quarta-feira, junho 12, 2013

A Inversão de Valores e a Ação Predatória do Governo

A desacreditação nos políticos, uma vez alcançado o poder, provocada pela falta de seriedade e incumprimento de promessas eleitorais, aumentam a desilusão dos eleitores e desgastam ideologicamente o regime democrático representativo.
Esta situação faz temer o pior dos cenários, se entrarmos numa crise de regime, e se os agentes progressistas deste país, não assumirem a responsabilidade de devolver e renovar a confiança dessas pessoas nas instituições democráticas, enfrentando este ataque desferido por forças ansiosas de regressar ao passado, cavando o caminho para a tragédia, abdicando da defesa dos direitos e interesses dos cidadãos.
Não podemos permitir o desvario com que o atual governo, mostrando uma completa desorientação, com a complacência de Cavaco Silva, escondendo dos portugueses a realidade orçamental, os números preocupantes de desemprego, o crescendo da dívida, contrariando as declarações públicas do ministro das finanças, abdicando para uma entidade externa, a Troika, o direito constitucional de sermos nós, a decidir no futuro, o que pretendemos para o país.
Este grupelho de idiotas, governantes sem um pingo de decência, sabem perfeitamente que, o fardo com que pretendem sobrecarregar a classe média, conduzi-la-á à ruina, numa sociedade, já de si, benevolente e estigmatizada, sem condições de mercado nem oportunidades para usar a sua condição empreendedora, conhecimento e orientação ideológica, condicionando as condições de vida, num Estado mal gerido e desorganizado, incapaz de reconhecer o mérito ao cidadão comum, possibilitando e escancarando as portas para a expansão e crescimento de forças totalitárias, garantido por um Estado de conveniência e um Presidente da República à medida dos lobies europeus.
Por esta e outras razões, devemos manter o discernimento das ideias, a nossa capacidade e visão do futuro, sem nos deixarmos amedrontar nem impressionar pela provocação musculada das polícias perante a nossa contestação, atitude e pensamentos, mantendo-nos firmes na defesa daquilo em que acreditamos, porque se assim não for, estaremos a abdicar dos nossos direitos de cidadania e, dificilmente se compreenderá, no futuro, a nossa atitude no presente.
A pujança de uma sociedade, perante as grandes decisões, só poderá ser avaliada pela capacidade inabalável e de unidade do seu povo, a elevação nos momentos difíceis, sinalizando e compreendendo os princípios, objetivos e finalidade da ação, por forma a garantir o sucesso, numa luta sem tréguas e dirigida com convicção, como condição indispensável para se alcançarem resultados.
A inversão de valores e a ação predatória de governos hipotecados aos interesses económicos conduziram, de forma maquiavélica, impiedosa e prepotente, num total desrespeito pelas regras, nas relações entre o trabalho e o capital, oprimindo e chantageando os trabalhadores, num momento único da nossa história, com o único propósito de implementarem um modelo de desenvolvimento económico, excludente, retirando e explorando as mais-valias do mercado de trabalho, sem qualquer compromisso ético, nem moral, para a sustentabilidade social das gerações futuras.
Perante um quadro tão adverso e inquietante, há que pensar, com urgência, o custo social a pagar pelos cidadãos, onde a tónica dos governantes, assenta na prática de um exercício de poder impiedoso, associado à criação de desigualdades e níveis de exploração de trabalho e pobreza cada vez mais desumanizados.
Uma pergunta que fica quase sempre sem resposta, “porque chegaram a este ponto de endividamento?”.
A razão para a qual alguns países, como Portugal, Espanha, Irlanda, Grécia, Itália, Chipre e outros, se endividaram a este ponto quase sem retorno, deve-se essencialmente à política ideológica e expansionista de nações com poder económico e tecnológico, muito superior a estes países, que, na ânsia de dominar uma parte deste sistema, suportado por uma génese capitalista, foram comprando a lealdade desses países, através de créditos generosos, sem se preocuparem minimamente como esses empréstimos estavam a ser utilizados.
O resultado desta atitude, levou a que esses fundos, em vez se serem utilizados na renovação e implementação das nossas indústrias, marinha mercante, agricultura e pescas, construção naval, entre outras, servisse para o desmantelamento de toda uma estrutura produtiva nacional, acabando com a frota pesqueira, encerrando fábricas, pagando aos agricultores para deixarem de cultivar os campos, colocando as necessidades primárias do país, à mercê dos mercados internacionais, tendo por isso mesmo, que procurar na importação, aquilo que se deixou de produzir e transformar em Portugal.
Resultado destas políticas suicidas, mas premeditadas, os recursos financeiros dos cofres estatais, ficaram á mercê dos credores, para o pagamento dos juros de empréstimo, não sobrando praticamente nada, para o investimento. Não é preciso ter nenhum canudo universitário, para se perceber quanto são dois vezes dois. Não pode haver desenvolvimento, quando não existe capacidade financeira para o investimento, e assim, o desequilíbrio da balança, penderá inevitavelmente para o lado dos mais fracos..
O governo, vazio de ideias, continua a alimentar soluções sem capacidade de autofinanciamento, onde as classes ricas e favorecidas da sociedade, em conluio com o governo, mantém, alimenta e perpetua as desigualdades, vendendo o país a retalho, aplicando impostos sobre impostos, de cada vez menos contribuintes.
Celebrar o dia de Portugal, mais parece um sofisma, quando a soberania do país se desmorona como um castelo de cartas, ao peso dos desvarios financeiros de diversos governos, num período de incertezas, onde os discursos, pouco ou nada equilibrados face ao contexto atual do país, onde a pouca assertividade das mensagens dos mais altos dignatários da nação e o repúdio público, expresso pelas populações, deixam antever momentos crispados num crescendo de contestação preocupante, num tempo de dificuldades da população, perante os reais desafios que enfrentamos.
Os desafios que se nos deparam, são avassaladores e inquietantes, com um agravamento constante da taxa de desemprego, onde pessoas excluídas do mercado de trabalho, não possuem meios para se sustentar a si próprios e aos seus familiares, naquilo que poderá ser já neste momento um drama humano. Uma coisa temos que entender, nunca poderemos abdicar da nossa responsabilidade e deixar que a estupidez e hipocrisia voluntária dos nossos governantes, egoístas e moralmente cobardes, nos impeçam de levar a efeito ações coletivas que visem a defesa dos nossos direitos e valores consignados pela Constituição da República.
Conscientes que, na atual conjuntura do país, a greve, é o último e único argumento ao dispor dos diversos setores de trabalho, necessária neste momento para combater e confrontar o egocentrismo de governantes que não respeitam os trabalhadores, nem a Constituição da República, a greve representa, ao contrário do que dizem aqueles que estão ao serviço e subjugados a este poder tirânico, um ato de coragem para quem a decide e para quem a faz.
João Carlos Soares
Barreiro, 11 de Junho de 2013

quarta-feira, junho 05, 2013

A Esquerda Unida Jamais Será Vencida!



Passos Coelho, com o seu discurso de raiz ideológica neoliberal e a determinação em afundar o país numa crise económica de que não há memória, completamente afastado das linhas de orientação, próprias de uma social-democracia europeia, virou à direita, mostrando tiques esquizofrénicos e fascizantes, num total desrespeito pelos direitos consignados pela Constituição Portuguesa, sobre a qual jurou lealdade.
Que esperar, portanto, de um governante que, não respeitando a Constituição do seu País, se colocou de quatro, perante uma Alemanha que, a todo o custo, pretende ver concretizado um sonho diabólico, por outro tentado, substituindo as armas do terror Nazi, por outras armas, estas económicas que, com o mesmo objetivo, dilaceram e destroem compulsivamente, o futuro de gerações subjugadas à tirania de uma casta de magnatas que dominam o espetro económico em que estamos inseridos.
Esta situação só foi possível, graças à luta desenfreada entre as forças progressistas de esquerda que, nunca souberam deixar para trás as suas diferenças, aproveitando aquilo que as podia unir, a defesa dos direitos daqueles que representam, o Povo. É o que temos vindo a assistir ao longo de quase quatro décadas de democracia, onde a apetência ditatorial da direita à espreita, aproveitando essa fraqueza e ódio entre os partidos de esquerda, alimentaram uma direita envergonhada e nunca assumida, disfarçada de social-democracia, que passadas quatro décadas, aparece sem medo e pujante, numa autêntica compilação do que Salazar fez quando subiu ao poder, instaurando uma ditadura predadora dos direitos de cidadania, que os Portugueses não podem nem devem esquecer.
Torna-se necessário e urgente, uma união progressiva dos partidos de esquerda, centrais sindicais, movimentos progressistas independentes, militares e forças policiais, em torno de um objetivo, a ação e rejeição incondicional da atitude ideológica desta coligação no poder (PSD, CDS, Presidente da República), que contrariam a vontade expressa dos homens e mulheres que lutaram e contribuíram na clandestinidade, para que os militares de Abril libertassem o Povo das amarras do fascismo.
O que este governo prepara, e nos deve deixar apreensivos é, a quebra de unanimidade na sociedade civil sobre os princípios basilares do regime, optando por uma guerra ideológica desenfreada contra a Constituição, violando constantemente princípios fundamentais, numa altura em que o consenso deveria ser a prioridade para ultrapassarmos as dificuldades num contexto europeu.
No meio desta tempestade financeira dos países mais carenciados, em que nos encontramos, o 1º ministro, mostrando total falta de bom senso, ou então de forma intencional, utiliza a crise instalada, como móbil para desencadear uma guerra contra o regime, desrespeitando a Constituição e confrontando as decisões do Tribunal Constitucional, exatamente o órgão responsável por fazer cumprir os princípios e desígnios da nossa democracia.
O resultado desta desgovernação e desmando constitucional, para além de ter mergulhado o país numa enorme crise económica, sem fim à vista, parece estar a conseguir fazer, aquilo que nenhum político ou governo conseguiu fazer em Portugal, desde o 25 de Abril de 1974, que é, finalmente, colocar os partidos de esquerda e centrais sindicais, todos do mesmo lado, esperando nós que, e na continuidade desta ação, os líderes de esquerda consigam ultrapassar as suas diferenças, em prol da defesa dos princípios elementares da Democracia, dos Cidadãos e de Portugal, sem preocupação de quem a lidera, apostados sim na força que essa união produzirá, que será derrotar este governo, déspota e reacionário.
Dia 17 de Junho, o Povo deve unir-se em torno dos professores, apoiando-os, naquele que será o primeiro teste de avaliação ao ministro da educação e governo, quanto ao respeito pelo direito à greve, consignado pela Constituição Portuguesa, e que terá o seu ponto alto dia 27 de Junho, apelando-se, a todos os Portugueses, que demonstrem a sua indignação e repúdio por este governo que não os respeita.
João Carlos Soares
Barreiro, 05 de Junho de 2013