domingo, maio 12, 2013

O Sistema Político está em coma!



Estamos na altura, em que todos quantos ambicionam viver numa sociedade livre, no respeito pelos princípios da igualdade de oportunidades, se devem unir, assumindo esta trabalhosa e esgotante batalha pela liberdade de expor as suas ideias, manifestar e discutir os seus pontos de vista, através de movimentos organizados, defendendo o direito ao trabalho, ser livres e soberanos no destino das nossas vidas e, não ser impedidos de alcançar os seus objectivos, seja por que razão for, podendo escolher a forma de governo sob a qual pretende viver.

Disfrutar desse princípio de liberdade, para qualquer sociedade, significa que todos os cidadãos devem ter a oportunidade no direito ao trabalho, poder manter os seus direitos, cumprindo com as suas obrigações, em total reciprocidade com os deveres Estado. 

As sociedades contemporâneas, construídas sobre o sustentáculo do capitalismo, num sistema de organização social baseado na propriedade privada e apoiado na divisão de trabalho, têm alimentado a ideia de que qualquer outra forma de organização, como o socialismo, será impossível de se enquadrar num contexto de civilização moderna, estratificada em conceitos de conveniência económica, tão do agrado da propriedade privada e dos grupos económicos internacionais, que dominam as economias e as trocas comerciais entre países.

Por causa da exploração e desigualdades resultantes do sistema capitalista, começam a surgir de forma maciça, movimentos que de certa forma, ao longo de décadas começaram a fustigar o sistema, pela razão de que o capitalismo gera monopólios, contribuem para o desemprego e para o desperdício, pela falta e ausência de mecanismos que assegurem o pleno emprego.

Nos últimos anos de democracia, temos estado a assistir à decomposição e falência do sistema produtivo capitalista. Por essa razão, assistimos a um crescendo de contestação nos mais diversos sectores da sociedade, porque esta crise apresenta-se como o fim de uma época de expansão capitalista, criando-se condições para um novo ciclo, se não à escala mundial, pelo menos numa Europa completamente dominada economicamente pelos lobbies de mercado, com principal incidência da Alemanha.

Manifestação após manifestação, são cada vez mais as vozes em uníssono, que se fazem ouvir, reclamando um novo rumo político para o país, pondo termo a uma autoridade imposta pelos desmandos e desvarios de governantes irresponsáveis, que não são responsabilizados e criminalizados pelos seus actos, na justiça, e que continuam a alimentar a ilusão das populações contribuintes, de que são necessários mais sacrifícios em nome do futuro, um futuro que continuando neste rumo, não passará de uma tormenta para várias gerações.

Para suster a pilhagem, a que estamos sujeitos, para por termo aos privilégios dos grandes patrões, dos gestores, banqueiros e da pandilha de políticos que os servem, para por fim e acabar com a acção dos especuladores e corruptos, garantindo a independência das instituições, e assegurar emprego e dignidade às populações, é preciso derrubar as barreiras que dividem e travam as aspirações entre os diversos movimentos organizados, partidos cuja base ideológica e raízes, deveriam defender as populações e o direito à igualdade de oportunidades, seja qual for a sua condição social, centrais sindicais, associações, para fazer frente aos desafios da actual situação, contrariando a ideia que não há alternativas à força cega do capitalismo.

Temos que compreender que esta crise em que vivemos, contrariamente à mensagem que pretendem passar, não se trata apenas de uma quebra nas diversas economias ou negócios, mas o que se passa é a putrefacção deste sistema político, na falência total de uma civilização assente nos mercados especulativos, razão pela qual esse novo ciclo que se pretende ver implementado a nível mundial, desenrolar-se-á num patamar de desenvolvimento muito superior, onde será preponderante o apoio e a participação de uma classe trabalhadora muito mais abrangente e instruída, que no passado.

Face ao actual estado a que as nações chegaram, onde a violação de direitos constitucionalmente consignados são constantemente desrespeitados, onde o Estado deixou de ser considerado pessoa de bem, pelos cidadãos, proporcionam condições para o sucesso de um estádio de igualdade mais avançado, capaz de derrubar relações sociais que provocam incompatibilidades, fracturas e desigualdade.

Uma crise, como a que a Europa está a viver, espelha a decadência deste tipo de organização suportada por um sistema capitalista, que se arrasta penosamente, sobrecarregando com impostos sobre impostos os trabalhadores, reformados e pensionistas, sem um fim à vista, vendo-se a forma descarada como os governantes, coniventes com este sistema, se deixam corromper pelos senhores dos grandes grupos económicos, numa transferência brutal e acelerada de riqueza para o capital, através do empobrecimento dos mais desfavorecidos, o Povo.

Estamos envolvidos numa batalha, desencadeada por uma burguesia faminta de protagonismo, num confronto de classes, onde as expectativas de bem-estar e progresso desapareceram. O pacto-social não passa já de letra morta no papel, com um ataque desenfreado à classe trabalhadora, através de uma exploração baseada no medo, retirando-lhe direitos laborais e sociais, numa aposta de empobrecimento da população, através do desemprego maciço. 

Através de medidas inconstitucionais, tentam aplicar o golpe de misericórdia e colocar trabalhadores contra trabalhadores, como está a acontecer em Portugal, colocando funcionários públicos contra trabalhadores do sector privado, com a desculpa de implementarem políticas de equidade entre os dois sistemas de segurança contratualmente em vigor. 

Nos partidos onde os trabalhadores mais politizados ainda vêem uma trincheira de defesa e contestação, perdem de dia para dia influência e, por vezes, assumem com resignação e sem meios, qualquer capacidade de intervenção para impedir o rumo dos acontecimentos. 

Neste momento ninguém acredita na possibilidade de derrubar ou substituir as classes actualmente no poder, através de uma revolução social e pacífica, muito menos mudar os administradores do actual poder, arrastando irremediavelmente para o fundo a economia do país, e a nossa própria soberania, sem que algo aconteça da parte de quem deve estar ao lado dos mais desfavorecidos, e que se deve colocar ao lado do Povo, no cumprimento dos desígnios que ditaram o fim do Estado Novo. 

Num país onde a nossa soberania está cada vez mais dependente, só podemos contar com um dia de amanhã pior que o de hoje, portanto uma geração desiludida e frustrada, uma sociedade comprometida, uma sociedade que caminha a passos largos para o abismo social e económico. 

O sistema político vigente, nesta democracia enferma, de tal forma enredado em permanentes contradições, já não consegue resolver por si só, os problemas por ele criado, pelo que está na hora de um corte total e ao apelo para um movimento de sublevação nacional, colocando um ponto final nestas relações promíscuas dos governantes com o sistema capitalista que grassa pela Europa.

João Carlos Soares
Barreiro, 12 de Maio de 2013

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