recursos, com a venda das empresas estatais mais lucrativas e património indispensável à sustentabilidade do sistema, consolidando assim uma economia dependente das exportações de produtos resultantes de mão-de-obra barata, e dos altos impostos cobrados aos cidadãos.  
Os portugueses terão que responder com convicção e denodo, ao ataque desta nova ordem mundial, através dos ideais da liberdade, solidariedade e patriotismo, que através dos tempos nos alcandoraram nos anais da História, fazendo jus à memória e glória dos nossos antepassados.
João Carlos Soares
Barreiro, 04 de Novembro de 2013