A incerteza
e a perplexidade, no quotidiano de cada cidadão, aumentam consideravelmente a
insegurança e a incerteza no amanhã das comunidades. Parece que tudo à nossa
volta se desmorona, deixando um rasto de interrogações, desnorte, incerteza e
desespero, perante as notícias contraditórias, sobre os rumos da sociedade e
das nossas próprias vidas.
Encurralados
e arrasados com a falta de oportunidades, num mundo de incertezas, carregado de
pesadelos e absurdos, onde, fazendo-se uma análise racional, não se encontra
razão ou sentido, desesperados por falsas promessas e desorientados por discursos
mentirosos de políticos corruptos sem escrúpulos, onde a ganância insaciável
dos mercados, controlada pelas elites, são cada vez mais enigmáticas e tenebrosas,
encaminhando as populações para uma catástrofe social e em contínuo colapso de
sustentabilidade.
Tudo o que à
nossa volta parecia sólido se desmancha. Onde existia segurança e coesão social,
existe agora insegurança, incerteza, contradição, ambiguidade e angústia, num vendaval
permanente de sentimentos contraditórios, numa tendência destrutiva de valores
que resgatem o sentido da vida, individual ou colectivamente.
Confirmando-se
os piores prognósticos, esta triste realidade social parece impor-se, através do
absolutismo de mercado e da dependência de financiamento externo a que estamos
sujeitos, controlando as altas esferas da sociedade e desenvolvendo formas de exclusão
dos direitos e das condições básicas de sobrevivência dos cidadãos.
A selecção e
competição que se faz em torno de interesses e lideranças políticas, facilitam
o controlo gerado em torno dos grandes grupos económicos, que manipulam os
principais meios de comunicação, promovendo e elegendo os candidatos que mais
os favoreçam, por forma a defenderem-se e controlarem os destinos da sociedade,
num clima geral de incertezas e insegurança quanto ao futuro, e tendo em vista,
o pouco esclarecimento de novos conceitos e análises, no debate sobre o que se
entende por desenvolvimento sustentável.
Após a queda
das ditaduras na década de oitenta, e a consequente democratização de alguns países,
verifica-se agora o renascer de novas crenças absolutistas, através da
imposição de medidas inconstitucionais e contrárias à equidade, perante o
desespero dos pobres diante do fracasso das promessas de crescimento e
igualdade prometidas.
Face ao
clima de impunidades no espectro dos grandes negócios, onde não existe
devolução do dinheiro roubado aos cofres das instituições públicas, os assaltos
à economia e as perdas causadas às finanças públicas, através da evasão ou
sonegação de impostos e tributos, são minimizados e mascarados os seus efeitos,
através de supostos benefícios de livre iniciativa no crescimento económico e
progresso da sociedade, que não passam de pura propaganda, mas que afectam em
definitivo a estabilidade e confiança dos cidadãos.
O sufoco social
e político que se tem verificado nas duas últimas décadas, facilitou a ascensão
de demagogos populistas, que têm vindo a desvirtuar sistematicamente os
programas sufragados e os resultados das eleições.
Através de autênticos
currais eleitorais, onde o voto é controlado e a profissionalização dos
políticos é uma realidade, deixam-se estes manietar pelas grandes empresas, que
investem quantias enormes em recursos disponibilizados para os elegerem, o que
os compromete e fragiliza, reforçando o compadrio que vem engrossando o poder
de determinadas famílias políticas, que pretendem afirmar-se e perpetuar-se no
poder a qualquer custo.
João Carlos Soares
Barreiro, 04 de Novembro de 2012
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