segunda-feira, setembro 05, 2011

O estado da pouca vergonha e mentira


Passados quase cem dias de governação nesta nova legislatura, atitudes desenfreadas de ataque da máquina fiscal ao aparelho produtivo de trabalho deste país, os trabalhadores, faz-se sentir alguma reacção e preocupação de sectores intelectuais mais sensatos e sindicatos, face à pressão do mercado internacional, empobrecendo as famílias com medidas insustentáveis, exigindo sacrifícios em nome da credibilidade perante a Europa, contrariando, afinal de contas, tudo o que foi prometido e apresentado ao país durante a última campanha eleitoral e criticado ao anterior Governo de José Sócrates.
Neste jogo de necessidades e medidas indispensáveis apresentadas quase diariamente pelo Governo de Pedro Passos Coelho, começa a ser inquietante, sobretudo se levarmos em conta alguma opinião e sinais contraditórios de sectores diversos apoiantes da governação e dos partidos que o apoiam, perante a falácia das chamadas vantagens da privatização de sectores lucrativos, actualmente na esfera do Estado, como a EDP e a GALP, e medidas fiscais que como único alvo, apenas atingem as classes mais desfavorecidas e economicamente mais expostas.
Perante este tenebroso cenário, qualquer pessoa informada e de bom senso sabe que qualquer uma destas empresas, desde que geridas pela competência dos seus gestores, e não pelos interesses partidários e de comprometimento com os grandes grupos económicos instalados, possibilitaria a redução de custos nos serviços prestados, lucros para as empresas, e subsequentemente mais desenvolvimento tecnológico e económico e postos de trabalho para o País.
Notícias conhecidas nos últimos dias, indiciam a pouca transparência e a conivência com os interesses dos grandes grupos económicos como o grupo Amorim e outros, na escolha e alvo preferencial de mercado escolhidos para privatização, denotando uma falta de rigor que nos leva a duvidar da sua consistência e completo alheamento da sua importância fundamental nas receitas do Estado, face aos investimentos anteriormente aí aplicados, pelo que daí se depreende das intenções deste Governo em provocar um rude golpe palaciano nas finanças do Estado contra a democracia.
O que está em questão é o papel do governo no incentivo ao investimento, à inovação e na flexibilidade na prestação de apoios, e não a descaracterização, mais uma vez, do sistema de economia em que nos inserimos, onde os concorrentes, clientes e cadeias de fornecimento operam fora das fronteiras nacionais, onde os interessados nessa transformação e que influenciam essas transformações são actores estrangeiros.
Argumentam alguns que a urgência de soluções imediatas impostas pela Troika, reclama a privatização das empresas a qualquer custo. Perguntamos nós, e então depois, depois de tudo alienado vivemos e vamos buscar sustentabilidade financeira onde? Mais impostos?
Só se tiverem intenção de inventar algum imposto que recaia sobre a miséria, porque mais nada restará para taxar.
João Soares
Barreiro, 5 de Setembro de 2011

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