Estamos na altura, em
que todos quantos ambicionam viver numa sociedade livre, no respeito pelos
princípios da igualdade de oportunidades, se devem unir, assumindo esta trabalhosa
e esgotante batalha pela liberdade de expor as suas ideias, manifestar e
discutir os seus pontos de vista, através de movimentos organizados, defendendo
o direito ao trabalho, ser livres e soberanos no destino das nossas vidas e, não
ser impedidos de alcançar os seus objectivos, seja por que razão for, podendo
escolher a forma de governo sob a qual pretende viver.
Disfrutar desse
princípio de liberdade, para qualquer sociedade, significa que todos os
cidadãos devem ter a oportunidade no direito ao trabalho, poder manter os seus
direitos, cumprindo com as suas obrigações, em total reciprocidade com os
deveres Estado.
As sociedades contemporâneas, construídas sobre o
sustentáculo do capitalismo, num sistema de organização social baseado na
propriedade privada e apoiado na divisão de trabalho, têm alimentado a ideia de
que qualquer outra forma de organização, como o socialismo, será impossível de
se enquadrar num contexto de civilização moderna, estratificada em conceitos de
conveniência económica, tão do agrado da propriedade privada e dos grupos
económicos internacionais, que dominam as economias e as trocas comerciais
entre países.
Por causa da exploração e desigualdades resultantes do
sistema capitalista, começam a surgir de forma maciça, movimentos que de certa
forma, ao longo de décadas começaram a fustigar o sistema, pela razão de que o
capitalismo gera monopólios, contribuem para o desemprego e para o desperdício,
pela falta e ausência de mecanismos que assegurem o pleno emprego.
Nos últimos anos de democracia, temos estado a
assistir à decomposição e falência do sistema produtivo capitalista. Por essa
razão, assistimos a um crescendo de contestação nos mais diversos sectores da
sociedade, porque esta crise apresenta-se como o fim de uma época de expansão
capitalista, criando-se condições para um novo ciclo, se não à escala mundial,
pelo menos numa Europa completamente dominada economicamente pelos lobbies de
mercado, com principal incidência da Alemanha.
Manifestação após manifestação, são cada vez mais as
vozes em uníssono, que se fazem ouvir, reclamando um novo rumo político para o
país, pondo termo a uma autoridade imposta pelos desmandos e desvarios de
governantes irresponsáveis, que não são responsabilizados e criminalizados
pelos seus actos, na justiça, e que continuam a alimentar a ilusão das
populações contribuintes, de que são necessários mais sacrifícios em nome do
futuro, um futuro que continuando neste rumo, não passará de uma tormenta para
várias gerações.
Para suster a pilhagem, a que estamos sujeitos, para
por termo aos privilégios dos grandes patrões, dos gestores, banqueiros e da
pandilha de políticos que os servem, para por fim e acabar com a acção dos
especuladores e corruptos, garantindo a independência das instituições, e
assegurar emprego e dignidade às populações, é preciso derrubar as barreiras
que dividem e travam as aspirações entre os diversos movimentos organizados,
partidos cuja base ideológica e raízes, deveriam defender as populações e o
direito à igualdade de oportunidades, seja qual for a sua condição social, centrais
sindicais, associações, para fazer frente aos desafios da actual situação,
contrariando a ideia que não há alternativas à força cega do capitalismo.
Temos que compreender que esta crise em que vivemos,
contrariamente à mensagem que pretendem passar, não se trata apenas de uma
quebra nas diversas economias ou negócios, mas o que se passa é a putrefacção
deste sistema político, na falência total de uma civilização assente nos
mercados especulativos, razão pela qual esse novo ciclo que se pretende ver
implementado a nível mundial, desenrolar-se-á num patamar de desenvolvimento
muito superior, onde será preponderante o apoio e a participação de uma classe
trabalhadora muito mais abrangente e instruída, que no passado.
Face ao actual estado a que as nações chegaram, onde a
violação de direitos constitucionalmente consignados são constantemente desrespeitados,
onde o Estado deixou de ser considerado pessoa de bem, pelos cidadãos,
proporcionam condições para o sucesso de um estádio de igualdade mais avançado,
capaz de derrubar relações sociais que provocam incompatibilidades, fracturas e
desigualdade.
Uma crise, como a que a Europa está a viver, espelha a
decadência deste tipo de organização suportada por um sistema capitalista, que
se arrasta penosamente, sobrecarregando com impostos sobre impostos os
trabalhadores, reformados e pensionistas, sem um fim à vista, vendo-se a forma
descarada como os governantes, coniventes com este sistema, se deixam corromper
pelos senhores dos grandes grupos económicos, numa transferência brutal e
acelerada de riqueza para o capital, através do empobrecimento dos mais
desfavorecidos, o Povo.
Estamos envolvidos numa batalha, desencadeada por uma
burguesia faminta de protagonismo, num confronto de classes, onde as
expectativas de bem-estar e progresso desapareceram. O pacto-social não passa
já de letra morta no papel, com um ataque desenfreado à classe trabalhadora,
através de uma exploração baseada no medo, retirando-lhe direitos laborais e
sociais, numa aposta de empobrecimento da população, através do desemprego
maciço.
Através de medidas inconstitucionais, tentam aplicar o
golpe de misericórdia e colocar trabalhadores contra trabalhadores, como está a
acontecer em Portugal, colocando funcionários públicos contra trabalhadores do
sector privado, com a desculpa de implementarem políticas de equidade entre os
dois sistemas de segurança contratualmente em vigor.
Nos partidos onde os trabalhadores mais politizados
ainda vêem uma trincheira de defesa e contestação, perdem de dia para dia influência
e, por vezes, assumem com resignação e sem meios, qualquer capacidade de
intervenção para impedir o rumo dos acontecimentos.
Neste momento ninguém acredita na possibilidade de
derrubar ou substituir as classes actualmente no poder, através de uma
revolução social e pacífica, muito menos mudar os administradores do actual poder,
arrastando irremediavelmente para o fundo a economia do país, e a nossa própria
soberania, sem que algo aconteça da parte de quem deve estar ao lado dos mais
desfavorecidos, e que se deve colocar ao lado do Povo, no cumprimento dos
desígnios que ditaram o fim do Estado Novo.
Num país onde a nossa soberania está cada vez mais dependente,
só podemos contar com um dia de amanhã pior que o de hoje, portanto uma geração
desiludida e frustrada, uma sociedade comprometida, uma sociedade que caminha a
passos largos para o abismo social e económico.
O sistema político vigente, nesta democracia enferma, de
tal forma enredado em permanentes contradições, já não consegue resolver por si
só, os problemas por ele criado, pelo que está na hora de um corte total e ao
apelo para um movimento de sublevação nacional, colocando um ponto final nestas
relações promíscuas dos governantes com o sistema capitalista que grassa pela
Europa.
João Carlos Soares
Barreiro, 12 de Maio de 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário