quinta-feira, junho 07, 2007

Opinião Pública - Verdade e Consequência



Será possível alguma vez, ou nos próximos tempos, reconciliar as pessoas com os seus actores políticos?



A sociedade, tem sofrido nos últimos tempos, uma acelerada transformação, muita das vezes menos bem conseguida, ao ponto de levar os cidadãos a distanciarem-se da política, intervindo cada vez menos na vida pública e consequentemente nas grandes decisões locais e para o país.
O desencanto provocado na população, resultante de um desempenho pouco inteligente e incompetente dos seus representantes, fazem com que algumas decisões transformem a confiança dessa mesma população, em dúvidas e incapazes de se fazerem entender e compreender pelo povo que os elege.
Neste contexto, apresenta-se no futuro como grande desafio para os políticos, aproximarem-se dos cidadãos que lhes dão razão de existir, adaptando-se em simultâneo, às novas obrigações e ensejos colocados pela globalização.
O problema surge numa primeira instância, na degradação de relações entre os representantes eleitos e os seus eleitores, prova disso é a abstracção dos primeiros perante os segundos, ou a falta de interesse, com o que pensam deles os que os elegem.
Neste caso, este afastamento cria uma crise de identidade, de quem representa, e de quem é representado.
A classe política, granjeou um estatuto social nesta sociedade, esquecendo-se que esse status lhes é devido por aqueles que os elegeram e em quem debitaram as suas esperanças, mesmo que esse afastamento não se possa considerar premeditado, provoca de imediato uma diminuição de consideração e estima, acalentando de imediato revolta e desconfiança, pois sentem-se traídos.
A hostilidade e o desprezo com que a população reage em relação aos actores políticos, variando esta atitude com os meios sociais e culturais em que se inserem, traduzem-se infelizmente na abstenção e votos nulos nos diversos processos eleitorais, aos quais são chamados a pronunciar-se.
A atitude crítica dos portugueses tem vindo nos últimos anos a crescer consideravelmente, tendo em conta e não esquecendo que essa mesma atitude é resultante de um nível de educação que vem crescendo em simultâneo, tornando-os muito mais exigentes, sem alterarem no entanto a sua participação na vida política.
Face à volumetria de casos que nos últimos tempos têm preenchido infelizmente os noticiários nos media, começa a espalhar-se a ideia, criando a convicção nos menos informados, de que os políticos, sem excepção, actuam simplesmente em função dos seus próprios interesses, descurando tudo o que à sua volta acontece, tomando única e exclusivamente atenção aos problemas que os afectem.
Por outro lado, há quem manifeste a sua revolta, na forma como os políticos, utilizando uma linguagem de certa maneira opaca, obtusa e rendilhada, falando muito e dizendo pouco, transformam a sua forma de comunicar, que deveria ser simples e concisa, numa plataforma de adjectivos complicados e incompreensíveis.
Na maior parte do tempo, o empenhamento da classe política, traduz-se e resulta de conflitos internos no seio dos partidos e da classe a que pertencem, ou então no desejo de enriquecerem, de obter benesses pessoais, relegando para segundo plano os objectivos de interesse geral, a qual deveria ser a sua única prioridade.
Essa começa a ser a razão pela qual se torna cada vez mais difícil, senão inconciliável, os partidos conseguirem mobilizar pessoas que tenham projectos e ideias válidas.

Deixaram de compreender as necessidades do povo, que é no fim de contas o valor acrescentado da sua visibilidade e existência, e deitam por terra as esperanças que em si são depositadas para a resolução dos problemas da qual a sociedade se encontra enferma.



Esperemos que quando acordarem, não seja tarde demais.





João Carlos Soares

1 comentário:

Anónimo disse...

Mas espere lá!
O Senhor também não é político?
Se a memória não me falha, é aquele vereador da CMB que virou "independente", por ter largado o PS.
A coisa deve estar mesmo preta, para elaborar este texto que muito gostei e ler e que diz grandes verdades.
Olhe que na política não se pode ser sincero nem opinar de acordo com a consciência. Isso é um erro fatal.
Falando aqui do Barreiro, o oportunismo está bem patente em todos os partidos e tem o seu expoente máximo na forma como são feitas certas nomeações.
Falo dos "assessores" do PC na Câmara e, mais recentemente, da nomeação da Sofia Cabral como "assessora" do Secretário de Estado do Emprego, no âmbito das "suas qualificações profissionais". Tenham dó! Que qualificações profissionais tem ela? Por ser funcionária do PS?
E depois ficam todos alcachofrados quando a oposição diz que o PS é campeão de nomeações de boys e girls à custa do nosso dinheiro.
Espero vê-lo candidato à CMB em 2009 pois considero-o uma alternativa credível e descomprometida.
Boa sorte e dê-lhes forte!
Não deixe que os oportunistas tomem conta do que é de todos nós.