sábado, agosto 10, 2013

Programas, Promessas e Realidade Autárquica


Aproximando-se um novo ciclo eleitoral, já em Setembro próximo, para este processo Autárquico, começam a surgir programas e listas de candidatos, uns sobre as bandeiras partidárias, outros como cidadãos independentes, outros em coligação de oportunidade e oportunismo, contendo um mar de promessas, muitos deles sem a mínima perceção e preocupação na forma como os implementarão, respondendo em função da popularidade que essas propostas lhe possam garantir votos, sem se preocuparem na forma para o seu cumprimento e aplicação da lei.

Considero que existe uma desproporção entre a responsabilidade assumida e a garantia de isenção e coerência, entre as propostas apresentadas ao eleitorado, e a capacidade de concretização das mesmas, tal a irresponsabilidade de alguns candidatos, que desconhecendo a realidade da situação, dos órgãos a que se pretendem candidatar, não percebem que uma coisa são as suas vontades ou decisões, a outra, os muitos e diversos constrangimentos de execução orçamental com que se confrontam os gestores na plenitude das suas funções à frente da coisa pública.

Para os eleitores, é fundamental perceberem que existe alguém que zela ou pretende cuidar com empenho os recursos públicos disponíveis, no mínimo com algum curriculum ou provas dadas, contribuindo assim com a experiência adquirida, e que apresente propostas racionais, viáveis e concretizáveis, resultante das necessidades e diálogo junto das populações, já que o mandato político decorre de um escrutínio popular, o qual deverá refletir as propostas de gestão apresentadas em campanha eleitoral.

Para uma gestão autárquica séria e eficaz, a participação das populações, são fator indispensável e fundamental, para acudir com realismo, às necessidades e suas prioridades de execução.

A eficácia de um Observatório Social, resultará do acompanhamento em tempo real da execução de propostas sufragadas durante o processo eleitoral, e do orçamento, apontando e priorizando as necessidades, sendo composto por técnicos da autarquia e entidades que representem as diversas camadas da comunidade, responsáveis por esse acompanhamento, com total independência e de preferência sem participação partidária. Resultado desta ação, onde a mobilização popular é fundamental, tornar-se-ia numa referência de compromisso entre eleitos e eleitores, fruto da transparência e da participação da sociedade.

Para esse compromisso ter viabilidade, é urgente que a sociedade esteja cada vez mais informada sobre os assuntos que a preocupam e possam reagir prontamente perante as situações, dando importância e participando nesse debate. Este tipo, de intervenção popular, pode ser uma excelente solução e, poderá vir a contribuir para melhorar a gestão autárquica.

O compromisso de um futuro autarca, deverá cimentar o caminho da sua gestão, na mobilização de vontades, dando o exemplo e explicando os resultados obtidos, num discurso inspirador e autêntico, mas ajustado em práticas e procedimentos que envolvam toda a equipa, observando o feedback das populações, criando uma relação de proximidade sedutora com o eleitorado, com o objetivo de servir os cidadãos.

Deve ser arrojado na concretização desses objetivos, através de um plano estratégico afetivo, elaborado com a participação de todos e sentido pela sua equipa e técnicos da autarquia.

Deve garantir um nível de participação da sua equipa e dos cidadãos eleitores na gestão do dia-a-dia, criando uma cultura de mudança e de compromisso, desde a formulação dos objetivos, à elaboração do plano e estratégias, na sua execução.

A garantia do sucesso, a curto prazo, espelhará a relação existente entre o mandato para que foi eleito, com os cidadãos e outras entidades, numa aposta inteligente, essencialmente virada para a transparência da sua atuação e na confiança dos cidadãos, sem qualquer intenção de promoção pessoal ou política.

Cumpridos os compromissos na plenitude das suas competências a partir dos resultados obtidos, não deve temer nem recear definir outras metas, sempre de forma empenhada no exercício das boas práticas, sabendo que o seu comportamento, responsável, beneficiará, quer os cidadãos quer toda a sociedade em que se insere.

Este deve ser o cenário necessário e ideal, para repensar um novo modelo de administração e gestão da coisa pública, estabelecendo-se formas exigentes de planeamento, prevenção, transparência e equilíbrio no cumprimento das metas a alcançar, atendendo e dando resposta dos serviços e políticas públicas, garantindo a sua eficiência na gestão compartilhada, gestão de pessoas e transparência nas decisões, melhorando a qualidade das respostas aos cidadãos.

 

João Carlos Soares

Barreiro, 15 de Agosto de 2013

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