Perante a
pouca vergonha e descaramento com que os governantes diariamente nos brindam,
com todo o tipo de medidas que desrespeitam e violam claramente a nossa
Constituição, nunca antes visto, desde o 25 de Abril de 1974, poder-se-á
considerar uma provocação e repressão desmedida sobre os mais desfavorecidos, contra
os direitos consignados aos trabalhadores, num regime democrático.
De tão
absurdo que é, depreende-se que estamos a ser vítimas de um país salazarento,
herdado de 500 anos de atraso e desenvolvimento e 50 anos de ditadura, manipulado
agora, por um governo de trambiqueiros ao serviço da mesma canalha que
controlou a sociedade em ditadura, com a conivência de uma comunicação social comprometida
com os seus patrões, na protecção aos mesmos interesses que foram responsáveis
pelo seu atraso ancestral.
Se para
aqueles responsáveis políticos e comentadores televisivos as liberdades e os
valores democráticos devem submeter-se aos interesses privados e condicionantes
económicos de uma globalização selvagem, então, deverá ser a sociedade civil a
erguer-se e a exigir o afastamento daqueles que, em privado, atentam contra um
dos pilares fundamentais de uma sociedade livre e democrática.
O primeiro-ministro
e os seus colaboradores no governo, têm sérias dificuldades em lidar com a
verdade, e essa dificuldade está presente nas contradições e sucessivos
episódios, em que frequentemente caem, quando tomam qualquer medida, esquecendo
tudo o que prometeram nas campanhas eleitorais, enganando os eleitores para
chegar ao poder ambicionado.
Está claro
para todos nós que, o primeiro-ministro, não pode continuar a recusar-se
explicar e tomar medidas em cada um dos sucessivos casos que o envolvem e aos
seus colaboradores, ao mais alto nível no governo, por actos que prejudicaram o
país, chegados ao conhecimento público e documentados com provas irrefutáveis.
Está também
claro que, o Presidente da República, a Assembleia da república e os tribunais
não podem continuar a fingir que nada se passa, que a justiça é só para alguns,
e que estamos de regresso ao estado podre de antes do 25 de Abril de 1974.
Está pois
claro que, num Estado de Direito democrático, não se pode conviver nem permitir
que um primeiro-ministro, com a complacência e apoio do Presidente da
República, insista em esconder-se à sombra da crise sob a capa protectora de
órgãos de soberania que não assumem as suas verdadeiras competências.
Perante o
silêncio e a inação generalizada das instituições, confrontamo-nos com um
evidente sinal de degradação da vida democrática, colocando em causa o regular
funcionamento das instituições e do seu compromisso com os eleitores,
aumentando o descrédito numa classe política onde se perfilam os homens de mão,
sem qualquer currículo profissional, que não a matreirice dos aparelhos
partidários, os quais são colocados em posições chave das empresas geridas pelo
Estado e outras que submergem num mundo de negócios obscuros, para facilitar os
negócios de acordo com as agendas políticas, no poder.
Confrontados
com este triste espectáculo, é com grande perplexidade, que se assiste ao
silêncio expresso por um número preocupante e cada vez maior de eleitores,
através da abstenção, sinal de alheamento, indignação, desilusão e ao mesmo
tempo conformismo, dos cidadãos, que, em boa da verdade, deveria exigir dos mentores
e responsáveis partidários uma profunda reflexão.
Em vez de
irem afastando, com as suas trafulhices e negociatas, das grandes decisões do
país e da vida pública, os cidadãos nas urnas, deveriam começar por pensar na
hipótese do julgamento e afastamento compulsivo, daqueles que, no desempenho da
coisa pública, pela sua falta de ética e conduta duvidosa, são responsáveis por
todo um turbilhão de acontecimentos e casos que, para além de depauperarem a
fazenda pública, proporcionam a crispação e confrontação da população.
Fica também
claro na mente de todos nós que, qualquer dúvida que permanecesse sobre as
verdadeiras motivações do bando que se instalou no poder, governo, Presidente
da República e maioria parlamentar, motivações essas que têm como único
objectivo, conseguir destruir o pouco que ainda resta de Abril, o Estado
Social, o património público, a liberdade de expressão, para continuarem a
encher os bolsos dos seus amigos e cúmplices e, num futuro próximo, fazerem
regressar os dias cinzentos do fascismo, tal o carácter malicioso deste bando
de vigaristas.
João Carlos
Soares
Barreiro, 08
de Outubro de 2013
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