segunda-feira, fevereiro 11, 2013

O Pano Vai Subir - Queiram apresentar-se



Ao longo dos anos, pensamos em mudar e ser diferentes, mas não conseguimos parar um minuto para pensar nisso. Só quando chega o período de festas de final do ano, nos apercebemos que talvez seja esse o momento, de forma mais inconsciente para uns que para outros, reflectir um pouco, procurando nesses curtos momentos tudo fazer para que, quando o ano novo chegar, tudo de mau que tivemos se possa alterar.

Por acaso, para mim, esse período começa quase sempre, num período antes da data do meu aniversário, em Abril, altura em que dou comigo meditando e a rever tudo o que aconteceu na minha vida ao longo do ano que passou, o que me torna às vezes excessivamente melancólico, tentando projectar o que poderá vir a acontecer no ciclo que a partir daí se reiniciará. 

Até hoje posso afirmar que, umas vezes mais, outras não tanto, mas no geral coincidentes com os factos, tenho acertado mais do que errado, constatando daí que a vida me tem oferecido, a partir das minhas experiências pessoais e profissionais, uma força enorme e alento para o meu crescimento pessoal e, porque não dizê-lo, para a manutenção da minha saúde mental. 

Apercebo-me disso em muitos aspectos da vida, com os consequentes altos e baixos, num constante processo de acerto e ponderação, nas preferências pessoais, na forma de me relacionar com os outros, na saúde, na carreira profissional, ao fim e ao cabo contribuindo com a minha quota-parte na evolução da sociedade em que me insiro e acolhe.

Todos os anos sinto este processo, como se fosse a primeira vez, sabendo que na verdade este processo é cíclico, mas só me apercebo de tal, quando me lembro de que na realidade já estou dentro de um novo ciclo. 

Como na vida de cada cidadão, os ciclos repetem-se nas mais diversas áreas e actividades, afectando de uma forma directa, umas vezes mais, outras vezes menos, as pessoas, o que faz com que os ciclos da vida se assemelhem aos quartos de lua, umas vezes em crescendo outras numa curva descendente, como aquela que actualmente estamos a viver, só que com consequências nunca sentidas pelas actuais gerações. Por essa razão, achei que deveria alargar esse momento introspectivo da minha vida, de forma a poder fazer uma análise do próximo ciclo eleitoral que se aproxima, as eleições para as autarquias locais.

Neste momento em Portugal e praticamente no mundo inteiro, iniciámos uma daquelas fases decrescente da lua, a qual não sabemos se será prolongada ou não, o que num sistema democrático, como o nosso, estimulam a uma competição acirradíssima pelo poder, numa autêntica altercação política entre os putativos candidatos, cada um socorrendo-se dos melhores meios publicitários e de comunicação possíveis para alcançarem a tão almejada vitória, campanhas essas repletas de muita oratória de promessas e imagem, que na maior parte das situações pouco ou nada têm a ver com a realidade. 

Isto acontece e é bem visível, porque quer queiramos ou não, esta democracia em que vivemos não é realmente uma democracia, se atentarmos no jogo de ilusão que os candidatos provocam nos seus eleitores, através de um sofisticado trabalho elaborado por profissionais de imagem que trabalham e aperfeiçoam estrategicamente a melhor imagem a ser passada do candidato, seu cliente, retirando aos eleitores praticamente o direito de raciocinarem e avaliarem os candidatos que poderiam vir a ser a melhor opção e escolha para orientar as suas vidas.

Esta forma de autêntica subversão daquilo que deveria ser um processo com toda a lisura e transparência, transforma-se num acto onde o que conta é a imagem conseguida do candidato, transformado a longo e curto prazo numa sistémica fantasia política doentia, anunciando a cada ciclo eleitoral a morte adivinhada do processo democrático, pela criação e instituição de uma imagem folclórica. 

Esta mensagem sublimada de boa figura que nos é transmitida do candidato, é uma fantasia criada no nosso consciente que acompanhará a avaliação e juízo de capacidades e eficiência que vislumbramos daquele que será o decisor do nosso futuro e das nossas vidas, podendo eleger um candidato medíocre mas que com um bom profissional de marketing, se conseguiu impor a outro onde a imagem não conseguiu ter o efeito do seu antagonista, sobre a maioria do eleitorado.

A propaganda usada nas campanhas eleitorais, sendo um mecanismo legítimo de uma democracia, usada de forma profana, transforma-se num meio de sufocar lentamente a utópica democracia em que vivemos, quando com responsabilidade nos apercebemos perplexos, ao compararmos passado algum tempo as promessas concretizadas com a real missão exercido ao longo do seu mandato pelo candidato por nós escolhido.

Daqui depreender-se que devemos pautar as nossas escolhas, com uma análise esclarecida e eficiente das propostas dos candidatos, tentando, no possível, alhearmo-nos um pouco daquilo que nos pretendem impingir, não embarcando em tudo, tentando descobrir mais-valias em cada candidato.

Torna-se indispensável ao cidadão, discernir as frequentes mentiras das propostas credíveis e possíveis, em que vale a pena acreditar, analisando melhor as propostas por cada um apresentadas, sem querer generalizar ou afirmar que tudo é mentira, sabendo que essa é uma árdua tarefa que temos, face ao enorme tabuleiro político montado pelos partidos em período eleitoral, não permitindo que nos façam passar por fantoches no palco da vida, numa perpetrada encenação que mexe com a vida de cada um e da sociedade em geral. 

João Carlos Soares
Barreiro, 11 de Fevereiro de 2013

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