A desacreditação nos políticos, uma vez alcançado o poder, provocada
pela falta de seriedade e incumprimento de promessas eleitorais,
aumentam a desilusão dos eleitores e desgastam ideologicamente o regime
democrático representativo.
Esta situação faz temer o pior dos
cenários, se entrarmos numa crise de regime, e se os agentes
progressistas deste país, não assumirem a responsabilidade de devolver e
renovar a confiança dessas pessoas nas instituições democráticas,
enfrentando este ataque desferido por forças ansiosas de regressar ao
passado, cavando o caminho para a tragédia, abdicando da defesa dos
direitos e interesses dos cidadãos.
Não podemos permitir o desvario
com que o atual governo, mostrando uma completa desorientação, com a
complacência de Cavaco Silva, escondendo dos portugueses a realidade
orçamental, os números preocupantes de desemprego, o crescendo da
dívida, contrariando as declarações públicas do ministro das finanças,
abdicando para uma entidade externa, a Troika, o direito constitucional
de sermos nós, a decidir no futuro, o que pretendemos para o país.
Este grupelho de idiotas, governantes sem um pingo de decência, sabem
perfeitamente que, o fardo com que pretendem sobrecarregar a classe
média, conduzi-la-á à ruina, numa sociedade, já de si, benevolente e
estigmatizada, sem condições de mercado nem oportunidades para usar a
sua condição empreendedora, conhecimento e orientação ideológica,
condicionando as condições de vida, num Estado mal gerido e
desorganizado, incapaz de reconhecer o mérito ao cidadão comum,
possibilitando e escancarando as portas para a expansão e crescimento de
forças totalitárias, garantido por um Estado de conveniência e um
Presidente da República à medida dos lobies europeus.
Por esta e
outras razões, devemos manter o discernimento das ideias, a nossa
capacidade e visão do futuro, sem nos deixarmos amedrontar nem
impressionar pela provocação musculada das polícias perante a nossa
contestação, atitude e pensamentos, mantendo-nos firmes na defesa
daquilo em que acreditamos, porque se assim não for, estaremos a abdicar
dos nossos direitos de cidadania e, dificilmente se compreenderá, no
futuro, a nossa atitude no presente.
A pujança de uma sociedade,
perante as grandes decisões, só poderá ser avaliada pela capacidade
inabalável e de unidade do seu povo, a elevação nos momentos difíceis,
sinalizando e compreendendo os princípios, objetivos e finalidade da
ação, por forma a garantir o sucesso, numa luta sem tréguas e dirigida
com convicção, como condição indispensável para se alcançarem
resultados.
A inversão de valores e a ação predatória de governos
hipotecados aos interesses económicos conduziram, de forma maquiavélica,
impiedosa e prepotente, num total desrespeito pelas regras, nas
relações entre o trabalho e o capital, oprimindo e chantageando os
trabalhadores, num momento único da nossa história, com o único
propósito de implementarem um modelo de desenvolvimento económico,
excludente, retirando e explorando as mais-valias do mercado de
trabalho, sem qualquer compromisso ético, nem moral, para a
sustentabilidade social das gerações futuras.
Perante um quadro tão
adverso e inquietante, há que pensar, com urgência, o custo social a
pagar pelos cidadãos, onde a tónica dos governantes, assenta na prática
de um exercício de poder impiedoso, associado à criação de desigualdades
e níveis de exploração de trabalho e pobreza cada vez mais
desumanizados.
Uma pergunta que fica quase sempre sem resposta, “porque chegaram a este ponto de endividamento?”.
A razão para a qual alguns países, como Portugal, Espanha, Irlanda,
Grécia, Itália, Chipre e outros, se endividaram a este ponto quase sem
retorno, deve-se essencialmente à política ideológica e expansionista de
nações com poder económico e tecnológico, muito superior a estes
países, que, na ânsia de dominar uma parte deste sistema, suportado por
uma génese capitalista, foram comprando a lealdade desses países,
através de créditos generosos, sem se preocuparem minimamente como esses
empréstimos estavam a ser utilizados.
O resultado desta atitude,
levou a que esses fundos, em vez se serem utilizados na renovação e
implementação das nossas indústrias, marinha mercante, agricultura e
pescas, construção naval, entre outras, servisse para o desmantelamento
de toda uma estrutura produtiva nacional, acabando com a frota
pesqueira, encerrando fábricas, pagando aos agricultores para deixarem
de cultivar os campos, colocando as necessidades primárias do país, à
mercê dos mercados internacionais, tendo por isso mesmo, que procurar na
importação, aquilo que se deixou de produzir e transformar em Portugal.
Resultado destas políticas suicidas, mas premeditadas, os recursos
financeiros dos cofres estatais, ficaram á mercê dos credores, para o
pagamento dos juros de empréstimo, não sobrando praticamente nada, para o
investimento. Não é preciso ter nenhum canudo universitário, para se
perceber quanto são dois vezes dois. Não pode haver desenvolvimento,
quando não existe capacidade financeira para o investimento, e assim, o
desequilíbrio da balança, penderá inevitavelmente para o lado dos mais
fracos..
O governo, vazio de ideias, continua a alimentar soluções
sem capacidade de autofinanciamento, onde as classes ricas e favorecidas
da sociedade, em conluio com o governo, mantém, alimenta e perpetua as
desigualdades, vendendo o país a retalho, aplicando impostos sobre
impostos, de cada vez menos contribuintes.
Celebrar o dia de
Portugal, mais parece um sofisma, quando a soberania do país se
desmorona como um castelo de cartas, ao peso dos desvarios financeiros
de diversos governos, num período de incertezas, onde os discursos,
pouco ou nada equilibrados face ao contexto atual do país, onde a pouca
assertividade das mensagens dos mais altos dignatários da nação e o
repúdio público, expresso pelas populações, deixam antever momentos
crispados num crescendo de contestação preocupante, num tempo de
dificuldades da população, perante os reais desafios que enfrentamos.
Os desafios que se nos deparam, são avassaladores e inquietantes, com
um agravamento constante da taxa de desemprego, onde pessoas excluídas
do mercado de trabalho, não possuem meios para se sustentar a si
próprios e aos seus familiares, naquilo que poderá ser já neste momento
um drama humano. Uma coisa temos que entender, nunca poderemos abdicar
da nossa responsabilidade e deixar que a estupidez e hipocrisia
voluntária dos nossos governantes, egoístas e moralmente cobardes, nos
impeçam de levar a efeito ações coletivas que visem a defesa dos nossos
direitos e valores consignados pela Constituição da República.
Conscientes que, na atual conjuntura do país, a greve, é o último e
único argumento ao dispor dos diversos setores de trabalho, necessária
neste momento para combater e confrontar o egocentrismo de governantes
que não respeitam os trabalhadores, nem a Constituição da República, a
greve representa, ao contrário do que dizem aqueles que estão ao serviço
e subjugados a este poder tirânico, um ato de coragem para quem a
decide e para quem a faz.
João Carlos Soares
Barreiro, 11 de Junho de 2013
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