A opressão dos povos, circunstância anormal
nas democracias modernas, tem sido uma triste realidade histórica, da qual
parte da humanidade é vítima, transformada na negação da vocação do homem como
ser superior, numa afronta descarada e negação da liberdade.
Nos dias de hoje, somos confrontados
com a tirania dos poderosos, através das condições de miséria, desigualdade
social, exploração no trabalho, comportamentos arrogantes e relações autoritárias,
situações que fazem o homem viver em condições de precariedade social, quase no
limiar da pobreza, já que limitam ou anulam a sua liberdade de optar e usar o
poder da realização pessoal de cada um.
A tirania e pouca vergonha com que, os
governantes tratam as comunidades, é uma realidade desumana, contrariando os
valores da igualdade e da liberdade dos povos, numa consciência possessiva do
mundo e dos homens, onde tudo passou a ser mercadoria, e o lucro se transformou
no seu objetivo principal.
A ambição desmedida, das elites no
poder, apropria-se da vida das pessoas, negando-lhes a dignidade e a liberdade
conquistadas, transformando-os em meros números e objetos, colocando-as em
situação de precariedade, através de violentas medidas de castração do próprio
estado-social.
A resposta a dar, pelos povos
oprimidos, a essa violência desmedida, deve concentrar-se na busca do direito à
igualdade, na luta pela afirmação dos valores de consciência da sociedade,
acabando com a mística do fatalismo, herdado do fascismo, que sentimos estar a
renascer e perpetuar, pela mão de pseudo-democratas que nos têm governado.
Esse fatalismo é um dos principais
responsáveis, pela situação dramática em que são colocadas as famílias, face ao
aumento de custo de vida, perda de salários, desemprego e corte de regalias
sociais, transformando a sociedade numa cobaia ao serviço do exercício de uma
visão mítica do mundo, sem a mínima preocupação de procurarem a razão das
verdadeiras causas da crise em que nos colocaram.
Não passam de uns incapazes, doentes e
fanáticos pelo poder a todo o custo, numa visão individualista e irresponsável de
democracia, abrindo mão de parte da liberdade e soberania dos outros, para
garantir os seus próprios direitos, com desprezo e ignorando as consequências
dos seus atos, face às dificuldades das populações.
Não escrevo estas linhas, apenas porque
me apetece escrever e criticar, não, eu escrevo estas linhas, porque estou
contra todo este chiqueiro pró elitista de governantes corruptos, mentirosos,
que vivem num lamaçal com todas as suas monstruosidades, a mando dos cabecilhas,
porque este poder é um poder que só se representa a si próprio, legislando em
benefício dos seus interesses e ligações mafiosas, o qual constantemente
desrespeita e ameaça o Ministério Público, o Poder Judicial, a democracia e os
direitos de todos nós.
É preciso que o povo acorde, pois chega
de desmandos dessa pandilha que nos tem governado, cuja missão deveria ser
gerir o património que a todos pertence, como se do seu se tratasse, e não como
acontece, onde o dinheiro é desviado através de aplicações pouco ou nada
recomendadas, os direitos restringidos, as reformas hipotecadas, a educação e a
saúde num autêntico caos, enquanto imputam culpas ao passado, sendo que todos
eles são responsáveis por esse mesmo passado.
Que me desculpem alguns, que devem ter
a consciência limpa, mas perante o quadro negro que se avizinha, alguém tem que
ser chamado à coação, justificar os seus atos, e pagar por eles, se a conclusão
for que esses atos tiveram influência na degradação da confiança no regime, do
nosso tecido produtivo, social e económico.
Ao assistirmos impotentes a tanta
nulidade, ao crescendo de injustiça e falta de moral e dignidade dos nossos
representantes, passeando de mão em mão o poder, leva-nos a duvidar da virtude,
a fazer chacota com a honra e sentirmos vergonha de sermos honestos.
A responsabilidade dos protagonistas
políticos, não pode terminar logo que cesse a sua ação e atividade pública,
pois as consequências das suas decisões repercutem-se no futuro da vida de cada
cidadão.
O esquecimento do que não interessa ser
lembrado contrasta, com as plateias amestradas de seguidores que aplaudem as
bazófias de governantes presunçosos em campanha, deslumbrados pela sua
narrativa patológica, emocionando por vezes o público com lágrimas de crocodilo
e pieguice, que mais não são do que conversa fiada para eleitor embalar.
Somos insultados por inúmeros
comportamentos autoritários, no dia-a-dia, através de ações impositivas,
socialmente irracionais, como herança do Estado Novo, refletidas na ação
desumana de força e despotismo de forças do arco da governação, visando
perpetuar os mesmos de sempre, em alternativa no poder.
A nossa sociedade de aparência
democrática só permite, a liberdade onde a acumulação de riqueza não saia
prejudicada, num regime supostamente democrático, onde não existe paridade social
nem económica.
Nas fraldas da nossa Democracia, entre
os anos de 1974 e 1980, período com razoável participação popular, criaram-se
condições para a elaboração da nossa Constituição, comprometida com as
necessidades da população, a qual, tem vindo a ser acossada constantemente de
forma autoritária e com total desrespeito, reformulada sempre que existiram
maiorias parlamentares, numa onda neoliberal, sem nenhum debate profundo na
sociedade.
Pelas razões referidas, o Povo, na sua
enorme experiência e sabedoria, cada vez confia menos nesta política e nos seus
atores, descobrindo que não existe isenção, transparência e capacidade de
visão, na procura de novos horizontes, para enfrentar e solucionar as
principais questões que afetam uma boa governação.
A falta de diálogo do governo, confirma
e conduz à imposição irracional de posições e opções, transformando-se assim em
puros atos autoritários que conduzirão o regime inevitavelmente para a
ditadura.
Esta agressividade autoritária imposta pela
governação e a conivência do Presidente da República, com procedimentos e
decisões antissociais, está diretamente proporcional à falta de informação e
esclarecimento das populações, que ao não reagirem de forma inequívoca ao
desafio, utilizando conscientemente o voto, mostrando total conformismo com o
destino que lhes impuseram, jamais serão respeitadas por qualquer governante,
sejam eles de esquerda, centro ou direita.
Setembro será a próxima oportunidade,
que os eleitores irão poder usar, mostrando a todos aqueles que os têm vindo a
enganar, que a madrugada em que acordámos livres, não foi esquecida.
João Carlos Soares
Barreiro, 01 de Agosto de 2013
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