A corrente
actual da política nacional, tornou-se num alvo crescente de rejeição popular, praticamente
de todos os quadrantes da sociedade civil, onde uma série de denúncias e
favorecimentos envolvendo políticos, mostram uma panaceia de trapaceiros que,
mostrando total desrespeito pelo eleitorado, mostram eficiência para agir em
causa própria, defendendo os seus pressupostos interesses, em contraponto com a
displicência para cuidar dos interesses de quem os elegeu e neles confiou.
No crivo da
decência, poucos políticos seriam salvos da crítica, que colocaram no cuidado e
eficiência no desempenho das suas funções, quer a nível dos municípios quer a
nível do poder regional e central.
Face ao
carácter trapaceiro e traiçoeiro destes farsantes, são responsáveis pelo aumento
do fosso entre os representantes e os representados, que são o povo. A maioria
pode-se considerar farinha do mesmo saco, fingindo representar os contribuintes
eleitores, para agirem como testas de ferro do poder económico instalado, destruindo
o estado social para obter recompensas e privilégios dos donos do dinheiro e das
grandes negociatas.
Perante este
cenário, as populações que não se revêem neste tipo de representatividade nem
dos seus representantes, repudia e revolta-se diariamente nas ruas contra estes
farsantes, que os tentam ludibriar, como se fossem cidadãos domesticados e
acomodados, continuando a legitimar estes grupelhos de lacaios indecentes,
usando quase como hino de revolta e contestação, a canção de Abril “Grândola
Vila Morena”.
Mesmo
aqueles que não se identificando neste lote de bandalhos, agindo decentemente e
tentando limpar a imagem dos políticos, funcionam, muitas vezes inconscientemente,
como suporte deste modelo social desgastado, falido e favorável à perversão e
dissimulação de um sistema de opressão, retaliação e poder.
Devendo
funcionar como o fiel da balança num sistema social justo, a classe política,
uma vez no poder, lixa-se para a opinião pública, atraiçoando o seu eleitorado,
numa autêntica pilhagem e desvio de conduta perante os cidadãos, entretanto
colocados à margem do poder.
É raro o dia
que não vem à tona mais um escândalo, mais uma denúncia, mais uma constatação
de contratações ou negociatas subterrâneas de familiares, minimizado pelas
raposas do sistema nos meios de comunicação social, como se tornou usual nas
retóricas de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, entre outros. Sob a alegação da
presunção da inocência, vão paulatinamente perpetuando e obstruindo o exercício
da justiça, fingindo inocência, decência e benevolência, através de
testemunhos, que mais parecem lágrimas de crocodilo, numa hábil linguagem
verbal, barricada a obstruir a percepção dos factos que os comprometem, neste
lamaçal de tanta patifaria.
Esta gente
acomodada nos corredores do poder, constituem uma parte da excrescência deste
sistema social falido, onde o conformismo e imobilismo dos cidadãos, ajudam a
uma abundância de políticos corruptos, numa atmosfera de obscurantismo, falta
de confiança, suspeição e cinismo.
Aos
cidadãos, estabelecem-se distintos contextos de subsistência, conforme a
posição de cada um deles na nossa sociedade, essencialmente marcada por
contradições, desequilíbrios e abusos de poder que a justiça permite
continuarem impunes, como se os grandes senhores, no poder e com o poder, vivessem
numa fortaleza de mordomias e privilégios, desvalorizando e espezinhando
princípios éticos, morais e legais, como se estivessem numa autêntica república
das bananas.
Enquanto
para os subalternos no sistema social, se regateiam direitos consolidados desde
1974, outorga-se a essa escumalha de privilegiados do sistema, fortunas em indemnizações,
como aconteceu com Miguel Cadilhe, que recebeu quase onze milhões de euros de
compensação, pela reforma que receberia em alternativa, para ir para o BPN,
tendo lá ficado apenas seis meses, ou o atentado moral que é a reforma de
Jardim Gonçalves, entre outros, autênticos barões num modelo social de
desigualdades e desproporcionalidades, onde a fartura de alguns, contrasta com
a escassez para a maioria.
Diante da
acusação ou suspeição sobre prática de algum crime, estes barões e os seus
pares, dispõem de jurisdição privilegiada, bons advogados, interposição de
recursos atrás de recursos, e ao fim de alguns anos que levam os processos na
justiça, de forma descarada, são inocentados sob a justificação de
insuficiência de provas, ou então os seus inquiridores, os que despoletaram os
processos que os incriminam, são afastados pelos seus cúmplices no poder, como
parece estar a acontecer agora, com a procuradora Cândida Almeida.
A forma
ingénua como se alimentam a consciência dos cidadãos, sem a percepção crítica sobre
o sistema capitalista vigente, especulando-se ao longo de duas décadas através
de formas de consumo supérfluo das famílias, criando-lhes uma ilusão de
felicidade, ilusão essa sustentada por um sistema bancário facilitador, provocou
ao longo dessas duas décadas um exército de consumidores sobre endividados e
insolventes, gerando miséria, terminado o período de benevolência e facilitação
deste tipo de economia desproporcionado.
Com algum
aparato de retaliação, compensação e bem-estar inebriante, este gentio,
representantes desta democracia farsante e do capitalismo impulsionado por
fraudes seduzem, incitam e conduzem os segmentos da sociedade submissa,
acomodado e passivo, ao conformismo, pacifismo e imobilismo.
As vítimas
resultantes deste modelo de opressão, por serem pessoas, na maior parte, sem
qualquer consciência revolucionária, são motivadas por promessas, manobras e
discursos ludibriantes a renovar as expectativas na constituição de governos de
unidade nacional, para ultrapassar as dificuldades presentes, através de
políticos que apregoam de forma messiânica, políticas compensatórias e conquistas
sociais, que sabem não poderão concretizar.
Este conluio
de uma certa classe política contribuem, com projectos e remendos legais, para
conservar e manter a continuidade deste sistema social falido. Torna-se
imprescindível um consenso de vontades, das forças progressistas deste país,
para enfrentar e combater este sistema sem cura possível, através da
implementação de um novo modelo baseado na proporcionalidade, ou seja, na
distribuição proporcional e equitativa das mais-valias e justiça social,
movidos pela expectativa e optimismo de novos rumos, mudanças e soluções de
problemas, sabendo que somos uma geração que vive numa, senão na maior, crise
económica que alguma vez tivemos e que se expande internacionalmente.
Em cada
processo eleitoral, assistimos a mais do mesmo, promessas atrás de promessas,
onde cada vez mais o engano ocupa o lugar da transparência e da verdade.
Torna-se imperativo esclarecer e elucidar os cidadãos eleitores para a
compreensão da realidade e, a partir daí, estabelecer bases de resistência aos ladrões
e exterminadores dos direitos e futuro de cada um de nós.
De outra
forma, os cidadãos movidos por princípios altruístas, dotados de consciência
revolucionária, mas isolados no contexto social sentem-se ofendidos, ameaçados
e inconformados, tendo que sobreviver entre o domínio das ratazanas desta
sociedade corrompida e entre os subsequentes distúrbios dos malfeitores ao
sabor da impunidade.
João Carlos
Soares
Barreiro, 23
de Fevereiro de 2013
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