sábado, dezembro 22, 2012

A guerra social está na ordem do dia



O governo desencadeou uma guerra social contra os trabalhadores deste País, hipotecando o futuro das novas gerações e a sobrevivência das classes sociais da população mais desprotegidas. Impondo um retrocesso de que não há memória, impondo de forma cega, vingativas medidas de uma virulência pandemónica, utilizando instrumentos políticos e económicos de cunho imperialista, colocando-se ao serviço dos bancos e dos grandes grupos económicos europeus.

Esta crise política imposta pelo imperialismo alemão e francês, aos países periféricos como Portugal, Espanha, Grécia, Itália, entre outros, têm como objectivo o despejar e diluir de responsabilidades e consequências do peso da crise por eles iniciada em 2007, com o único objectivo de salvaguardar e impedir que os seus próprios interesses fossem atingidos em cheio por essa crise, empurrando a economia mundial para o abismo, deitando por terra toda a estratégia de domínio orquestrado para uma unificação política da europa, numa formato de capitalismo desenvolvido sem um mínimo de condescendência e solidariedade pelos mais pobres, como resposta que só poderá ter paralelo com a Grande Depressão, cujo epicentro se situa exactamente na Europa.  

Desta forma, a política da União europeia, chefiada e comandada por lacaios da Srª Merkel, Durão Barroso e afins, não é mais do que um instrumento para consolidar a hegemonia burguesa da Alemanha sobre a Europa. Essa estratégia, numa primeira fase conseguida através dos diversos planos de saque sobre os Gregos, foram o alerta que a poucos incomodou de um drama, que alguns preconizaram mas não tiveram aliados, que se adivinhava e que viria a cair por toda a Europa periférica.

A única resposta séria e combate a essa estratégia, somente teve como protagonistas os trabalhadores e os sectores socialmente mais desprotegidos, aos cortes e reformas que começaram a ser impostas, que ganharam forma e algum destaque através das greves e manifestações que encheram os espaços públicos, divulgados através dos órgãos de comunicação social, em Portugal, Espanha e Itália.

Com a conivência do governo de Paços Coelho e do seu aliado Paulo Portas, ficaram escancaradas as portas para uma marcha organizada para atingir e varrer as conquistas alcançadas pela classe trabalhadora, alinhando com as técnicas imperialistas emergentes, na quota-parte do saque da riqueza nacional, num processo de ampliação, submissão e recolonização por parte, antes de mais, do capitalismo alemão.

Não sendo na sua génese, desde a sua criação, objectivo dos membros que o constituíram, o euro passou a ser um instrumento que se constata ter sido a arma fundamental para conseguir a hegemonia alemã sobre o resto da Europa, servindo ao mesmo tempo para afirmar a supremacia, em primeiro lugar, da indústria alemã, que multiplicou a exportação dos seus produtos para aos países, como Portugal, Espanha e Grécia, promovendo paralelamente a desindustrialização desses países, cujos prejuízos orçamentais foram sendo financiados com os excedentes de capital dos bancos alemães e franceses, que não tiveram dúvidas e alimentaram estes processos degenerativos da economia, como a especulação criada em torno da bolha imobiliária.

Ao mesmo tempo que este processo ganhava expressão, estes países afundavam-se num mar de dúvidas e dívidas, os bancos apresentavam produtos e soluções de crédito, com lucros consideráveis e afirmando-se cada vez mais junto dos sectores como a construção e energia, áreas sem qualquer importância e sem qualquer risco para o domínio exportador alemão. De países beneméritos aos olhos dos incautos são, nada mais nem menos do que autênticos agentes burgueses parasitas dos países esmagados e submetidos ao peso e consistência da máquina alemã, através da dependência e do financiamento da banca e das suas finanças.

Quando a partir da implantação do euro em 2000, e mais concretamente desde 2008, o endividamento das economias europeias, começaram a ter consequências dramáticas e reflectir a crise na superprodução capitalista, os Estados começaram a salvar os banqueiros e os grandes capitalistas e deram aqui o primeiro sinal de que tinha chegado o momento para se iniciar a maior guerra social contra a classe trabalhadora e sectores da população mais desprotegida.
Transformaram e aceitaram o endividamento dos bancos, que até então tinham embolsado grandes fortunas para os seus accionistas, em dívida pública, transformando aquilo que até então eram financiamentos e divida privada dos bancos, em endividamento público do Estado. 

Essa crise da então autodenominada dívida pública, converteu-se assim na grande justificação para que fossem abertas as hostilidades para uma guerra social sem precedentes, e instrumento privilegiado do capital financeiro para se apropriar da riqueza à custa do empobrecimento massivo das populações, e utilizado com o beneplácito dos governos e governantes desses países, incluindo Portugal, como arma para nos submeterem às vontades do sistema capitalista, e em particular da Alemanha, através de medidas restritivas e que colocam em causa a soberania do nosso País.

O autêntico atentado e medidas criminosas impostas com os cortes nos orçamentos públicos, os quais implicam o completo desmantelamento e privatização dos serviços públicos básicos de saúde, pensões, aumentando de forma vertiginosa a pobreza com o aumento de famílias inteiras no desemprego, as tentativas descaradas de ataque ao serviço público na área da educação, em conjunto com as tentativas e planos de privatização de todo o património nacional que ainda se mantem e permanece público, ajudam a liquidar em definitivo uma das maiores conquistas de Abril, a negociação colectiva, entregando os trabalhadores à arbitrariedade patronal, com todas as facilidades para despedir com custos ridículos,e meios para aplicar uma redução drástica e geral dos salários.

João Carlos Soares
Barreiro, 22 de Dezembro de 2012

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