terça-feira, setembro 04, 2007

Participar........, pensando Global


Para uma participação política mais evidente, torna-se necessário, ou existe como que uma urgência, um jogo de sobrevivência e vida, de esperanças e de grandes desgostos.
Resulta daí uma tendência naqueles que desejam restituir algum sentido e algum vigor a uma política da qual muitas pessoas fogem, para utilizarem abordagens esquivas, elaboradas e mais localizadas. Contudo, é grande o risco de que, face à monotonia da vida democrática, apareçam cada vez mais atitudes anti-políticas, populistas, nacionalistas, racistas e autoritárias.
Falar-se em termos gerais de défice político da sociedade, é um erro; devemos, isso sim, reflectir sobre a mutação contemporânea a que o agente político se encontra sujeito, o qual se nos apresenta e surge numa primeira instância com o aspecto de uma crise, a começar pela crise da sua própria identidade e representatividade.
Não falando dos bloqueios e das disfunções que começam a afectar alguns sistemas políticos, uns mais do que outros, resultado do processo de globalização em curso, ou devido à sua estrutura ou por razões mais conjunturais, submete-se esse mesmo sistema político sacudindo-o e obrigado-o a transformar-se e adaptar-se por evoluções que provêm e resultam, umas das alterações no interior da nossa sociedade, outras provenientes e externas a essa mesma sociedade.
Do ponto de vista interno, o sistema deve aprender por si, ou reaprender a enfrentar as questões sociais, os dramas provocados pela crescente pobreza dos povos, da exclusão, dos filhos sem pais, da falta de segurança, das injustiças e das desigualdades crescentes.
Tudo isto exige que sejam tomadas medidas voluntariosas, por forma a garantir, num futuro próximo, o tratamento dos imensos desafios culturais que dizem respeito à vida e à morte, aborto/eutanásia, à procriação, à família, às relações entre sexos e responder de forma construtiva e formativa, ao surgimento de entidades colectivas étnicas, com as suas memórias colectivas, as suas expectativas de reconhecimento, direitos e obrigações.
Do ponto de vista externo, é necessário encarar e saber resistir com estoicismo e bravura às pressões que são exercidas cada vez com mais intensidade a partir do exterior, o que obriga os sistemas políticos a adaptarem-se às lógicas brutais do capitalismo financeiro e do comércio sem fronteiras, ou ao fluxo migratório, que provoca, sem qualquer dúvida nos países de acolhimento desses fluxos, tendências para a etnicização da vida colectiva da sociedade receptora, aumento das tensões sociais, a exacerbação do racismo, da xenofobia e, muitas vezes, o aumento da violência, o extremismo e consequentemente o aproveitamento político-partidário transformado em atitudes de puro e mediático populismo.
Os actores políticos, neste quadro de globalização, devem aprender e pensar igualmente de uma forma global, inventando e criando raciocínios que os conduzam a propostas que lhes permitam, de certa maneira, ultrapassando as fronteiras a que geograficamente e culturalmente continuam sujeitos, projectando-se e divulgando o seu país no mundo inteiro, sem deixarem nem delegarem essa responsabilidade apenas aos supostos especialistas das relações internacionais.
Mas se se torna possível falar de mutação, e não apenas de crise, porque razão existe um forte sentimento de défice político nos seus actores?
A resposta a esta interrogação, bem como a clarificação desses mesmos actores, só com grande dificuldade a conseguimos discernir, face à componente esquerda direita, que resiste como factor diferenciado no status-quo de uma sociedade predominantemente redutora como a nossa.
O défice político, só deixa de ser um problema das sociedades que, nunca tenham conhecido uma organização onde a ideologia e os princípios se regem por projectos, princípios de igualdade e de articulação das exigências sociais com o Estado, e esse de certeza que não será um problema para a direita mas sim para esquerda, que tem que fazer um esforço constante para evoluir, mantendo-se fiel na defesa e resolução dos desafios da nossa época, abdicando até, se assim for necessário do estado-providência, hipotecando perante os seus apaniguados os princípios e os conceitos que têm suportado ao longo dos tempos a sua postura perante os mais carenciados.
A revitalização ou a recriação em larga escala da social-democracia, esgotada e condenada em certos momentos da nossa história, torna-se imprescindível e necessária, a fim de que possam ser propostas novas formas realistas de solidariedade, renovando-se as instituições e abrindo-se novas expectativas, sociais e culturais, diferentes ou pelo menos oxigenadas, daquelas que polulam na contemporaniedade dos nossos tempos, num mundo de trabalho industrial protegido e da função pública, ou similar, mundo sobre o qual ela ainda hoje se apoia com demasiada e excessiva força.


João Carlos Soares

2 comentários:

Filipe Ribeiro disse...

A política e as instituições devem evoluir ao sabor do tempo. Esta nova geração, na qual estou inserido, não viveu Abril, não sentiu a falta de liberdade na pele. O inconformismo é algo que foi desaparecendo, à medida que a estabilidade foi sendo atingida em Portugal, o que resultou numa inequívoca falta de interesse dos jovens pela vida política.
É necessário reverter este quadro. A política deve encontrar formas de cativar os jovens e aí a escola deve ter um papel fulcral. A primeira abordagem à cidadania deve ser atractiva, leve e acima de tudo dinâmica. É urgente trazer sangue novo, outros pontos de vista e novas ideias…

Anónimo disse...

Quando se abandona um Partido Politico, e se detem cargos politicos electivos, deve sempre ficar-se nos mesmos como independente ou em ultima analise abandonar os mesmos, desrespeitando a suprema vontade do eleitorado. Eu próprio fui Deputado Municipal, e no mandato de 1993 a 1997, passei á condição de independente, mantendo o meu lugar na Assembleia Municipal do Barreiro, por isso mesmo não entendo como se pode mudar de "camisola" só para manter ou conquistar "tachos". Esquece-se com facilidade as promessas eleitorais, e não se cumpre o mandato, só porque se acena com um "tacho". Praticar pugilismo no final de uma reunião, é salutar se for praticado num ringue, agora andar ao "soco", só porque dá na real gana, prova que quando a razão está transtornada, se perde a noção do razoável. A Camara Municipal de Portimão, não merece Vereadores deste calibre. A Federação Portuguesa de Boxe, deve analisar a possibilidade de contratar este novo atleta. Os autarcas em Portugal merecem representantes de outra qualidade...

João Massapina

João Pessoa - Paraiba - Brasil