terça-feira, outubro 08, 2013

Bando de Ladrões à Solta



Perante a pouca vergonha e descaramento com que os governantes diariamente nos brindam, com todo o tipo de medidas que desrespeitam e violam claramente a nossa Constituição, nunca antes visto, desde o 25 de Abril de 1974, poder-se-á considerar uma provocação e repressão desmedida sobre os mais desfavorecidos, contra os direitos consignados aos trabalhadores, num regime democrático.
De tão absurdo que é, depreende-se que estamos a ser vítimas de um país salazarento, herdado de 500 anos de atraso e desenvolvimento e 50 anos de ditadura, manipulado agora, por um governo de trambiqueiros ao serviço da mesma canalha que controlou a sociedade em ditadura, com a conivência de uma comunicação social comprometida com os seus patrões, na protecção aos mesmos interesses que foram responsáveis pelo seu atraso ancestral.   
Se para aqueles responsáveis políticos e comentadores televisivos as liberdades e os valores democráticos devem submeter-se aos interesses privados e condicionantes económicos de uma globalização selvagem, então, deverá ser a sociedade civil a erguer-se e a exigir o afastamento daqueles que, em privado, atentam contra um dos pilares fundamentais de uma sociedade livre e democrática.
O primeiro-ministro e os seus colaboradores no governo, têm sérias dificuldades em lidar com a verdade, e essa dificuldade está presente nas contradições e sucessivos episódios, em que frequentemente caem, quando tomam qualquer medida, esquecendo tudo o que prometeram nas campanhas eleitorais, enganando os eleitores para chegar ao poder ambicionado.
Está claro para todos nós que, o primeiro-ministro, não pode continuar a recusar-se explicar e tomar medidas em cada um dos sucessivos casos que o envolvem e aos seus colaboradores, ao mais alto nível no governo, por actos que prejudicaram o país, chegados ao conhecimento público e documentados com provas irrefutáveis.
Está também claro que, o Presidente da República, a Assembleia da república e os tribunais não podem continuar a fingir que nada se passa, que a justiça é só para alguns, e que estamos de regresso ao estado podre de antes do 25 de Abril de 1974.
Está pois claro que, num Estado de Direito democrático, não se pode conviver nem permitir que um primeiro-ministro, com a complacência e apoio do Presidente da República, insista em esconder-se à sombra da crise sob a capa protectora de órgãos de soberania que não assumem as suas verdadeiras competências.
Perante o silêncio e a inação generalizada das instituições, confrontamo-nos com um evidente sinal de degradação da vida democrática, colocando em causa o regular funcionamento das instituições e do seu compromisso com os eleitores, aumentando o descrédito numa classe política onde se perfilam os homens de mão, sem qualquer currículo profissional, que não a matreirice dos aparelhos partidários, os quais são colocados em posições chave das empresas geridas pelo Estado e outras que submergem num mundo de negócios obscuros, para facilitar os negócios de acordo com as agendas políticas, no poder.
Confrontados com este triste espectáculo, é com grande perplexidade, que se assiste ao silêncio expresso por um número preocupante e cada vez maior de eleitores, através da abstenção, sinal de alheamento, indignação, desilusão e ao mesmo tempo conformismo, dos cidadãos, que, em boa da verdade, deveria exigir dos mentores e responsáveis partidários uma profunda reflexão.
Em vez de irem afastando, com as suas trafulhices e negociatas, das grandes decisões do país e da vida pública, os cidadãos nas urnas, deveriam começar por pensar na hipótese do julgamento e afastamento compulsivo, daqueles que, no desempenho da coisa pública, pela sua falta de ética e conduta duvidosa, são responsáveis por todo um turbilhão de acontecimentos e casos que, para além de depauperarem a fazenda pública, proporcionam a crispação e confrontação da população.
Fica também claro na mente de todos nós que, qualquer dúvida que permanecesse sobre as verdadeiras motivações do bando que se instalou no poder, governo, Presidente da República e maioria parlamentar, motivações essas que têm como único objectivo, conseguir destruir o pouco que ainda resta de Abril, o Estado Social, o património público, a liberdade de expressão, para continuarem a encher os bolsos dos seus amigos e cúmplices e, num futuro próximo, fazerem regressar os dias cinzentos do fascismo, tal o carácter malicioso deste bando de vigaristas.
João Carlos Soares
Barreiro, 08 de Outubro de 2013

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