Ao consumarem-se
39 anos da libertação do jugo fascista, sempre o 25 de Abril, uns anos mais,
outros menos, saiu o povo à rua para comemorar “A LIBERDADE”, dando largas e
recordando os homens que naquela madrugada fizeram deste Portugal uma terra de solidariedade.
Sempre o
25 de Abril foi visto como um dia de festa, o dia em que os Portugueses
conheceram a liberdade, acreditando que essa liberdade seria nossa para sempre.
Passados estes anos, constatamos uma triste realidade, bem diferente daquela
que nesse dia vaticinámos, para nós e para os nossos filhos, uma triste e dura
realidade que põe em risco a nossa soberania, que a troco e vendida por alguns
milhares de milhão, para serem distribuídos por alguns, e alguns a sentenciar
muitos milhões de cidadãos a viver na miséria, como se tivesse sido instaurada
uma nova ditadura nas fraldas da democracia, num país que mais parece uma casa
de alterne, sem esperança e de alternativas desacreditadas.
Cada dia que
passa, se torna mais doloroso ver este povo que saía à rua a cantar e dar vivas
a festejar este dia de liberdade, a ser amigo, solidário, a mostrar que o
futuro era auspicioso e nada tinha a ver com a situação que hoje vivemos. Custa
olhar para as multidões, onde a tristeza, o conformismo e o desalento tomaram
conta de cada um de nós, dobrados ao peso da tirania dos governantes e de uma
imprensa manipulada e controlada pelo poder.
Revolta-me
sentir Abril desfalecer, como se o sangue que nos corre nas veias mudasse de
cor, cor essa que já nem os cravos que simbolizaram a revolução, conseguem
disfarçar, razão pela qual deixei de estar em festa, e passei a estar de luto e
em luta, contra um futuro que não aceito e que me querem impor, em luta contra
a mentira, em luta contra um país que alguns pretendem ver uma vez mais adiado.
Estou em
luta, porque acredito que ainda existe em cada um de nós, uma réstia desse dia
em que o povo saiu à rua, chorou, cantou e acreditou naqueles que há 39 anos acreditaram
ser possível viver num país justo e solidário.
Estou e
estarei em luta até que haja um novo rumo para os desmandos de que estamos a
ser vítimas, e onde o protesto seja qualquer coisa mais do que um simples
gemido de revolta inconsequente, porque se queremos que nos respeitem, se
queremos deixar de ser usados como bonecos de palha, não podemos, de forma
alguma permitir que nos roubem a nossa soberania, enredados nas malhas
perniciosas da especulação institucional monetária da União Europeia.
É
inevitável, imperioso e incontornável, uma alternativa credível à catástrofe crescente,
ao estado de precariedade social, em que se encontram milhares e milhares de
famílias, para não nos sentirmos culpados, no futuro, pelo verdadeiro suicídio
nacional, porque esse não é nem podemos deixar que seja o nosso destino.
João
Carlos Soares
Barreiro,
26 de Abril de 2013
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