terça-feira, dezembro 23, 2008

Tolos, Burros?.... mas que falta de Vergonha.


Realmente devemos ser todos tolos, ou então querem-nos fazer passar por parvos, resumindo-se a inteligência deste povo, versus esperteza, aos ilustres mafiosos conotados e autorizados por quem manda neste país, que e de uma forma desavergonhada, pura e simplesmente roubam as poupanças dos que trabalham por estas bandas, gerindo o sistema bancário de uma forma leviana e kafkiana.

Há mais de vinte anos, têm vindo a ser transferidas e dizimadas as reservas do Estado acumuladas ao longo de 40 anos, durante a opressão fascista, para as contas bancárias das elites instaladas, criando-se fortunas incalculáveis, de uma série de famílias privilegiadas pelo sistema capitalista defendido Governo após Governo, pedindo-se sistematicamente ao povo, às massas produtivas deste país, sacrifícios atrás de sacrifícios.

Sempre que se colocam à discussão os orçamentos de estado, a situação apresenta-se geralmente, para não variar, deficitária para se poder sequer pensar vir a contemplar compensações remuneratórias nos ordenados, confinando-se míseras percentagens nos aumentos salariais respectivos, justificando-se tal facto, pela razão de dificuldades e equilíbrios de gestão financeira do estado, que ninguém entende, enquanto uma série de ilustres crânios se apressam a ludibriar publicamente os incautos cidadãos, com números que não fazem sentido, nem correspondem na realidade à verdade dos factos.

Obrigam-nos a viver num sistema virtual, onde esgotados o maná de cifrões oriundos anos após anos dos fundos comunitários resultantes da nossa integração na Comunidade Europeia, pouco mais fizeram a este país que não fosse encher os bolsos dos que sempre estiveram ao comando e na decisão da atribuição desses fundos, porque todos os investimentos suportados pelos quadros comunitários, mais tarde ou mais cedo apresentam-nos a factura do seu pagamento, com aumentos ou aparecimento de novos impostos.

Não se consegue entender porque razão, sabendo o governo português e estando na posse de informação concludente dos diversos desvios e fraudes recentemente a descoberto no sistema bancário Português, não tenha ainda tomada a decisão mais importante contra a fuga de capitais dos prevaricadores, congelando-lhes de imediato todas as suas contas e bens. Só assim prestariam um serviço inestimável e credível aos portugueses, que se vêem mais uma vez enganados e ludibriados pelos barões que vieram substituir no regime democrático, o papel dos caciques do regime salazarista.

Anda-se a discutir migalhas, não havendo dinheiro, quando a discussão é em torno dos salários e das reformas, mas quando se trata de fazer face ao desmando que actualmente existe no sistema bancário, fica no ar a pergunta:

De onde, afinal de contas, aparece todo este dinheiro injectado pelo Governo nos diversos bancos ?

Se não há condições económicas para dar alguma saúde aos ordenados dos trabalhadores portugueses, porque será que essas mesmas condições não se fazem sentir para encher e salvaguardar os bolsos da classe rica deste país?

Não somos tolos, não somos burros nem estamos disponíveis para tolerar mais tanta falta de vergonha.

É preciso começar a fazer-se sentir a revolta dos portugueses perante esta pouca vergonha, não permitindo e tomando posições públicas de desagrado para com esta atitude e postura dos nossos representantes, confrontando-os com a verdade dos factos, e alertando-os que a paciência tem limites.

Um regime democrático, não pode só por si ser chamado de livre, quando as trafulhices começam a proliferar e ser toleradas na nossa sociedade, as desigualdades acentuam-se carregando e exigindo aos mais desfavorecidos sacrifícios, enquanto os nossos representantes parecem e estão mais empenhados em salvarem-se politicamente a si próprios, do que a tudo fazerem ao seu alcance para criar as condições de vida a que todo o cidadão num sistema democrático deve ter direito.

O livre sistema partidário, suporte indispensável nos regimes democráticos, há muito se tem vindo definhando, encontrando-se fortemente debilitado e à beira da ausência e falência idelógica, resultante da ganância pelo poder.

Com tanta inteligência crítica que nos apresentam diariamente nos órgãos de comunicação, pergunto-me onde estavam, enquanto os vigaristas do sistema perpetraram todo este logro financeiro?

Os termos técnicos que apresentam, são todos cheios de malabarismos tal qual espectador no circo, que de boca aberta, se surpreende número atrás de número , só que os efeitos deste circo em que nos têm envolvido, acarreta nas nossas vidas consequências devastadoras.


João Carlos Soares

sábado, dezembro 20, 2008

Catástrofe Financeira Mundial


Os desafios e as consequências do capitalismo

Com a consolidação da União Europeia e o crescimento de alguns mercados emergentes a ter um papel importantíssimo no desenvolvimento e sustentabilidade dos mercados bolsistas mundiais, houve quem considerasse que o espectro do fantasma capitalista Norte Americano tivesse deixado de ter a importância que até há bem pouco tempo exercia na economia global.

Pura ilusão, pois a catástrofe económica emergente no sector habitacional dos Estados Unidos, tomou proporções jamais imaginadas, difundindo-se a todos os mercados sem excepção.

Como referiu Hugo Chávez, esta catástrofe do sistema financeiro internacional, só pode ter comparação ao poder de uma centena de furacões, tal a profundidade e o efeito devastador global em toda a economia mundial.

Esta crise começou a assumir proporções assustadoras, quando os mercados de acções asiáticos e europeus se apresentaram em queda abrupta e sistemática, com perdas consideráveis, situação que após alguns dias se percebeu não ser passageira mas contagiada pela instabilidade da crise financeira Norte Americana.

A corrida em Outubro do Congresso dos Estados Unidos para o apoio aos bancos, por forma a salvarem da falência eminente esses mesmos bancos, e ao mesmo tempo não permitirem a auto-destruição de todo o sistema económico americano, foram o facto determinante e prova de que o sistema capitalista mais uma vez tinha fracassado.

Da mesma forma que os americanos financiaram as instituições bancárias, numa tentativa de contenção à corrida aos bancos, levou os governos Europeus a avançar com estratégias de financiamento às instituições apanhadas neste colapso.

Perante este quadro, conclui-se a vulnerabilidade cíclica do sistema capitalista, onde a falta ou ausência de uma regulamentação efectiva contribuíram e facilitaram o descalabro nos mercados financeiros.

A evidência destes factores são claros no mercado habitacional, onde as casas se vão amontoando nas agências imobiliárias sem compradores, as empresas sem saída e saturação no mercado dos seus produtos, confrontadas com a queda da taxa de lucro, são obrigadas a redução dos salários e a despedimentos e subsequente encerramento, aumentando e contribuindo para um cada vez maior desequilíbrio e instabilidade social.

Um sistema como o capitalista, apodrecido e tendente às crise sistemáticas, com o único objectivo de obtenção de lucros, sem preocupação de atender a necessidades humanas específicas, só poderá contribuir para o empobrecimento das classes menos favorecidas, concorrendo inevitavelmente para uma calamidade, que, se não evitada a tempo, poderá levar a uma catástrofe absurda de milhares de lares arrestados pelas instituições bancárias, aumentando o já elevado número de famílias sem tecto, a fome e o aumento da criminalidade.


João Carlos Soares

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Os ciclos da crise


Até há bem pouco tempo, falar-se em intervenção do estado no sector privado, através de qualquer tentativa de interferência no sistema económico, teria como resultado, uma cruzada de alguns actores representantes e defensores de grupos económicos apologistas do livre mercado como único regulador da economia, atacando os possíveis invasores, de estarem a imiscuírem-se nos negócios do sector privado, apelidando o Governo de regresso ao passado e tudo o mais que se diria e escreveria, despertando um passado ainda bem vivo na memória de alguns senhores feudais.
Será que mudaram as suas posições analisando e revendo as teorias defendidas nas estratégias que suportaram ao longo dos tempos, reconhecendo conceitos estratégicos equivocados, para os quais não encontram soluções ou passes de mágica que conduzam a depressão a um nivelamento da economia na realidade do tempo presente.
A questão que se coloca numa primeira avaliação da situação a nível internacional, é a de que o que neste momento está em causa, é saber se a crise pode e deve ser imputada ao sistema capitalista, ou ao liberalismo em geral.
As sociedades mundiais, têm vindo através dos Governos instalados a desenvolver e cultivar políticas de desagregação social através da cada vez maior desigualdade de direitos dos cidadãos, num crescendo e ameaça da pobreza e exclusão social, sem uma lógica estrutural que justifique a forma e o modo de condução das políticas internas, tentando procurar os culpados de uma forma impessoal e generalizada, quando a culpa tem nome e é parte integrante do sistema liberal que nos têm obrigado e permitido aceitar.
Constatando-se que o mercado aberto era responsável pela generalização da crise capitalista a nível global, não se percebe porque razão se permitiu e incentivou a sua ampliação, impedindo a privatização e interferência cada vez menor do Estado nas economias, como a nossa, em agonia constante.
Com o alastramento da crise económica a nível internacional, os defensores do liberalismo vêm agora apresentar como solução, uma intervenção do estado onde eles falharam, argumentado e justificando as suas falhas de sistema, na complexidade da própria razão da sua existência, porque os mesmos conceitos ideológicos que utilizaram para defender o mercado aberto e livre, são agora incapazes para apurar a gravidade das suas acções, tornando a solução como tarefa inacessível e impossível, para compreender os fenómenos económicos, dos quais são os únicos responsáveis.
Os defensores do liberalismo, escondem-se agora por trás da sua própria perplexidade incompreensível do estado em que colocaram a economia mundial, em vez de assumirem a falha e os argumentos de economia de estado que implementaram e defenderam, que não funciona, tentando ainda fazer sobreviver hipócrita e ideologicamente um sistema que face à crise instalada, vem de uma vez por todas dar razão ao fracasso na prática da sua teoria.
Com a Perestróika de Gorbatchov e a abertura e Ocidentalização do Leste, uma grande parte dos recursos mundiais, alimentaram e passaram a integrar um mercado onde os Governos Liberais expandiram e permitiram um novo ciclo do sistema Capitalista, através da globalização económica, mas que graças a duas das suas características fundamentais, a instabilidade e a insustentabilidade nos conduzem a passos largos para um final irreversível e fatal.
Como resultado, foi criada uma ilusão em torno de um mercado liberalizado à escala mundial, frustrando todas as expectativas de que o mercado por si, pudesse ser uma força auto reguladora, e que face à concorrência os recursos económicos fossem investidos da melhor forma possível, seguindo uma lógica de pensamento sustentada pela especulação nas bolsas de valores de todo o mundo.
Perante as evidências da fragilidade e fracasso da ideologia liberal e do capitalismo, poderia e deveria o Estado estabelecer e fazer cumprir novas regras para se evitarem crises no futuro, controlando os fluxos de capital, privatizando os bancos em dificuldade de assumirem os seus compromissos para com os seus clientes. Pelo contrário, ao que vimos assistindo pela intervenção do Estado, as soluções apresentadas para sair da crise confirmam o carácter ideológico do liberalismo, com a ajuda às instituições bancárias e ao sistema a sair da crise, injectando capital em instituições de âmbito privado, que o continuam a ser, com capital de todos nós, para depois voltar a deixar ser novamente o mercado como órgão regulador da economia, até que, sejamos novamente confrontados perante uma nova recessão, mantendo e sustentando este sistema corrupto e virtual.
Bem gostaríamos nós que a fragilidade e fracasso prático do liberalismo, nos pudessem conduzir automaticamente à sua superação, mas a realidade mostra-nos que os interesses que são a base da sua fundamentação, são considerados mais importantes e encontram-se acima dos argumentos. Ao apelarem para a intervenção estatal na defesa das instituições financeiras, baseadas na teoria capitalista, contradizendo a sua própria teoria liberal, os defensores do liberalismo não extraem dela as consequências daí subjacentes, porque no cerne das suas crenças e na razão da existência do liberalismo, enquanto teoria ideológica, permanece e estará sempre presente e evidente o capitalismo, o qual continua a servir-lhe de vestimenta.
Joao Carlos Soares

segunda-feira, dezembro 01, 2008

O Crime não pode nem deve ser compensado


Com todas as pretensões de liderança, à esquerda, apetece-me dizer:Para a p.q.p.
Não poderei dizer nem considerar resposta politicamente correcta, nem aceitável, até podendo ser interpretado de forma errónea, com ideias e pensamentos ideologicamente de direita. Mas não, e como pode ser constatado na selva política em que nos movimentamos, o que não falta por aí, são necrófagos e hienas que de forma tola, se vão rindo, por enquanto, um riso hipócrita escondendo e encobrindo o ranger dos dentes de raiva, contra tudo e contra todos os que questionem os seus privilégios, que consideram como direitos naturais. Neste contexto, não nos podemos esquecer dos ressabiados oportunistas de última hora.
Parece até que os partidos se envergonham, e de forma lesta se apressam a despir as vestes e sentimentos que os nortearam, com o simples objectivo de agarrar uma única oportunidade que seja, para se constituírem como símbolos do nada, numa sobrevivência continuada e adiada, sustentada por mera retórica saudosista, tendo como único objectivo içar a bandeira da esquerda no altares da política.
Continua a ser o mitigar do amigo e do inimigo político a manter a sobrevivência da política e de alguns políticos, no meio de alguma perplexidade dos mais atentos e informados, ao sabor de um gosto e numa época em que as críticas não são bem vindas nem aceites, sintoma e característica de quem faz o jogo preferido da direita, utilizando alguma inocência útil dos agitadores, mesmo que não objectiva, muito menos intencional.
De forma contínua, contribuímos e alimentamos um ciclo pendular de mentes assaltadas por fantasmas do passado que continuam a ensombrar o presente com dúvidas e receios.
Quando se fala em crise, a mesma crise que contribuiu para o colapso financeiro e económico das sociedades, através da trafulhice e compadrio ultimamente conhecidos dos portugueses, através dos escândalos tornado públicos, é a mesma, e são os mesmos os responsáveis pelo fracasso do sistema político que os tolera e protege.
O mundo do faz de conta, em que nos têm envolvido e enganado, cobra de todos nós uma factura que tenho dúvidas os portugueses estejam dispostos a pagar, sem que para tal, os responsáveis, alguns deles já identificados, sem apelo venham a pagar e sentir as consequências da sua perversa acção, descaramento e falta de respeito para com todos os que acreditaram na transparência do sistema bancário, e nas garantias dos sistema político, garante do respeito pelos mais elementares valores de um País, na plena defesa da sua Constituição, são exactamente os mesmos que, hoje estão no Governo e amanhã nos lugares de administração de interesses particulares.
A actual crise internacional, coincidente e resultado da falta de confiança dos mercados bolsistas de referência, na subida descontrolada e inflaccionada dos combustíveis pelos mercados accionistas de títulos, calculados em previsões por sofisticados sistemas de engenharia financeira ao sabor dos interesses instalados na alta finança capitalista, transformando e condicionando cada vez mais a actividade política, já de si vinculada à institucionalidade cada vez mais estranha e alheia à realidade social.
Esta crise potencializada pelo descrédito, desconfiança e falência do próprio sistema político, representa a necessidade e preocupação que nos deve unir, no sentido dos cidadãos reagirem à falta de ética e desmando da vida pública, por forma a garantir que a corrupção e os actos fraudulentos apurados e desmascarados, não venham uma vez mais a ficar impunes.
O crime não pode nem deve ser compensado.

João Carlos Soares