Os partidos políticos
renunciaram praticamente ao idealismo, os políticos mobilizaram-se, com o
intuito de garantirem estímulos sociais e oportunidades financeiras, enquanto a
comunicação social vai intoxicando os cidadãos, com notícias arquitectadas e
manipuladas, como se tudo o que está a acontecer fosse inevitável como o
destino.
A obstinada acção
política de por termo ao idealismo humano, transformou-se na maior ameaça à
sociedade, esvaziou a maioria dos partidos políticos da sua génese e aniquilou todo
ou qualquer sentimento susceptível de encorajar formas de pensamento.
A resignação social e o
estado de estrangulamento colectivo dos cidadãos, como consequência da ausência
do idealismo político, foram uma aposta materialista e desumanizada, ganha por
esta nova ordem mundial, chamada globalização.
Os genuínos ideais
libertados pelo 25 de Abril, com convicção e associados à emoção e
generosidade, alimentaram nos cidadãos, a esperança de um equilíbrio social e
futuro saudáveis, mas que, e face à ausência desses ideais, num país sem rumo,
nos levou ao estado lamentável a que chegámos.
Com a abertura das
portas, aos ideais do 25 de Abril, os direitos e as liberdades dos cidadãos,
reconhecidos e salvaguardados por uma Constituição, que agora pretendem
relegar, permitiram a afirmação dos portugueses no mundo, e o desenvolvimento
cultural e equilíbrio social das famílias, ao longo dos 40 anos de democracia, até
que, perante uma europa subjugada aos interesses e relações comerciais e
empresarias dos grandes grupos económicos, apertou o cerco, condenando,
castrando e subalternizando na sua essência, os sentimentos, os valores e as
prioridades das famílias na sociedade.
Esta globalização selvagem,
facilitada e estimulada, em resultado da ausência do idealismo político, não é
mais que uma ditadura capitalista encapotada, que impede a livre expressão dos
sentimentos e do pensamento, tendo como consequência imediata, a quebra dos
valores e da identidade dos povos.
Falar em patriotismo,
direitos e liberdades individuais, começa a ser hoje quase um crime, numa
sociedade amordaçada por uma globalização a caminho da desumanização, que urge
contrariar a todo o custo, na defesa e preservação da nossa independência e
identidade, que fomos capazes de impor à europa, até aos dias de hoje.
Queremos voltar a ser
uma Nação para todos, e não só para alguns, recuperando e associando o que de
essencial nos une, entusiasma e diferencia, como o humanismo, os valores da
igualdade, o sentimento patriótico a identidade e o orgulho de ser português.
Continuarmos a abdicar
dos nossos ideais, submissos a um regime em agonia, desrespeitador da regras constitucionais,
sobre as quais juraram cumprir, continuando a permitir a provocação destes
carrascos do idealismo, continuando sem rumo e deixando-nos embalar por esta
mentira, contraria uma tradição secular enraizada no povo português, o espírito
da Constituição, o bom senso e as regras elementares da democracia.
Urge por isso, mais que
não seja, recuperar e unificar esse conjunto de valores e sentimentos,
consubstanciado no idealismo, com convicção, esperança e veiculado a alternativas
associadas à sensibilidade de cada um e no respeito pelos direitos essenciais
dos cidadãos em geral.
A premeditação dos
nossos governantes, ao serviço desta nova ordem mundial, levou ao colapso de
uma estrutura económica, já de si deficitária, a troco de uns míseros patacos,
oriundos da nossa entrada na Comunidade Europeia e embolsados pela pandilha
instalada nos gabinetes ministeriais e seus compinchas, num plano por etapas e estrategicamente
montado e consentido, com o objectivo de derrubar os governos nacionais.
Este plano em etapas
deu, aos defensores desta globalização desenfreada, a capacidade de,
silenciosamente e sem visibilidade imediata, alterar as atitudes e o sistema de
valores da sociedade. Essa alteração comportamental de massas facilita, a ideia
de que uma europa a uma só voz poderá, trazer equilíbrio e equidade entre os
diversos países que a constituem.
Nada de mais errado, e
qualquer pessoa razoavelmente inteligente perceberá, que sem autonomia e soberania
nacionais, todas as liberdades e garantias individuais ou colectivas, vertidas
na Constituição, que nos podem proporcionar felicidade e prosperidade, estarão
irremediavelmente hipotecadas.
Como exemplo de
intenções, tenho a perfeita convicção que, as medidas, recentemente divulgadas
pelo Vice-Primeiro Ministro Paulo Portas, são a forma encontrada e articulada com
os elementos responsáveis por esta nova ordem mundial, para controlar o sistema.
As exéquias fúnebres anunciadas
ao sistema de ensino público de qualidade e gratuito, não são mais do que um
meio para atingir um fim, e esse fim é a inversão do processo educacional
iniciado com a revolução de Abril, tal como a privatização e devolução de
hospitais públicos a misericórdias, não é mais do que o anúncio do fim do
Serviço Nacional de Saúde que tanto incomoda e prejudica os grupos económicos, com
interesses na área da saúde, com eles identificados.
Ter uma sociedade
técnica e culturalmente evoluída, é contra os pergaminhos das ditaduras, fazendo
da força do trabalho, um simples algarismo na cadeia de produção, onde o
indivíduo é explorado e a demonização dos defensores dos direitos e regalias
dos trabalhadores, não são permitidas nem respeitadas.
Uma das formas encetadas
por estes lacaios do capital é, convencer-nos que o nosso sistema actual está
falido, não funciona, e que por isso, torna-se necessário reforma-lo. É o que,
como já referi, querem fazer com o ensino público, criando jovens educandos de
primeira e de segunda, onde as capacidades financeiras das famílias, farão
prevalecer, no futuro, a perpetuação das diferenças sociais, onde os que podem,
pagam para se formar, mesmo que não tenham aptidões para tal, e os que não
podem, passam a ser mais um número no servilismo capitalista e nas filas de
espera de um qualquer centro de emprego, ou sujeitar-se a servir sem direito ou
oportunidade de colocar as suas potencialidades intelectuais e de conhecimento
ao serviço do país.
Os escândalos na administração
pública, com a benevolência conhecida da justiça, são outra forma de atingir
esse objectivo, e que vai alimentando uma corja de oportunistas, à custa de uma
população subjugada ao peso dos impostos e redução de salários e pensões.
Em 40 anos de sistema
democrático, quando perante este quadro, continuamos a eleger candidatos que
nunca cumprem as suas promessas eleitorais, nem respeitam os programas
sufragados, percebe-se que algo está errado no processo eleitoral, retirando-se
daqui que, ou a população não sabe ou não quer pensar de forma crítica, permitindo
que debaixo dos pavilhões partidários, se escondam candidatos sem qualquer
compromisso com os princípios e desígnios ideológicos, base de formação desses
partidos.
Quando no mundo da
política, os protagonistas se servem da mentira, as quais são, passado algum
tempo, desmascaradas, e mesmo assim conseguem voltar a enganar os eleitores,
percebe-se que estes novos dirigentes, apostados em destruir o aparelho Estado,
através de crises planeadas, vão hipocritamente concretizando os objectivos a
que se propuseram, enquanto o povo se entrega resignado, de braços caídos, sem
forças para fugir a este genocídio social, para o qual nos estão conduzir.
Depois de todas as
medidas de corte salarial e supressão de direitos aos trabalhadores, o que
assistimos é à globalização de uma pobreza constrangedora das populações nos
países intervencionados, razão pela qual se prevê um futuro deveras sombrio sob
a tutela da Troika, a mando dos grandes magnatas internacionais, aplicando o
remédio errado ao doente para o aniquilar, afastando cada vez mais, a cada dia
que passa, os objectivos do governo dos interesses da Pátria.
A desculpa esfarrapada
utilizada para justificar as medidas tomadas e a tomar, para pagar a dívida
pública, nunca esteve no horizonte nem nas intenções da Troika, porque o que os
credores, seus representados, se quiseram assegurar, era de que o país permaneceria
endividado no futuro, com mais e cada vez maior agravamento da dívida, para
assim a economia do país ser reestruturada, a seu belo prazer e em proveito
próprio, através da tão apregoada reforma do estado.
Continuamos a assistir
a uma autêntica pilhagem dos nossos parcos recursos, com a venda das empresas
estatais mais lucrativas e património indispensável à sustentabilidade do
sistema, consolidando assim uma economia dependente das exportações de produtos
resultantes de mão-de-obra barata, e dos altos impostos cobrados aos cidadãos.
Os portugueses terão
que responder com convicção e denodo, ao ataque desta nova ordem mundial,
através dos ideais da liberdade, solidariedade e patriotismo, que através dos
tempos nos alcandoraram nos anais da História, fazendo jus à memória e glória dos
nossos antepassados.
João Carlos Soares
Barreiro, 04 de
Novembro de 2013
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