domingo, novembro 04, 2012

Do abismo da sociedade à derrocada de valores do sistema



A incerteza e a perplexidade, no quotidiano de cada cidadão, aumentam consideravelmente a insegurança e a incerteza no amanhã das comunidades. Parece que tudo à nossa volta se desmorona, deixando um rasto de interrogações, desnorte, incerteza e desespero, perante as notícias contraditórias, sobre os rumos da sociedade e das nossas próprias vidas.
Encurralados e arrasados com a falta de oportunidades, num mundo de incertezas, carregado de pesadelos e absurdos, onde, fazendo-se uma análise racional, não se encontra razão ou sentido, desesperados por falsas promessas e desorientados por discursos mentirosos de políticos corruptos sem escrúpulos, onde a ganância insaciável dos mercados, controlada pelas elites, são cada vez mais enigmáticas e tenebrosas, encaminhando as populações para uma catástrofe social e em contínuo colapso de sustentabilidade.
Tudo o que à nossa volta parecia sólido se desmancha. Onde existia segurança e coesão social, existe agora insegurança, incerteza, contradição, ambiguidade e angústia, num vendaval permanente de sentimentos contraditórios, numa tendência destrutiva de valores que resgatem o sentido da vida, individual ou colectivamente.
Confirmando-se os piores prognósticos, esta triste realidade social parece impor-se, através do absolutismo de mercado e da dependência de financiamento externo a que estamos sujeitos, controlando as altas esferas da sociedade e desenvolvendo formas de exclusão dos direitos e das condições básicas de sobrevivência dos cidadãos.
A selecção e competição que se faz em torno de interesses e lideranças políticas, facilitam o controlo gerado em torno dos grandes grupos económicos, que manipulam os principais meios de comunicação, promovendo e elegendo os candidatos que mais os favoreçam, por forma a defenderem-se e controlarem os destinos da sociedade, num clima geral de incertezas e insegurança quanto ao futuro, e tendo em vista, o pouco esclarecimento de novos conceitos e análises, no debate sobre o que se entende por desenvolvimento sustentável.
Após a queda das ditaduras na década de oitenta, e a consequente democratização de alguns países, verifica-se agora o renascer de novas crenças absolutistas, através da imposição de medidas inconstitucionais e contrárias à equidade, perante o desespero dos pobres diante do fracasso das promessas de crescimento e igualdade prometidas.
Face ao clima de impunidades no espectro dos grandes negócios, onde não existe devolução do dinheiro roubado aos cofres das instituições públicas, os assaltos à economia e as perdas causadas às finanças públicas, através da evasão ou sonegação de impostos e tributos, são minimizados e mascarados os seus efeitos, através de supostos benefícios de livre iniciativa no crescimento económico e progresso da sociedade, que não passam de pura propaganda, mas que afectam em definitivo a estabilidade e confiança dos cidadãos.
O sufoco social e político que se tem verificado nas duas últimas décadas, facilitou a ascensão de demagogos populistas, que têm vindo a desvirtuar sistematicamente os programas sufragados e os resultados das eleições.
Através de autênticos currais eleitorais, onde o voto é controlado e a profissionalização dos políticos é uma realidade, deixam-se estes manietar pelas grandes empresas, que investem quantias enormes em recursos disponibilizados para os elegerem, o que os compromete e fragiliza, reforçando o compadrio que vem engrossando o poder de determinadas famílias políticas, que pretendem afirmar-se e perpetuar-se no poder a qualquer custo.

João Carlos Soares
Barreiro, 04 de Novembro de 2012

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