segunda-feira, novembro 04, 2013

O que me vai na alma!



Os partidos políticos renunciaram praticamente ao idealismo, os políticos mobilizaram-se, com o intuito de garantirem estímulos sociais e oportunidades financeiras, enquanto a comunicação social vai intoxicando os cidadãos, com notícias arquitectadas e manipuladas, como se tudo o que está a acontecer fosse inevitável como o destino.
A obstinada acção política de por termo ao idealismo humano, transformou-se na maior ameaça à sociedade, esvaziou a maioria dos partidos políticos da sua génese e aniquilou todo ou qualquer sentimento susceptível de encorajar formas de pensamento.
A resignação social e o estado de estrangulamento colectivo dos cidadãos, como consequência da ausência do idealismo político, foram uma aposta materialista e desumanizada, ganha por esta nova ordem mundial, chamada globalização.
Os genuínos ideais libertados pelo 25 de Abril, com convicção e associados à emoção e generosidade, alimentaram nos cidadãos, a esperança de um equilíbrio social e futuro saudáveis, mas que, e face à ausência desses ideais, num país sem rumo, nos levou ao estado lamentável a que chegámos.
Com a abertura das portas, aos ideais do 25 de Abril, os direitos e as liberdades dos cidadãos, reconhecidos e salvaguardados por uma Constituição, que agora pretendem relegar, permitiram a afirmação dos portugueses no mundo, e o desenvolvimento cultural e equilíbrio social das famílias, ao longo dos 40 anos de democracia, até que, perante uma europa subjugada aos interesses e relações comerciais e empresarias dos grandes grupos económicos, apertou o cerco, condenando, castrando e subalternizando na sua essência, os sentimentos, os valores e as prioridades das famílias na sociedade.
Esta globalização selvagem, facilitada e estimulada, em resultado da ausência do idealismo político, não é mais que uma ditadura capitalista encapotada, que impede a livre expressão dos sentimentos e do pensamento, tendo como consequência imediata, a quebra dos valores e da identidade dos povos.
Falar em patriotismo, direitos e liberdades individuais, começa a ser hoje quase um crime, numa sociedade amordaçada por uma globalização a caminho da desumanização, que urge contrariar a todo o custo, na defesa e preservação da nossa independência e identidade, que fomos capazes de impor à europa, até aos dias de hoje.
Queremos voltar a ser uma Nação para todos, e não só para alguns, recuperando e associando o que de essencial nos une, entusiasma e diferencia, como o humanismo, os valores da igualdade, o sentimento patriótico a identidade e o orgulho de ser português.
Continuarmos a abdicar dos nossos ideais, submissos a um regime em agonia, desrespeitador da regras constitucionais, sobre as quais juraram cumprir, continuando a permitir a provocação destes carrascos do idealismo, continuando sem rumo e deixando-nos embalar por esta mentira, contraria uma tradição secular enraizada no povo português, o espírito da Constituição, o bom senso e as regras elementares da democracia.
Urge por isso, mais que não seja, recuperar e unificar esse conjunto de valores e sentimentos, consubstanciado no idealismo, com convicção, esperança e veiculado a alternativas associadas à sensibilidade de cada um e no respeito pelos direitos essenciais dos cidadãos em geral.
A premeditação dos nossos governantes, ao serviço desta nova ordem mundial, levou ao colapso de uma estrutura económica, já de si deficitária, a troco de uns míseros patacos, oriundos da nossa entrada na Comunidade Europeia e embolsados pela pandilha instalada nos gabinetes ministeriais e seus compinchas, num plano por etapas e estrategicamente montado e consentido, com o objectivo de derrubar os governos nacionais.
Este plano em etapas deu, aos defensores desta globalização desenfreada, a capacidade de, silenciosamente e sem visibilidade imediata, alterar as atitudes e o sistema de valores da sociedade. Essa alteração comportamental de massas facilita, a ideia de que uma europa a uma só voz poderá, trazer equilíbrio e equidade entre os diversos países que a constituem.
Nada de mais errado, e qualquer pessoa razoavelmente inteligente perceberá, que sem autonomia e soberania nacionais, todas as liberdades e garantias individuais ou colectivas, vertidas na Constituição, que nos podem proporcionar felicidade e prosperidade, estarão irremediavelmente hipotecadas.
Como exemplo de intenções, tenho a perfeita convicção que, as medidas, recentemente divulgadas pelo Vice-Primeiro Ministro Paulo Portas, são a forma encontrada e articulada com os elementos responsáveis por esta nova ordem mundial, para controlar o sistema.
As exéquias fúnebres anunciadas ao sistema de ensino público de qualidade e gratuito, não são mais do que um meio para atingir um fim, e esse fim é a inversão do processo educacional iniciado com a revolução de Abril, tal como a privatização e devolução de hospitais públicos a misericórdias, não é mais do que o anúncio do fim do Serviço Nacional de Saúde que tanto incomoda e prejudica os grupos económicos, com interesses na área da saúde, com eles identificados.
Ter uma sociedade técnica e culturalmente evoluída, é contra os pergaminhos das ditaduras, fazendo da força do trabalho, um simples algarismo na cadeia de produção, onde o indivíduo é explorado e a demonização dos defensores dos direitos e regalias dos trabalhadores, não são permitidas nem respeitadas.
Uma das formas encetadas por estes lacaios do capital é, convencer-nos que o nosso sistema actual está falido, não funciona, e que por isso, torna-se necessário reforma-lo. É o que, como já referi, querem fazer com o ensino público, criando jovens educandos de primeira e de segunda, onde as capacidades financeiras das famílias, farão prevalecer, no futuro, a perpetuação das diferenças sociais, onde os que podem, pagam para se formar, mesmo que não tenham aptidões para tal, e os que não podem, passam a ser mais um número no servilismo capitalista e nas filas de espera de um qualquer centro de emprego, ou sujeitar-se a servir sem direito ou oportunidade de colocar as suas potencialidades intelectuais e de conhecimento ao serviço do país.
Os escândalos na administração pública, com a benevolência conhecida da justiça, são outra forma de atingir esse objectivo, e que vai alimentando uma corja de oportunistas, à custa de uma população subjugada ao peso dos impostos e redução de salários e pensões.
Em 40 anos de sistema democrático, quando perante este quadro, continuamos a eleger candidatos que nunca cumprem as suas promessas eleitorais, nem respeitam os programas sufragados, percebe-se que algo está errado no processo eleitoral, retirando-se daqui que, ou a população não sabe ou não quer pensar de forma crítica, permitindo que debaixo dos pavilhões partidários, se escondam candidatos sem qualquer compromisso com os princípios e desígnios ideológicos, base de formação desses partidos.
Quando no mundo da política, os protagonistas se servem da mentira, as quais são, passado algum tempo, desmascaradas, e mesmo assim conseguem voltar a enganar os eleitores, percebe-se que estes novos dirigentes, apostados em destruir o aparelho Estado, através de crises planeadas, vão hipocritamente concretizando os objectivos a que se propuseram, enquanto o povo se entrega resignado, de braços caídos, sem forças para fugir a este genocídio social, para o qual nos estão conduzir.
Depois de todas as medidas de corte salarial e supressão de direitos aos trabalhadores, o que assistimos é à globalização de uma pobreza constrangedora das populações nos países intervencionados, razão pela qual se prevê um futuro deveras sombrio sob a tutela da Troika, a mando dos grandes magnatas internacionais, aplicando o remédio errado ao doente para o aniquilar, afastando cada vez mais, a cada dia que passa, os objectivos do governo dos interesses da Pátria.
A desculpa esfarrapada utilizada para justificar as medidas tomadas e a tomar, para pagar a dívida pública, nunca esteve no horizonte nem nas intenções da Troika, porque o que os credores, seus representados, se quiseram assegurar, era de que o país permaneceria endividado no futuro, com mais e cada vez maior agravamento da dívida, para assim a economia do país ser reestruturada, a seu belo prazer e em proveito próprio, através da tão apregoada reforma do estado.
Continuamos a assistir a uma autêntica pilhagem dos nossos parcos recursos, com a venda das empresas estatais mais lucrativas e património indispensável à sustentabilidade do sistema, consolidando assim uma economia dependente das exportações de produtos resultantes de mão-de-obra barata, e dos altos impostos cobrados aos cidadãos.  
Os portugueses terão que responder com convicção e denodo, ao ataque desta nova ordem mundial, através dos ideais da liberdade, solidariedade e patriotismo, que através dos tempos nos alcandoraram nos anais da História, fazendo jus à memória e glória dos nossos antepassados.
João Carlos Soares
Barreiro, 04 de Novembro de 2013

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